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Outro lado
Cada farmácia dá o desconto que quer, afirma associação
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Abrafarma
(Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias),
Sérgio Mena Barreto, reconhece a prática de descontos da ordem de 70% por parte dos laboratórios, mas afirma que eles
não são generalizados. "Os laboratórios dão 70% em alguns
medicamentos e 20% em outros, o que dá 40% na média. E
há farmácia que repassa 40%
no mix de produtos, e outras
que não."
De acordo com o presidente
da Abrafarma, cada farmácia
"tem sua política própria de repasse de descontos".
Por lei, o medicamento genérico tem de custar no mínimo
35% menos que o preço do medicamento de referência, que
também é tabelado pelo governo. Em seu material de publicidade, a Pró-Genéricos, associação que representa os fabricantes, afirma que os genéricos
custam 45% menos que os seus
equivalentes de marca.
Isso significa que as farmácias dão, em média, um desconto de 10% sobre o teto estabelecido pelo governo. "Esse número usado pela Pró-Genéricos
está correto", disse Barreto.
O presidente da Cmed (Câmara de Regulação do Mercado
de Medicamentos), Luiz Milton Velozo Costa, também afirma que os descontos "agressivos" oferecidos pelos laboratórios estão "limitados a algumas
classes terapêuticas". Ele diz
ainda que esses descontos são
repassados pela farmácia ao
consumidor final. "Em algumas farmácias, você consegue
encontrar esses descontos de
70%", afirma.
A reportagem solicitou ao
presidente da Cmed a lista com
os preços efetivamente praticados pelo setor, que são compilados mensalmente pelo governo. Por telefone, o secretário
disse que iria tentar fazer o levantamento com o responsável
pelo banco de dados. Dias depois, por intermédio de sua assessoria de imprensa, a Cmed
informou, por e-mail, que não
poderia fornecer a lista, pois
"os dados de venda de medicamentos das empresas são encaminhados para a Cmed mediante cláusula de sigilo".
Sobre a proposta feita pela
Pró-Genéricos de reduzir ou liberar o teto do preço dos medicamentos, o presidente da
Cmed diz que "não está na pauta". "Quando os preços foram
liberados, em 1992, os medicamentos subiram quase 200%",
argumenta ele. "Conseguimos
estancar isso."
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