São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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IPI menor impulsiona vendas de carros

Visitas a concessionárias e feirões crescem 30% no primeiro final de semana após a redução do imposto

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eram apenas 11 horas da manhã do sábado, mas os funcionários da concessionária Itavema da avenida Rudge, em São Paulo, já comemoravam: em duas horas, tinham vendido nada menos do que seis carros.
"Nosso movimento nos finais de semana costuma ser maior depois do almoço, mas abri a loja com clientes na porta", afirma Ana Maria Junqueira, gerente da Itavema, de bandeira Fiat. "A freqüência começou a aumentar na sexta, com a notícia da redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], e muitos voltaram para fechar negócio."
Alguns funcionários passaram a madrugada de sábado trabalhando com a Fiat para refaturar os carros. Comprados antes da redução do imposto, eles tiveram as notas fiscais canceladas e reemitidas com novos preços.
O Uno Mille na versão básica, por exemplo, tinha ido de R$ 23 mil para R$ 21,7 mi. O esforço da hora extra noturna foi feito para não perder tempo na hora em que o cliente entrasse na loja, atraído pela redução do IPI.
Muitos consumidores atenderam ao chamado. No Feirão de Fábrica da GM, o movimento aumentou cerca de 30% em relação aos feirões realizados nos quatro finais de semana anteriores. A expectativa era de um conseqüente aumento de vendas da ordem de 25% a 30%.
"É nossa responsabilidade como montadora trazer consumidor de volta", diz Rodrigo Rumi, gerente de vendas da GM. "Queremos fazer com que ele volte a adquirir confiança."
Na concessionária Anhembi Brás Leme, também GM, o gerente Flávio Cavalheiro garantia a seu chefe, por telefone, que acompanharia pessoalmente as negociações finais de vendas dos zero-quilômetro. "A expectativa é grande", diz Cavalheiro. "Talvez as vendas não voltem aos níveis pré-crise, mas esperamos que o consumidor não deixe passar a oportunidade."
Se não conseguissem aproveitar as novas condições, os consumidores passavam nas lojas para, pelo menos, dar uma olhadinha. Foi o caso da advogada Cláudia Salomão, 25.
"Vim trazer meu carro para a revisão e aproveitei para ver se, eventualmente, valeria a pena fazer uma troca", diz Cláudia.
Dona de um Volkswagen, ela pensava em comprar um Corsa, da Chevrolet, para reduzir gastos com seguro e manutenção. "Nesta época de ameaça de crise, qualquer redução de custos no orçamento é importante", afirma Cláudia. "Sou profissional liberal e, se o cenário econômico ruim afetar meus clientes, certamente chegará a mim."
Cláudia também aproveitava para pesquisar o preço de outro carro para o irmão, engenheiro eletricista. "A redução do imposto no salário também ajuda na melhoria da renda", diz ela. "Com menos impostos, dá para consumir mais."
Era esse o raciocínio da família Quina, que visitava a concessionária Volkswagen Sorana. O pai, Roberto, pensava em comprar um carro usado para o filho Ronaldo. Mas, se a redução de preços valesse a pena, trocaria também seu carro. Ou seja: em vez de um, poderia colocar dois carros novos na garagem.
Com pai e filho, a mulher, Luzinete, e as gêmeas Fernanda e Rafaela, 5, completavam o giro pelas concessionárias. Na Sorana, maquiadores colocavam flores e borboletas nos rostos das meninas e um Papai Noel de pernas de pau tentava atrair os clientes até pouco tempo atrás ariscos. "Em outubro e novembro as vendas caíram 55%", diz Renato Silva, gerente da Ford Highway Casa Verde. "Como aconteceu em 98, a queda no IPI vai ajudar. Quem não gosta de pagar menos?"
Na rede Ford, o Fiesta saía de R$ 32,9 mil para R$ 30,5 mil. A montadora diz ter aplicado a redução de IPI sobre o preço de carros em promoção.


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