São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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Fundos têm US$ 4 bi para fazer compras

da Reportagem Local

O esperado aumento na oferta de empresas brasileiras à venda deverá favorecer especialmente os investidores que já dispõem de recursos, como é o caso dos fundos de "private equity" (formados para comprar empresas ou participações em empresas em um determinado país ou região).
Esses fundos levantaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões com destino certo, o Brasil, calcula José Olympio da Veiga Pereira, do banco de investimentos Donaldson, Lufkin & Jenrette. O banco administra fundos de US$ 3 bilhões internacionalmente.
A opção de vender uma participação para um fundo de "private equity" seria adequada em particular para as empresas que não têm acesso aos mercados internacionais de crédito e não desejam abrir o capital (para obter recursos com o lançamento de ações).
Segundo José Luiz Saicali, sócio da área de finanças corporativas da KPMG, investidores em potencial estão atentos a esse momento. "O raciocínio deles é de que esse é um bom momento para quem tem dinheiro na mão para comprar."
Saicali ressalta que não é certo que todos esss investidores virão comprar. "Alguns ainda enxergam riscos no Brasil, principalmente o da desvalorização cambial. Mas o acordo com o FMI pode eliminar essa barreira."

Barganhar
O consultor Gilberto Dupas, da Grano Ltda. Conjuntura Econômica e Estratégia Empresarial, acha que "hoje, o grande desafio para qualquer grande player internacional interessado no Brasil e no Mercosul é não perder, para um concorrente, o momento certo de entrar nesse mercado".
"Houve um certo alívio, passado o maior impacto da crise. Os negociadores, nessa área, não mudam de direção. Mudam a disposição de barganhar, trabalham com mais cuidado, para ganhar tempo."
Segundo Dupas, na linha de internacionalização do sistema privado, a primeira grande leva de aquisições e associações já aconteceu. Poderá ainda haver avanços no varejo -fora os supermercados- e há espaço para aquisições no setor bancário.
Dupas, como outros estrategistas, concorda que o segmento só tem espaço para dois grandes bancos privados do varejo.
Na petroquímica, o consultor acha inevitável um grande rearranjo, pois a privatização foi feita aos pedaços. "Ou seja, é preciso recompor esse setor, onde são esperados movimentos importantes."


Colaborou Frederico Vasconcelos, da Reportagem Local



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