|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Construção civil reduz ritmo e demite mesmo com ajuda
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Apesar das medidas de auxílio do governo ao setor de construção civil, as incorporadoras
continuam em ritmo de desaceleração e seguem revisando
para baixo seus planos de lançamentos para este ano.
Após divulgar os resultados
referentes ao terceiro trimestre, ontem, a Abyara afirmou
que não lançará novos empreendimentos neste ano. Com
isso, a empresa encerra o ano
com R$ 1,1 bilhão em lançamentos. A expectativa inicial
era de R$ 2,2 bilhões.
"A ordem agora é manter a
cautela e a disciplina financeira", diz a diretora financeira da
empresa, Ana Granato.
A Abyara já começou a implementar um programa de
contenção de gastos que inclui
40% de corte na folha de pagamentos, como medida para enfrentar os efeitos da crise financeira internacional no Brasil. O
número de demissões não foi
informado.
De acordo com Granato, as
ações do governo para estimular o setor, embora bem-vindas,
ainda não tiveram efeito. "Não
que não sejam suficientes, mas
ainda não ocorreram de fato."
Entre as medidas anunciadas, está uma linha de financiamento de capital de giro oferecida pela Caixa Econômica Federal no valor de R$ 3 bilhões
para os empreendimentos lançados antes do dia 1º de outubro. A ajuda, porém, ainda depende de regulamentação para
entrar em operação. A Caixa
também poderá comprar participações em construtoras com
dificuldades de caixa.
A Cyrela e a Agra também
anunciaram revisões significativas em seu "guidance" (projeções) de lançamentos. Em nota,
a Cyrela afirmou que, "em virtude do atual cenário econômico internacional e das incertezas sobre o impacto na economia brasileira, a empresa optou
por postergar parte dos lançamentos previstos para 2008". A
Cyrela previa lançar R$ 7 bilhões em projetos neste ano e
rebaixou para algo entre R$
5,25 bilhões e R$ 5,6 bilhões.
Já a Agra rebaixou de R$ 2,1
bilhões para R$ 1,4 bilhão sua
projeção de lançamentos.
"Muitos consumidores estão
receosos com o que vai acontecer com emprego e crédito.
Precisamos nos ajustar à nova
situação", diz o diretor de relações com investidores da Agra,
Fábio Tsubouchi.
Para o presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação),
João Crestana, as empresas
agora adotam uma atitude de
cautela e devem se tornar mais
seletivas com os projetos. "É
preciso priorizar a liquidez e
garantir capital de giro. Se uma
empresa tinha cinco ou seis
lançamentos previstos, agora
vai escolher dois ou três, aqueles que têm rentabilidade."
Texto Anterior: Governo deve se tornar acionista da Avibrás Próximo Texto: Energia: Ibama ainda não concluiu licença de Jirau Índice
|