São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Bolsa de SP sofre perdas de 6,2% no ano

Somente ontem, baixa foi de 3,67%; pessimismo com cenário econômico americano se intensifica e derruba Bolsas no mundo

Para especialistas, semestre deverá ser de instabilidade no mercado acionário brasileiro, que tem grande participação estrangeira

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pessimismo com o cenário econômico norte-americano foi sentido com força na Bolsa de Valores de São Paulo, que teve queda expressiva de 3,67% no pregão de ontem, a maior baixa desde 17 de dezembro. No ano, a Bovespa passou a acumular perdas de 6,23%.
O dólar apreciou-se em 0,98% diante do real e encerrou as operações a R$ 1,753.
Quedas marcaram as operações nos principais mercados acionários pelo mundo. Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 2,17%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq terminou com baixa de 2,45%.
O prejuízo do Citigroup no quarto trimestre do ano passado, que alcançou US$ 9,8 bilhões, deixou os investidores mais pessimistas em relação ao desempenho do setor bancário, que foi muito afetado pela crise do setor de hipotecas de alto risco norte-americano, que se aprofundou no segundo semestre de 2007. Outros grandes bancos divulgarão seus resultados nos próximos dias.
Desagradou também o resultado das vendas no varejo norte-americano em dezembro, que recuaram 0,4%, segundo o Departamento de Comércio do país. Essa queda reforçou os temores de que os Estados Unidos caminham para um período de recessão.
Outro dado econômico americano divulgado ontem foi o PPI (índice de preços ao produtor), que apontou queda de 0,1% em dezembro, ficando em 6,3% no ano, a taxa mais elevada desde 1981.
"Vários eventos contribuíram para o dia ser tão ruim. Há dúvidas muito agudas para traçar os cenários mais prováveis para os próximos meses, o que faz com que os investidores olhem mais atentamente para os dados de curto prazo. Hoje [ontem] o ambiente ficou ainda mais adverso", afirma Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB.
O índice FTSEurofirst 300, das principais ações européias, recuou 2,4% e foi a seu menor nível desde outubro de 2006. A Bolsa de Londres caiu 3,06%, e a de Frankfurt, 2,14%.
A divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor americano) hoje tem tudo para mexer com o mercado novamente. O CPI é mais relevante que o índice ao produtor para as decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Nos dias 29 e 30, os dirigentes do Fed irão se reunir para definir como fica a taxa de juros de referência americana. A taxa, que está em 4,25% anuais, deve ser cortada, como mostram as expectativas do mercado, para 3,75%.
Os dados fracos do varejo ontem reforçaram a percepção de analistas e investidores de que o Fed tem de cortar a taxa em 0,50 ponto percentual para conter o preocupante desaquecimento da economia.

Perda generalizada
A queda de ontem levou a Bolsa paulista a descer abaixo dos 60 mil pontos pela primeira vez no ano. O índice Ibovespa terminou a 59.907 pontos.
Nenhuma das 64 ações que compõem o Ibovespa conseguiu escapar de terminar o pregão de ontem no vermelho.
A queda do petróleo no mercado internacional, que tem se desvalorizado com o temor de recessão nos EUA, puniu as ações da Petrobras, que caíram 4,40% (PN) e 4,87% (ON).
Considerando as ações mais líquidas da Bolsa, a Vale também sofreu perdas importantes. O papel PNA da empresa caiu 3,23%, e o ON, 3,75%.
Pedro Paulo Silveira, economista da Gradual Corretora, avalia que "o 1º trimestre, em especial, vai ser bastante complicado para a Bolsa".
"A Bovespa tem uma participação muito grande de estrangeiros. Com a percepção do risco elevado de recessão na maior economia do mundo, a Bolsa acaba por sofrer junto com o mercado mundial", afirma Silveira.


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