São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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Fraude nos EUA coloca investidores em alerta

Bancos e fundos anunciam risco de prejuízos bilionários pelo mundo

Esquema comandado pelo ex-presidente da Nasdaq pode gerar um rombo de US$ 50 bilhões e põe em xeque fiscalização nos EUA

DA REDAÇÃO

O esquema fraudulento do qual é acusado o gestor de fundos Bernard Madoff, ex-presidente da Bolsa eletrônica Nasdaq, colocou instituições financeiras pelo mundo em alerta.
Ontem, o banco espanhol Santander anunciou que o seu fundo especulativo Optimal tem uma exposição de 2,33 bilhões (cerca de R$ 7,44 bilhões) ao esquema, que pode se reverter em prejuízo total.
O banco francês BNP Paribas avalia que pode perder 350 milhões (R$ 1,12 bilhão) com a fraude. A gestora de fortunas M&B Capital Advisor, dirigida pelo filho de Emilio Botín, presidente do Santander, teria uma exposição de algumas centenas de milhões de dólares.
Considerado figura lendária em Wall Street, Madoff, 70, foi preso na quinta-feira, em Nova York, pelo FBI (a Polícia Federal americana). Fundador, em 1960, do Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, um "hedge fund" (categoria de investimentos mais arriscados), é acusado pela Justiça americana de ter gerado US$ 50 bilhões em perdas fraudulentas por vários anos. Ele reconheceu que operava um esquema conhecido como Ponzi -um tipo de pirâmide financeira, na qual se prometem retornos muito altos a investidores iniciais, que são remunerados com o dinheiro de quem adere ao esquema posteriormente.
Segundo o BNP Paribas,o banco não aplicou diretamente em fundos de Madoff, mas está exposto por meio de "suas atividades de mercado" e de empréstimos concedidos a fundos que aplicam nos "hedge funds" de Madoff. "Se o valor dos ativos se reduzir a zero, a perda do BNP Paribas pode alcançar os 350 milhões", afirma o BNP Paribas em nota.
Entre os clientes de Madoff, aparecem grandes bancos internacionais e empresas que administram grandes fortunas.
O Neue Privat Bank, de Zurique, afirmou ontem que seus clientes devem perder US$ 5 milhões com a fraude. Os banqueiros suíços, tradicionais especialistas na administração de grandes fortunas, poderiam perder até US$ 5 bilhões, segundo estimativas do mercado.
O ex-presidente da Nasdaq foi posto em liberdade após pagar US$ 10 milhões de fiança, usando como garantia um apartamento em Manhattan.
As falhas na fiscalização do fundo colocaram em xeque a capacidade da SEC (Securities and Exchange Commission), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) dos EUA, de evitar esse tipo de fraude. E representa mais uma mancha no sistema regulatório americano, já alvo de críticas por causa da crise gerada pelo "subprime" (hipotecas de alto risco).

Com agências internacionais


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