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Citi tem seu maior prejuízo, e Bolsas caem
Banco perde US$ 9,83 bilhões no quarto trimestre, devido a investimentos no mercado de crédito imobiliário de risco
Apesar do prejuízo no último trimestre, banco ainda tem lucro no ano; novo CEO do Citi disse que resultado foi "inaceitável"
DO "NEW YORK TIMES"
DA REDAÇÃO
O temor de que a crise financeira dos EUA se agravasse
quando resultados mais consolidados dos bancos do país fossem divulgados começou a se
materializar ontem.
O Citigroup, um dos maiores
bancos do mundo, anunciou
que contabilizou mais perdas
relacionadas às suas operações
no mercado de crédito imobiliário de risco ("subprime") e
anunciou prejuízo de US$ 9,83
bilhões no quarto trimestre.
O prejuízo é o primeiro desde
a criação do Citigroup, em
1998, resultado da fusão do Citicorp com o Travelers Group.
Levando em conta apenas a
história do Citi, foi a primeira
perda em 17 anos e a maior em
seus 196 anos de história. No
mesmo período de 2006, o grupo tinha tido lucro de US$ 5,1
bilhões. A receita caiu de US$
23,83 bilhões para US$ 7,22 bilhões. As ações da instituição tiveram queda de 2,12% ontem.
Apesar do mau resultado no
trimestre, a empresa registrou
lucro de US$ 3,62 bilhões em
2007, 83% inferior ao de 2006.
A receita caiu em 9%, para US$
81,7 bilhões no ano passado.
O resultado do banco foi o
principal motivo para a queda
nas Bolsas no mundo ontem. A
Bovespa caiu 3,67%, o índice
Dow Jones, da Bolsa de Nova
York, recuou 2,17%, e a Nasdaq,
2,45%. Londres teve queda de
3,06%; Paris, de 2,83%.
O recuo de 0,4% nas vendas
do varejo nos EUA em dezembro também elevou o pessimismo do mercado, já que o consumo é o grande propulsor da
maior economia do planeta.
Abrindo o que deve ser uma
semana de anúncios de resultados sombrios do setor financeiro, o Citigroup informou que
contabilizaria US$ 22,2 bilhões
como prejuízo com investimentos e empréstimos frustrados no segmento de crédito hipotecário, detonador da crise
financeira atual que também
atinge bancos europeus.
Mais balanços
Hoje, o JP Morgan apresenta
seu balanço do ano. Amanhã
será a vez do Merrill Lynch, que
ontem anunciou que receberá
um aporte de US$ 6,6 bilhões
de investidores estrangeiros.
Os prejuízos registrados pelo
Citi incluem US$ 18,1 bilhões
relacionados à perda acentuada
de valor de títulos lastreados
por hipotecas e prejuízos operacionais pesados. A empresa
também constituiu provisão
separada de US$ 4,1 bilhões para cobrir prejuízos previstos
com maus empréstimos.
O banco também vai reduzir
seu dividendo em 41% e está recebendo injeção de caixa de
US$ 12,5 bilhões para sanar seu
balanço. O montante inclui
grandes investimentos do fundo do governo de Cingapura.
Diante de despesas cada vez
maiores e de prejuízos aprofundados, o Citi deve iniciar
uma grande campanha de corte
de custos que pode resultar em
pelo menos mais 4.000 demissões, com outros milhares de
cortes nos próximos meses.
No passado um dos mais poderosos bancos do mundo, o
Citigroup foi dos mais afetados
com a crise de crédito que ainda
continua e da desaceleração cada vez mais grave no mercado
da habitação. Mesmo com a injeção de capital de US$ 12,5 bilhões, os analistas consideram
que o banco talvez precise de
ainda mais dinheiro para sanar
seu balanço se as condições
econômicas piorarem.
"É um ambiente incerto, e essas ações nos colocam em posição ideal para que nos concentremos em capturar oportunidades que ofereçam retornos
atraentes aos nossos acionistas", afirmou Vikram Pandit, o
novo presidente-executivo do
Citigroup, que assumiu o cargo
no mês passado após a crise ter
derrubado seu antecessor,
Chuck Prince.
Para Pandit, os resultados do
quarto trimestre são "claramente inaceitáveis".
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