São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Brasil quer reduzir superávit com a AL

País quer estimular aumento das importações dos países latino-americanos, com maior integração dos blocos regionais

Programa do governo quer estimular esses países a venderem mais para o Brasil e as empresas brasileiras a comprarem mais deles

RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil quer reduzir o superávit comercial que tem em relação aos países da América do Sul -de US$ 11,3 bilhões neste ano até agosto-, estimulando o aumento das compras de produtos dos vizinhos, disse ontem o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho.
As exportações brasileiras para a região cresceram em 12 dos 18 países até o segundo quadrimestre deste ano. Se este ritmo continuar, a expectativa é que o fluxo do comércio com os países latino-maericanos encerre 2007 com cifra recorde de US$ 56 bilhões, ultrapassando o recorde anterior, de US$ 49,8 bilhões, obtido no ano passado.
Para este ano, segundo Ramalho, a balança comercial brasileira deve registrar exportações acima dos US$ 160 bilhões e importações superiores a US$ 110 bilhões -será a primeira vez que as compras vão ficar acima dos US$ 100 bilhões, como já era esperado pelo incremento da produção industrial.
"O crescimento do comércio exterior brasileiro nos últimos anos foi mais acentuado, principalmente com países da América do Sul e Caribe. As importações da região não tiveram o mesmo avanço, e o Brasil passou a ter superávits anuais muito grandes em relação à Venezuela [US$ 4 bilhões], Chile [US$ 3 bilhões] e Argentina [US$ 3 bilhões], por exemplo", disse Ramalho.
Até agosto deste ano, as exportações brasileiras para a América Latina somaram US$ 24,3 bilhões, aumento de 13,9% em relação a 2006 (US$ 21,3 bilhões). Já as vendas externas globais cresceram 15,9%. Com o resultado, a região teve participação de 23,7%, menor que a do mesmo período em 2006 (24,1%). As importações do Brasil foram 26,7% maiores, passando de US$ 10,3 bilhões para US$ 13 bilhões, e a América Latina respondeu por 17,3% das compras externas globais, contra 17,5% em 2006.

"Desequilíbrio"
"A idéia é que as exportações possam continuar crescendo, mas neste ano as importações globais estão avançando mais. No caso dos países latinos, queremos que as compras externas também aumentem. O ideal é que as importações cresçam no mesmo nível das exportações ou até um pouco mais para corrigir o desequilíbrio", disse Ramalho, durante o 1º Encontro de Instituições de Promoção de Comércio e Investimento da América Latina e Caribe, no Rio.
O secretário-executivo informou que o governo tem procurado fazer, na maioria dos países, no âmbito das comissões bilaterais, um trabalho de inteligência comercial, de monitoramento e cruzamento de dados, para verificar o que produzem e o que podem exportar para o Brasil. Os produtos, segundo Ramalho, podem ser incluídos em processos de negociação internacional para reduções tarifárias, além de serem apresentados em missões comerciais em visita ao país.
Na América do Sul, o Brasil tem superávit comercial em relação a todos os países, exceto Bolívia, devido à grande importação de gás natural.
O Programa de Substituição Competitiva das Importações quer estimular esses países a venderem mais para o Brasil e as empresas brasileiras para que também comprem mais. Para isso, é preciso que os vizinhos aumentem a eficiência de seus parques produtivos. O Brasil tem comissões bilaterais de monitoramento com Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile, Equador e Peru.
"Também queremos incentivar a integração de cadeias produtivas e a produção de bens e serviços, com mais financiamentos e ampliação das negociações comerciais entre os nossos blocos para reduzir as barreiras tributárias", disse Ramalho.


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