São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2007

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País manterá o resgate antecipado da dívida externa

Tesouro resgatou US$ 6 bi em 2006 usando reservas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao longo de 2006, o Tesouro Nacional resgatou antecipadamente US$ 6,1 bilhões em títulos da dívida externa brasileira que venceriam entre 2007 e 2012. De acordo com o Tesouro, isso vai permitir ao governo economizar US$ 2,5 bilhões em juros ao longo desse período.
Para efetuar essa recompra, foram gastos US$ 7,1 bilhões, pois o Tesouro precisou arcar com o ágio que incide sobre os títulos brasileiros negociados no exterior. O dinheiro usado nessas operações sai das reservas internacionais, hoje em cerca de US$ 88 bilhões, nível mais alto da história.
O total comprado representa pouco mais de um terço dos cerca de US$ 17 bilhões em títulos brasileiros com vencimento até 2012 que eram negociados no mercado internacional até o começo do ano passado.
Neste ano, o Tesouro pretende continuar a pagar antecipadamente parte da dívida brasileira, mas não irá adotar nenhuma restrição em relação a seus prazos: papéis com qualquer vencimento poderão ser recomprados. Ao todo, existem cerca de US$ 49 bilhões em bônus emitidos pelo governo em circulação no mundo.
Em nota divulgada ontem, o Tesouro informa que, ao decidir dar continuidade ao programa de recompras, levou em consideração a avaliação positiva que agências de classificação de risco têm feito em relação a esse tipo de iniciativa.
O texto destaca que, em 3 de janeiro de 2006, o risco-país do Brasil -que é inversamente proporcional às cotações dos títulos brasileiros negociados no exterior- estava em 302 pontos e no último dia 3 havia recuado para 188 pontos.
Também contribuiu para a melhora desse indicador o resgate dos chamados "bradies", títulos emitidos por vários países emergentes -incluindo o Brasil- depois da renegociação da dívida externa iniciada com moratórias nos anos 1980.
Por terem sido emitidos depois de uma renegociação forçada da dívida, os "bradies" tinham valorização limitada e impediam uma queda maior do risco-país. No ano passado, o governo gastou US$ 6,5 bilhões para resgatar esses papéis, que haviam sido emitidos em 1994 e só venceriam em 2024.
Reduzir a dívida externa significa economizar nas remessas de juros para o exterior. Existe, porém, um custo: para comprar os dólares usados no resgate da dívida externa, o governo precisa pegar empréstimos em reais, e esses empréstimos são corrigidos pela taxa Selic, hoje em 13,25% ao ano -mais caro que o custo da dívida externa.


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