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Fraude nos EUA coloca investidores em alerta
Bancos e fundos anunciam risco de prejuízos bilionários pelo mundo
Esquema comandado pelo ex-presidente da Nasdaq pode gerar um rombo de US$ 50 bilhões e põe em xeque fiscalização nos EUA
DA REDAÇÃO
O esquema fraudulento do
qual é acusado o gestor de fundos Bernard Madoff, ex-presidente da Bolsa eletrônica Nasdaq, colocou instituições financeiras pelo mundo em alerta.
Ontem, o banco espanhol
Santander anunciou que o seu
fundo especulativo Optimal
tem uma exposição de 2,33
bilhões (cerca de R$ 7,44 bilhões) ao esquema, que pode se
reverter em prejuízo total.
O banco francês BNP Paribas
avalia que pode perder 350
milhões (R$ 1,12 bilhão) com a
fraude. A gestora de fortunas
M&B Capital Advisor, dirigida
pelo filho de Emilio Botín, presidente do Santander, teria
uma exposição de algumas centenas de milhões de dólares.
Considerado figura lendária
em Wall Street, Madoff, 70, foi
preso na quinta-feira, em Nova
York, pelo FBI (a Polícia Federal americana). Fundador, em
1960, do Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, um
"hedge fund" (categoria de investimentos mais arriscados), é
acusado pela Justiça americana de ter gerado US$ 50 bilhões
em perdas fraudulentas por vários anos. Ele reconheceu que
operava um esquema conhecido como Ponzi -um tipo de pirâmide financeira, na qual se
prometem retornos muito altos a investidores iniciais, que
são remunerados com o dinheiro de quem adere ao esquema posteriormente.
Segundo o BNP Paribas,o
banco não aplicou diretamente
em fundos de Madoff, mas está
exposto por meio de "suas atividades de mercado" e de empréstimos concedidos a fundos
que aplicam nos "hedge funds"
de Madoff. "Se o valor dos ativos se reduzir a zero, a perda do
BNP Paribas pode alcançar os
350 milhões", afirma o BNP
Paribas em nota.
Entre os clientes de Madoff,
aparecem grandes bancos internacionais e empresas que
administram grandes fortunas.
O Neue Privat Bank, de Zurique, afirmou ontem que seus
clientes devem perder US$ 5
milhões com a fraude. Os banqueiros suíços, tradicionais especialistas na administração de
grandes fortunas, poderiam
perder até US$ 5 bilhões, segundo estimativas do mercado.
O ex-presidente da Nasdaq
foi posto em liberdade após pagar US$ 10 milhões de fiança,
usando como garantia um
apartamento em Manhattan.
As falhas na fiscalização do
fundo colocaram em xeque a
capacidade da SEC (Securities
and Exchange Commission), a
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) dos EUA, de evitar
esse tipo de fraude. E representa mais uma mancha no sistema regulatório americano, já
alvo de críticas por causa da crise gerada pelo "subprime" (hipotecas de alto risco).
Com agências internacionais
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