|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estrangeiros resgatam bancos dos EUA
Merrill Lynch e Citi recebem injeção de capital de US$ 21 bi; maior parte vem de fundos de governos estrangeiros
Príncipe saudita, grupo japonês e fundos de governos de Kuait, Cingapura e Coréia do Sul estão entre investidores
DO "NEW YORK TIMES"
DA REDAÇÃO
O Citigroup e o Merrill
Lynch anunciaram ontem que
receberam mais US$ 21 bilhões
em investimentos, em uma
tentativa de recuperar suas finanças abaladas pelas perdas
com títulos do mercado hipotecário "subprime" (de alto risco). A maior parte do dinheiro
virá de fundos de governos de
países como Kuait e Cingapura.
Países e investidores asiáticos e do Oriente Médio, com dinheiro em caixa por causa de
seus altos saldos comerciais e
preço elevado do petróleo, vêm
comprando participações cada
vez maiores de bancos americanos e europeus em dificuldades.
O Citigroup obteve US$ 12,5
bilhões em capital por meio da
venda de debêntures a diversos
grandes investidores, entre os
quais dois fundos de governos
estrangeiros com amplas reservas de caixa. Além disso, oferecerá no mercado cerca de US$ 2
bilhões em títulos de dívida de
novas emissões.
O principal investidor no Citigroup será um dos fundos soberanos (fundos de investimento de governos) de Cingapura, o GIC, que irá injetar US$
6,68 bilhões no banco americano. O mesmo fundo já tinha
comprado em dezembro, por
US$ 9,7 bilhões, 9% de participação do banco suíço UBS,
também afetado pela crise financeira.
Em novembro de 2007, o
grupo americano já tinha vendido 4,9% das suas ações por
US$ 7,5 bilhões para o fundo do
governo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos).
Merrill Lynch
Já o Merrill Lynch anunciou
ontem que receberá um aporte
de US$ 6,6 bilhões. Esse dinheiro virá do banco japonês Mizuho e de fundos dos governos da
Coréia do Sul e do Kuait -um
dos maiores do mundo.
"São significativos os benefícios da colaboração do Merrill
Lynch com esses investidores
de alta qualidade e de longo
prazo. Por meio de seus alcances globais e relações diversificadas com clientes, esperamos
mais oportunidades estratégicas em todo o mundo", disse o
presidente do conselho e CEO
do Merrill Lynch, John Thain.
A busca de novos aportes é
uma das principais iniciativas
de Thain, que assumiu o posto
em 1º de dezembro. Ele já tinha
levantado US$ 7,5 bilhões no
mês passado com investidores
-a maior parte do dinheiro,
US$ 4,4 bilhões, veio de outro
fundo do governo de Cingapura, o Temasek.
O antecessor de Thain, Stan
O'Neal, 56, aposentou-se em
outubro, depois de o banco perder US$ 2,3 bilhões no terceiro
trimestre, o maior prejuízo nos
93 anos da instituição.
O balanço do Merrill Lynch
será divulgado amanhã e, segundo o "New York Times", a
instituição deverá registrar
uma baixa contábil de US$ 15
bilhões com títulos vinculados
ao mercado "subprime". As
ações da instituição caíram
2,96% ontem.
O mesmo fundo do Kuait
também investirá no Citigroup,
ao lado da Capital Research and
Management (maior acionista
do Citigroup) e da New Jersey
Division of Investment. Mas os
dois anúncios de aporte mais
interessantes vieram de Sandy
Weill, ex-executivo-chefe e
presidente do conselho do Citi,
e do príncipe saudita Alwaleed
bin Talal.
Os dois chegaram a se reunir
para debater a possível derrubada de Chuck Prince, antigo
presidente-executivo e do conselho do Citigroup, pouco antes
que este se afastasse do grupo,
no começo de novembro do ano
passado.
O principal motivo para a saída de Prince foi ele ter garantido, após anunciar os resultados
do terceiro trimestre, que não
haveria novas baixas contábeis
(revisão dos valores de ativos)
nos títulos ligados ao mercado
"subprime". Porém, dias depois, ele falou que haveria novas perdas e que seriam de entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões. O Citigroup perdeu US$
2,2 bilhões com esses títulos no
terceiro trimestre, o que ajudou a derrubar seus lucros em
57% no período.
O príncipe Alwaleed, que era
o maior acionista do Citigroup
até recentemente, resgatou a
empresa dos problemas causados pela crise do mercado imobiliário norte-americano no começo dos anos 1990.
Texto Anterior: Citi tem seu maior prejuízo, e Bolsas caem Próximo Texto: Crise faz Citibank mudar estratégia no Brasil Índice
|