São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Citi tem seu maior prejuízo, e Bolsas caem

Banco perde US$ 9,83 bilhões no quarto trimestre, devido a investimentos no mercado de crédito imobiliário de risco

Apesar do prejuízo no último trimestre, banco ainda tem lucro no ano; novo CEO do Citi disse que resultado foi "inaceitável"

DO "NEW YORK TIMES"
DA REDAÇÃO

O temor de que a crise financeira dos EUA se agravasse quando resultados mais consolidados dos bancos do país fossem divulgados começou a se materializar ontem.
O Citigroup, um dos maiores bancos do mundo, anunciou que contabilizou mais perdas relacionadas às suas operações no mercado de crédito imobiliário de risco ("subprime") e anunciou prejuízo de US$ 9,83 bilhões no quarto trimestre.
O prejuízo é o primeiro desde a criação do Citigroup, em 1998, resultado da fusão do Citicorp com o Travelers Group. Levando em conta apenas a história do Citi, foi a primeira perda em 17 anos e a maior em seus 196 anos de história. No mesmo período de 2006, o grupo tinha tido lucro de US$ 5,1 bilhões. A receita caiu de US$ 23,83 bilhões para US$ 7,22 bilhões. As ações da instituição tiveram queda de 2,12% ontem.
Apesar do mau resultado no trimestre, a empresa registrou lucro de US$ 3,62 bilhões em 2007, 83% inferior ao de 2006. A receita caiu em 9%, para US$ 81,7 bilhões no ano passado.
O resultado do banco foi o principal motivo para a queda nas Bolsas no mundo ontem. A Bovespa caiu 3,67%, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 2,17%, e a Nasdaq, 2,45%. Londres teve queda de 3,06%; Paris, de 2,83%.
O recuo de 0,4% nas vendas do varejo nos EUA em dezembro também elevou o pessimismo do mercado, já que o consumo é o grande propulsor da maior economia do planeta.
Abrindo o que deve ser uma semana de anúncios de resultados sombrios do setor financeiro, o Citigroup informou que contabilizaria US$ 22,2 bilhões como prejuízo com investimentos e empréstimos frustrados no segmento de crédito hipotecário, detonador da crise financeira atual que também atinge bancos europeus.

Mais balanços
Hoje, o JP Morgan apresenta seu balanço do ano. Amanhã será a vez do Merrill Lynch, que ontem anunciou que receberá um aporte de US$ 6,6 bilhões de investidores estrangeiros.
Os prejuízos registrados pelo Citi incluem US$ 18,1 bilhões relacionados à perda acentuada de valor de títulos lastreados por hipotecas e prejuízos operacionais pesados. A empresa também constituiu provisão separada de US$ 4,1 bilhões para cobrir prejuízos previstos com maus empréstimos.
O banco também vai reduzir seu dividendo em 41% e está recebendo injeção de caixa de US$ 12,5 bilhões para sanar seu balanço. O montante inclui grandes investimentos do fundo do governo de Cingapura.
Diante de despesas cada vez maiores e de prejuízos aprofundados, o Citi deve iniciar uma grande campanha de corte de custos que pode resultar em pelo menos mais 4.000 demissões, com outros milhares de cortes nos próximos meses.
No passado um dos mais poderosos bancos do mundo, o Citigroup foi dos mais afetados com a crise de crédito que ainda continua e da desaceleração cada vez mais grave no mercado da habitação. Mesmo com a injeção de capital de US$ 12,5 bilhões, os analistas consideram que o banco talvez precise de ainda mais dinheiro para sanar seu balanço se as condições econômicas piorarem.
"É um ambiente incerto, e essas ações nos colocam em posição ideal para que nos concentremos em capturar oportunidades que ofereçam retornos atraentes aos nossos acionistas", afirmou Vikram Pandit, o novo presidente-executivo do Citigroup, que assumiu o cargo no mês passado após a crise ter derrubado seu antecessor, Chuck Prince.
Para Pandit, os resultados do quarto trimestre são "claramente inaceitáveis".


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