São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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DEPOIS DO PACOTE
Capital estrangeiro deve se voltar para novas áreas, deixando de privilegiar setor industrial
Comércio e lazer estão na mira das múltis

da Reportagem Local

Comércio varejista e setor de entretenimento e turismo -esses são dois dos segmentos da economia candidatos a serem as novas estrelas do mercado de compra e venda de empresas no Brasil.
Depois de um intenso processo de fusões e aquisições em setores como o de autopeças, de telecomunicações e de alimentos, o interesse dos investidores se volta para novas áreas.
Isso sem descartar os negócios na área de privatização, já que em 1999 devem ser levadas a leilão empresas dos setores de energia e de saneamento básico, afirma José Olympio da Veiga Pereira, diretor do banco de investimentos DLJ.
"Temos recebido muitas consultas de grupos do exterior sobre as possibilidades de negócios nas áreas de turismo e de lazer, inclusive sobre empresas de comunicação. Aposto que haverá um crescimento muito expressivo nos negócios com companhias dessas áreas no próximo ano", afirma Marcelo Gomes, gerente da consultoria Ernst & Young.
Na lista das companhias que despertam interesse internacional constam emissoras de televisão e de rádio, editoras de livros e de revistas e companhias aéreas. Nesses casos, porém, há uma restrição -a legislação brasileira não aceita participação do capital externo nesses setores.
Existe uma grande expectativa de que sejam aprovados pelo Congresso projetos de lei que permitam a entrada de grupos internacionais nesses segmentos -à semelhança do que ocorreu com o setor de informática.
Entre os interessados em investir em redes de televisão, estariam ps grupos Cisneros (Venezuela), Sony (Japão/Estados Unidos) e Televisa (México).
O consultor de empresas Gilberto Dupas considera, por sua vez, que o setor da construção civil pode ser um ponto de atração.
Grandes empresas da área de infra-estrutura estão trazendo seus especialistas, que inicialmente atuam como consultores e gerenciadores, em parceria com as empresas locais (trata-se de um setor ainda marcado por certo estigma, associado à imagem das empreiteiras). "Mas em breve um grande grupo da construção deve vir para cá", prevê Dupas.
Neste ano, grupos estrangeiros do setor de varejo, especialmente europeus, intensificaram suas consultas a consultorias e bancos de investimento sobre as possibilidades de negócios.
O interesse desses grupos pelo Brasil explica-se especialmente pela dificuldade de crescimento nos seus países de origem.
No Brasil, as possibilidades de expansão do consumo são consideradas promissoras.
O número de compras de supermercados e lojas de departamento registradas no Brasil aumentou em relação aos anos anteriores -neste ano, foram feitos 16 negócios nesse segmento, segundo levantamento da Ernst & Young.
Mas considera-se que as possibilidades de negócios são muito mais amplas. No caso das lojas de departamento, a situação financeira precária de várias delas (por causa da inadimplência) abre caminho para muitas negociações.
A Folhaapurou ser grande o número de supermercados de médio porte, em geral controlados e administrados por uma família, que procuram compradores. Muitas dessas empresas começam a enfrentar problemas quando deixam de ter apenas duas ou três lojas.
Uma das maiores redes de supermercados do país tem sido sistematicamente procurada por empresas menores com propostas de venda. (CGF e FV)



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