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IPI menor impulsiona vendas de carros
Visitas a concessionárias e feirões crescem 30% no primeiro final de semana após a redução do imposto
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Eram apenas 11 horas da manhã do sábado, mas os funcionários da concessionária Itavema da avenida Rudge, em São
Paulo, já comemoravam: em
duas horas, tinham vendido nada menos do que seis carros.
"Nosso movimento nos finais de semana costuma ser
maior depois do almoço, mas
abri a loja com clientes na porta", afirma Ana Maria Junqueira, gerente da Itavema, de bandeira Fiat. "A freqüência começou a aumentar na sexta, com a
notícia da redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], e muitos voltaram
para fechar negócio."
Alguns funcionários passaram a madrugada de sábado
trabalhando com a Fiat para refaturar os carros. Comprados
antes da redução do imposto,
eles tiveram as notas fiscais
canceladas e reemitidas com
novos preços.
O Uno Mille na versão básica,
por exemplo, tinha ido de R$ 23
mil para R$ 21,7 mi. O esforço
da hora extra noturna foi feito
para não perder tempo na hora
em que o cliente entrasse na loja, atraído pela redução do IPI.
Muitos consumidores atenderam ao chamado. No Feirão
de Fábrica da GM, o movimento aumentou cerca de 30% em
relação aos feirões realizados
nos quatro finais de semana anteriores. A expectativa era de
um conseqüente aumento de
vendas da ordem de 25% a 30%.
"É nossa responsabilidade
como montadora trazer consumidor de volta", diz Rodrigo
Rumi, gerente de vendas da
GM. "Queremos fazer com que
ele volte a adquirir confiança."
Na concessionária Anhembi
Brás Leme, também GM, o gerente Flávio Cavalheiro garantia a seu chefe, por telefone, que
acompanharia pessoalmente as
negociações finais de vendas
dos zero-quilômetro. "A expectativa é grande", diz Cavalheiro.
"Talvez as vendas não voltem
aos níveis pré-crise, mas esperamos que o consumidor não
deixe passar a oportunidade."
Se não conseguissem aproveitar as novas condições, os
consumidores passavam nas
lojas para, pelo menos, dar uma
olhadinha. Foi o caso da advogada Cláudia Salomão, 25.
"Vim trazer meu carro para a
revisão e aproveitei para ver se,
eventualmente, valeria a pena
fazer uma troca", diz Cláudia.
Dona de um Volkswagen, ela
pensava em comprar um Corsa,
da Chevrolet, para reduzir gastos com seguro e manutenção.
"Nesta época de ameaça de crise, qualquer redução de custos
no orçamento é importante",
afirma Cláudia. "Sou profissional liberal e, se o cenário econômico ruim afetar meus clientes,
certamente chegará a mim."
Cláudia também aproveitava
para pesquisar o preço de outro
carro para o irmão, engenheiro
eletricista. "A redução do imposto no salário também ajuda
na melhoria da renda", diz ela.
"Com menos impostos, dá para
consumir mais."
Era esse o raciocínio da família Quina, que visitava a concessionária Volkswagen Sorana. O
pai, Roberto, pensava em comprar um carro usado para o filho Ronaldo. Mas, se a redução
de preços valesse a pena, trocaria também seu carro. Ou seja:
em vez de um, poderia colocar
dois carros novos na garagem.
Com pai e filho, a mulher, Luzinete, e as gêmeas Fernanda e
Rafaela, 5, completavam o giro
pelas concessionárias. Na Sorana, maquiadores colocavam
flores e borboletas nos rostos
das meninas e um Papai Noel
de pernas de pau tentava atrair
os clientes até pouco tempo
atrás ariscos. "Em outubro e
novembro as vendas caíram
55%", diz Renato Silva, gerente
da Ford Highway Casa Verde.
"Como aconteceu em 98, a queda no IPI vai ajudar. Quem não
gosta de pagar menos?"
Na rede Ford, o Fiesta saía de
R$ 32,9 mil para R$ 30,5 mil. A
montadora diz ter aplicado a
redução de IPI sobre o preço de
carros em promoção.
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