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COMBUSTÍVEIS
Redução de teor de 25% para 20%, prevista para fevereiro, visa evitar falta de álcool; reajuste é esperado
Gasolina terá menos álcool e preço maior
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O preço da gasolina poderá aumentar em 1º de fevereiro entre
1% e 2%. O reajuste deverá acontecer porque o governo pretende
reduzir, de 25% para 20%, a quantidade de álcool misturada à gasolina. Como o álcool é mais barato
que a gasolina, há tendência de
aumento de preço.
A decisão foi anunciada ontem
pelo ministro Roberto Rodrigues
(Agricultura). Pela regulamentação atual, o percentual de álcool
misturado à gasolina pode variar
de 20% a 25%, com um ponto
percentual de margem de erro.
O ministro disse que a queda do
dólar poderia compensar a alta
provocada pela redução da mistura do álcool. Terça-feira, no entanto, o presidente da Petrobras,
José Eduardo Dutra, já havia dito
que a valorização do real não teria
efeito no preço dos combustíveis
porque o preço do barril de petróleo estava subindo.
Apesar de o Ministério da Agricultura já ter tomado a decisão,
ainda serão ouvidos os ministérios de Minas e Energia, da Fazenda e do Desenvolvimento.
O governo decidiu reduzir a
quantidade de álcool na gasolina
porque teme que falte álcool no
mercado. "Foi detectado um crescimento da demanda de álcool
acima do que se esperava", disse
Rodrigues. Segundo ele, poderiam faltar cerca de 400 milhões
de litros de álcool a partir de abril.
Com a redução do percentual
de álcool na gasolina, deverão deixar de ser consumidos cerca de
260 milhões de litros de álcool
anidro (misturado à gasolina) até
o fim de abril. Assim, esse combustível poderá ser usado na forma de álcool hidratado, que é usado diretamente nos automóveis.
Rodrigues disse que os usineiros se comprometeram a antecipar de maio para março ou abril a
safra de cana-de-açúcar nas regiões Centro-Oeste e Sul. Com a
medida, seriam produzidos 600
milhões de litros de álcool até o final de abril.
Além disso, os produtores de
cana se comprometeram a aumentar a produção de álcool na
próxima safra em 1,1 bilhão de litros -passando de 11,1 bilhões de
litros para 12,6 bilhões de litros.
Segundo Eduardo Pereira de
Carvalho, presidente da Unica
(União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), havia uma
expectativa de redução de demanda de álcool hidratado de 600
milhões de litros, por causa do sucateamento de cerca de 10% frota
de carros a álcool, que é de cerca
de 3 milhões de veículos.
Essa expectativa não se concretizou. "Houve nova demanda de
álcool hidratado. Existe um uso
não detectado oficialmente de álcool hidratado, que é conhecido
no mercado como rabo-de-galo
[mistura irregular de álcool com
gasolina, feita no posto"", disse.
Lula, que na campanha eleitoral
defendeu a retomada do Proálcool, recebeu o apoio de usineiros. Em 2000, usineiros paulistas
também apoiaram candidatos a
prefeitos pelo PT afinados com a
defesa do Proálcool: 24 dos 38
prefeitos eleitos pelo partido estavam em municípios canavieiros,
entre os quais o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda), ex-prefeito de Ribeirão Preto.
Açúcar
As medidas têm o objetivo de
evitar a falta de álcool combustível. Quando os usineiros colhem a
cana, há a opção de produzir álcool ou açúcar. A decisão depende dos preços de cada produto.
Produzindo mais álcool na próxima safra, haverá redução na
produção de açúcar. Isso poderia
levar ao aumento do preço do
açúcar. Rodrigues avalia, no entanto, que isso não deve significar
aumento de preço. "O açúcar já
subiu o que tinha que subir."
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