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BNDES
Alvo é fim do desentendimento
Lessa não terá reunião sem presença de Furlan
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, afirmou ontem à Folha que
sempre que for falar com alguma
instância superior do governo, seja um ministro ou o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Desenvolvimento, Luiz
Fernando Furlan, terá que estar
presente.
Segundo Lessa, Furlan só não
estará presente se não for ele
quem tomar a iniciativa do encontro e sim o presidente Lula ou
outro ministro. "Eu não vou promover nenhum entendimento de
minha própria iniciativa sem antes avisar o ministro", afirmou.
Foi esse um dos pontos acertados entre ele e Furlan para acabar
com os desentendimentos ocorridos entre os dois nos primeiros
dias do governo. Ao mesmo tempo, Lessa terá total liberdade para
cuidar da administração do banco. "Por definição, essa foi uma
das minhas exigências para aceitar o convite para presidir o
BNDES", afirmou.
Na conversa entre os dois, Furlan, que preside o conselho de administração do BNDES, também
pediu a Lessa que o conselho passasse a ter uma presença mais ativa dentro do banco. Para isso, será criada uma secretaria de apoio
ao conselho cujo titular será indicado por Furlan.
Lessa reconheceu que, nos primeiros dias de governo, ocorreram desentendimentos entre ele e
Furlan. "Houve uma cacofonia
entre a gente, mas conversando as
coisas se esclareceram", disse o
presidente do BNDES.
Lessa atribui essa "cacofonia"
ao fato de os dois não se conhecerem. "Eu sou um professor, e ele,
um empresário bem sucedido, e
não nos conhecíamos, por isso
houve essa relação de estranhamento", disse Lessa.
O presidente do BNDES afirmou também que, nas conversas
que teve com Furlan, o ministro
nunca cogitou a possibilidade de
divisão do banco em dois. Uma
parte cuidaria do banco de fomento e outra da exportação. De
qualquer forma, a Folha apurou
que Furlan desistiu da idéia, depois do entendimento acertado
com Lessa.
O presidente do BNDES concordou, no entanto, em desenvolver iniciativas dentro do banco
para incentivar as exportações de
pequenas e médias empresas,
idéia defendida por Furlan. Segundo Lessa, o ministro acha que
há um grande potencial exportador por parte delas. Lessa tem dúvidas nessa estratégia. "Não sei se
isso é tão verdadeiro, exportar é
muito complexo, mas é uma bela
aposta", afirmou.
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