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Falta responsabilidade ambiental a instituições bancárias, diz estudo
Levantamento mostra que há distância entre discurso e prática dos bancos
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O Bank Track, instituição
que monitora as políticas de
crédito das principais instituições financeiras do mundo, vai
divulgar na próxima quarta-feira um balanço feito com 45
bancos estrangeiros, incluindo
três brasileiros, Banco do Brasil, Itaú e Bradesco. O resultado: a maior parte está longe de
ser socialmente responsável.
O relatório mostra a distância entre o discurso e a prática
dessas instituições. Segundo os
técnicos do Bank Track, boa
parte dessas instituições está
disposta a colocar em vigor políticas que restrinjam a concessão de créditos a empresas que
prejudiquem o meio ambiente,
mas elas ainda não sabem como
implementá-las.
É o que diz o economista
Gustavo Pimentel, gerente da
Amigos da Terra e representante do Bank Track no Brasil.
"Muitos bancos assinaram
acordos internacionais de variados tipos, mas não definiram
políticas específicas."
Para a análise, o Bank Track
dividiu a atuação dos bancos
em sete áreas: agricultura, hidrelétricas, pesca, florestas, mineração, comércio de armas,
petróleo e gás.
As notas variam de zero a
quatro. Zero significa que a instituição não possui políticas específicas ou mantém regras difusas. Quatro indica que existem mecanismos que garantem
a transparência não apenas às
empresas que pedem recursos
emprestados, mas para a população que sofrerá os impactos
dos empreendimentos.
No início desse ano, um pedido de financiamento milionário no Amapá foi negado porque as chances de desastres naturais eram grandes.
Apesar disso, no Brasil e na
maior parte dos países, os bancos não adotam a total transparência divulgando, por exemplo, o motivo que os levam a negar financiamentos a determinadas empresas. "Os bancos se
escondem atrás do sigilo comercial," afirma Pimentel.
Recentemente, a Folha divulgou que o HSBC, um dos
mais rigorosos na concessão de
créditos, liberou recursos à
empresa Pagrisa Pastoril. Voltada à produção de cana-de-açúcar e álcool no Pará, a Pagrisa foi autuada pelo Ministério
do Trabalho por manter 1.108
funcionários em condição análoga a de escravos. O banco alegou sigilo comercial e não comentou o caso.
Evidentemente, isso não significa que o HSBC não tenha
uma política definida de gestão
de risco. De acordo com relatório do Bank Track, o banco obteve nota máxima na avaliação
de projetos para construção de
usinas hidrelétricas. Entre os
projetos de mineração e florestais, ele atingiu nota 3.
A surpresa do relatório foi o
Banco do Brasil, única instituição brasileira a pontuar em todos os quesitos. Bradesco e
Itaú obtiveram a mesma nota
em praticamente todas as áreas
de crédito, com exceção de
"florestas" -em que ambos
não pontuaram.
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