São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsa encerra semana tensa com queda de 4,87%

Aumento da inflação nos EUA desagrada aos investidores

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O último pregão da semana não começou bem, com os investidores decepcionados com o resultado da inflação ao consumidor norte-americano, que veio acima do esperado. Para o mercado brasileiro, o dia foi de perdas para a Bovespa e elevação do dólar.
Na semana, a Bolsa de Valores de São Paulo sofreu desvalorização de 4,87% -sendo 0,66% apenas no pregão de ontem. O dólar fechou ontem a R$ 1,797, após apreciar-se em 2,04% durante a semana.
A inesperada elevação dos índices de preços ao produtor e ao consumidor americano tirou o ânimo dos mercados, pois sinalizou que pode ser mais difícil haver continuidade no processo de corte da taxa básica de juros dos EUA, que foi reduzida de 4,5% para 4,25% anuais.
Em Wall Street, o mau humor fez o Dow Jones recuar 1,32%. A Nasdaq caiu 1,23%.
A ação do Citigroup esteve entre as mais negociadas em Nova York ontem e, após operar em alta durante boa parte do pregão, fechou em queda de 1%. De positivo, houve uma melhora de avaliação da dívida do banco feita pelo Goldman Sachs. Mas também houve comentários negativos por parte da agência Moody's, que afirmou que o Citigroup pode ter de ser obrigado a suspender o pagamento de dividendos.
Apesar do ligeiro alívio proporcionado pelo pacote conjunto de socorro anunciado na quarta-feira por bancos centrais, como o americano e o europeu, os investidores internacionais mantêm-se temerosos em relação ao desenrolar da crise do setor de crédito imobiliário dos EUA, que passou a incomodar o mercado global em meados de julho.
Na Europa, os pregões foram moderadamente positivos, com alta de 0,52% na Bolsa de Londres e de 0,26% em Paris.
"A economia americana segue ditando o ritmo das Bolsas no mundo. Neste momento, o mercado segue digerindo o plano do Fed e de outros quatro bancos centrais ao redor do mundo para injetar liquidez nos mercados monetários globais", afirma Oscar Rudge, gestor de renda variável da Paraty Investimentos.
Para a Bovespa, além do cenário externo mais arisco, houve a queda da CPMF nesta semana, que representou pesada perda de receita para o governo. Isso elevou o mal-estar e empurrou os mercados ainda mais para baixo.
Das 63 ações que compõem o índice Ibovespa, apenas 8 conseguiram terminar a semana em terreno positivo. Pesadas quedas afetaram vários papéis, com 8 dos que formam o Ibovespa encerrando o período com baixa superior a 10%.
A ação ON (ordinária) das Lojas Renner liderou as perdas na Bolsa, com recuo de 18,24%. Outros destaques de baixa foram TAM PN, que recuou 12,46%, Vivo PN (-11,46%) e Net PN (-11,40%).
No pregão da BM&F, as taxas projetadas nos contratos DI recuaram ontem, mas terminaram em níveis mais elevados que os registrados na semana passada. No contrato DI que vence daqui a um ano, a taxa subiu de 11,65% para 11,95% na semana. No contrato mais negociado, que tem resgate programado para daqui a 24 meses, a taxa foi de 12,33% para 12,64% anuais no período.
As taxas de juros futuras passaram a ser mais pressionadas após o Copom divulgar a ata de sua última reunião. Os investidores entenderam que o documento se mostrou muito cauteloso em relação ao aquecimento econômico e à inflação futura, fazendo com que muitos passassem a discutir a possibilidade de a taxa básica Selic voltar a ser elevada.


Texto Anterior: Apoio: Bird promete aumentar ajuda a mais pobres
Próximo Texto: Vaivém das commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.