São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2007

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Falta responsabilidade ambiental a instituições bancárias, diz estudo

Levantamento mostra que há distância entre discurso e prática dos bancos

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bank Track, instituição que monitora as políticas de crédito das principais instituições financeiras do mundo, vai divulgar na próxima quarta-feira um balanço feito com 45 bancos estrangeiros, incluindo três brasileiros, Banco do Brasil, Itaú e Bradesco. O resultado: a maior parte está longe de ser socialmente responsável.
O relatório mostra a distância entre o discurso e a prática dessas instituições. Segundo os técnicos do Bank Track, boa parte dessas instituições está disposta a colocar em vigor políticas que restrinjam a concessão de créditos a empresas que prejudiquem o meio ambiente, mas elas ainda não sabem como implementá-las.
É o que diz o economista Gustavo Pimentel, gerente da Amigos da Terra e representante do Bank Track no Brasil. "Muitos bancos assinaram acordos internacionais de variados tipos, mas não definiram políticas específicas."
Para a análise, o Bank Track dividiu a atuação dos bancos em sete áreas: agricultura, hidrelétricas, pesca, florestas, mineração, comércio de armas, petróleo e gás.
As notas variam de zero a quatro. Zero significa que a instituição não possui políticas específicas ou mantém regras difusas. Quatro indica que existem mecanismos que garantem a transparência não apenas às empresas que pedem recursos emprestados, mas para a população que sofrerá os impactos dos empreendimentos.
No início desse ano, um pedido de financiamento milionário no Amapá foi negado porque as chances de desastres naturais eram grandes.
Apesar disso, no Brasil e na maior parte dos países, os bancos não adotam a total transparência divulgando, por exemplo, o motivo que os levam a negar financiamentos a determinadas empresas. "Os bancos se escondem atrás do sigilo comercial," afirma Pimentel.
Recentemente, a Folha divulgou que o HSBC, um dos mais rigorosos na concessão de créditos, liberou recursos à empresa Pagrisa Pastoril. Voltada à produção de cana-de-açúcar e álcool no Pará, a Pagrisa foi autuada pelo Ministério do Trabalho por manter 1.108 funcionários em condição análoga a de escravos. O banco alegou sigilo comercial e não comentou o caso.
Evidentemente, isso não significa que o HSBC não tenha uma política definida de gestão de risco. De acordo com relatório do Bank Track, o banco obteve nota máxima na avaliação de projetos para construção de usinas hidrelétricas. Entre os projetos de mineração e florestais, ele atingiu nota 3.
A surpresa do relatório foi o Banco do Brasil, única instituição brasileira a pontuar em todos os quesitos. Bradesco e Itaú obtiveram a mesma nota em praticamente todas as áreas de crédito, com exceção de "florestas" -em que ambos não pontuaram.


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