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São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

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COMBUSTÍVEIS

Redução de teor de 25% para 20%, prevista para fevereiro, visa evitar falta de álcool; reajuste é esperado

Gasolina terá menos álcool e preço maior

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O preço da gasolina poderá aumentar em 1º de fevereiro entre 1% e 2%. O reajuste deverá acontecer porque o governo pretende reduzir, de 25% para 20%, a quantidade de álcool misturada à gasolina. Como o álcool é mais barato que a gasolina, há tendência de aumento de preço.
A decisão foi anunciada ontem pelo ministro Roberto Rodrigues (Agricultura). Pela regulamentação atual, o percentual de álcool misturado à gasolina pode variar de 20% a 25%, com um ponto percentual de margem de erro.
O ministro disse que a queda do dólar poderia compensar a alta provocada pela redução da mistura do álcool. Terça-feira, no entanto, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, já havia dito que a valorização do real não teria efeito no preço dos combustíveis porque o preço do barril de petróleo estava subindo.
Apesar de o Ministério da Agricultura já ter tomado a decisão, ainda serão ouvidos os ministérios de Minas e Energia, da Fazenda e do Desenvolvimento.
O governo decidiu reduzir a quantidade de álcool na gasolina porque teme que falte álcool no mercado. "Foi detectado um crescimento da demanda de álcool acima do que se esperava", disse Rodrigues. Segundo ele, poderiam faltar cerca de 400 milhões de litros de álcool a partir de abril.
Com a redução do percentual de álcool na gasolina, deverão deixar de ser consumidos cerca de 260 milhões de litros de álcool anidro (misturado à gasolina) até o fim de abril. Assim, esse combustível poderá ser usado na forma de álcool hidratado, que é usado diretamente nos automóveis.
Rodrigues disse que os usineiros se comprometeram a antecipar de maio para março ou abril a safra de cana-de-açúcar nas regiões Centro-Oeste e Sul. Com a medida, seriam produzidos 600 milhões de litros de álcool até o final de abril.
Além disso, os produtores de cana se comprometeram a aumentar a produção de álcool na próxima safra em 1,1 bilhão de litros -passando de 11,1 bilhões de litros para 12,6 bilhões de litros.
Segundo Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), havia uma expectativa de redução de demanda de álcool hidratado de 600 milhões de litros, por causa do sucateamento de cerca de 10% frota de carros a álcool, que é de cerca de 3 milhões de veículos.
Essa expectativa não se concretizou. "Houve nova demanda de álcool hidratado. Existe um uso não detectado oficialmente de álcool hidratado, que é conhecido no mercado como rabo-de-galo [mistura irregular de álcool com gasolina, feita no posto"", disse.
Lula, que na campanha eleitoral defendeu a retomada do Proálcool, recebeu o apoio de usineiros. Em 2000, usineiros paulistas também apoiaram candidatos a prefeitos pelo PT afinados com a defesa do Proálcool: 24 dos 38 prefeitos eleitos pelo partido estavam em municípios canavieiros, entre os quais o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), ex-prefeito de Ribeirão Preto.

Açúcar
As medidas têm o objetivo de evitar a falta de álcool combustível. Quando os usineiros colhem a cana, há a opção de produzir álcool ou açúcar. A decisão depende dos preços de cada produto.
Produzindo mais álcool na próxima safra, haverá redução na produção de açúcar. Isso poderia levar ao aumento do preço do açúcar. Rodrigues avalia, no entanto, que isso não deve significar aumento de preço. "O açúcar já subiu o que tinha que subir."


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