São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Estrangeiros resgatam bancos dos EUA

Merrill Lynch e Citi recebem injeção de capital de US$ 21 bi; maior parte vem de fundos de governos estrangeiros

Príncipe saudita, grupo japonês e fundos de governos de Kuait, Cingapura e Coréia do Sul estão entre investidores

DO "NEW YORK TIMES"
DA REDAÇÃO

O Citigroup e o Merrill Lynch anunciaram ontem que receberam mais US$ 21 bilhões em investimentos, em uma tentativa de recuperar suas finanças abaladas pelas perdas com títulos do mercado hipotecário "subprime" (de alto risco). A maior parte do dinheiro virá de fundos de governos de países como Kuait e Cingapura.
Países e investidores asiáticos e do Oriente Médio, com dinheiro em caixa por causa de seus altos saldos comerciais e preço elevado do petróleo, vêm comprando participações cada vez maiores de bancos americanos e europeus em dificuldades.
O Citigroup obteve US$ 12,5 bilhões em capital por meio da venda de debêntures a diversos grandes investidores, entre os quais dois fundos de governos estrangeiros com amplas reservas de caixa. Além disso, oferecerá no mercado cerca de US$ 2 bilhões em títulos de dívida de novas emissões.
O principal investidor no Citigroup será um dos fundos soberanos (fundos de investimento de governos) de Cingapura, o GIC, que irá injetar US$ 6,68 bilhões no banco americano. O mesmo fundo já tinha comprado em dezembro, por US$ 9,7 bilhões, 9% de participação do banco suíço UBS, também afetado pela crise financeira.
Em novembro de 2007, o grupo americano já tinha vendido 4,9% das suas ações por US$ 7,5 bilhões para o fundo do governo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos).

Merrill Lynch
Já o Merrill Lynch anunciou ontem que receberá um aporte de US$ 6,6 bilhões. Esse dinheiro virá do banco japonês Mizuho e de fundos dos governos da Coréia do Sul e do Kuait -um dos maiores do mundo.
"São significativos os benefícios da colaboração do Merrill Lynch com esses investidores de alta qualidade e de longo prazo. Por meio de seus alcances globais e relações diversificadas com clientes, esperamos mais oportunidades estratégicas em todo o mundo", disse o presidente do conselho e CEO do Merrill Lynch, John Thain.
A busca de novos aportes é uma das principais iniciativas de Thain, que assumiu o posto em 1º de dezembro. Ele já tinha levantado US$ 7,5 bilhões no mês passado com investidores -a maior parte do dinheiro, US$ 4,4 bilhões, veio de outro fundo do governo de Cingapura, o Temasek.
O antecessor de Thain, Stan O'Neal, 56, aposentou-se em outubro, depois de o banco perder US$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre, o maior prejuízo nos 93 anos da instituição.
O balanço do Merrill Lynch será divulgado amanhã e, segundo o "New York Times", a instituição deverá registrar uma baixa contábil de US$ 15 bilhões com títulos vinculados ao mercado "subprime". As ações da instituição caíram 2,96% ontem.
O mesmo fundo do Kuait também investirá no Citigroup, ao lado da Capital Research and Management (maior acionista do Citigroup) e da New Jersey Division of Investment. Mas os dois anúncios de aporte mais interessantes vieram de Sandy Weill, ex-executivo-chefe e presidente do conselho do Citi, e do príncipe saudita Alwaleed bin Talal.
Os dois chegaram a se reunir para debater a possível derrubada de Chuck Prince, antigo presidente-executivo e do conselho do Citigroup, pouco antes que este se afastasse do grupo, no começo de novembro do ano passado.
O principal motivo para a saída de Prince foi ele ter garantido, após anunciar os resultados do terceiro trimestre, que não haveria novas baixas contábeis (revisão dos valores de ativos) nos títulos ligados ao mercado "subprime". Porém, dias depois, ele falou que haveria novas perdas e que seriam de entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões. O Citigroup perdeu US$ 2,2 bilhões com esses títulos no terceiro trimestre, o que ajudou a derrubar seus lucros em 57% no período.
O príncipe Alwaleed, que era o maior acionista do Citigroup até recentemente, resgatou a empresa dos problemas causados pela crise do mercado imobiliário norte-americano no começo dos anos 1990.


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