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Bolsa de SP sofre perdas de 6,2% no ano
Somente ontem, baixa foi de 3,67%; pessimismo com cenário econômico americano se intensifica e derruba Bolsas no mundo
Para especialistas, semestre deverá ser de instabilidade no mercado acionário brasileiro, que tem grande participação estrangeira
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pessimismo com o cenário
econômico norte-americano
foi sentido com força na Bolsa
de Valores de São Paulo, que teve queda expressiva de 3,67%
no pregão de ontem, a maior
baixa desde 17 de dezembro. No
ano, a Bovespa passou a acumular perdas de 6,23%.
O dólar apreciou-se em
0,98% diante do real e encerrou
as operações a R$ 1,753.
Quedas marcaram as operações nos principais mercados
acionários pelo mundo. Em
Wall Street, o índice Dow Jones
recuou 2,17%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq terminou com baixa de 2,45%.
O prejuízo do Citigroup no
quarto trimestre do ano passado, que alcançou US$ 9,8 bilhões, deixou os investidores
mais pessimistas em relação ao
desempenho do setor bancário,
que foi muito afetado pela crise
do setor de hipotecas de alto
risco norte-americano, que se
aprofundou no segundo semestre de 2007. Outros grandes
bancos divulgarão seus resultados nos próximos dias.
Desagradou também o resultado das vendas no varejo norte-americano em dezembro,
que recuaram 0,4%, segundo o
Departamento de Comércio do
país. Essa queda reforçou os temores de que os Estados Unidos caminham para um período de recessão.
Outro dado econômico americano divulgado ontem foi o
PPI (índice de preços ao produtor), que apontou queda de
0,1% em dezembro, ficando em
6,3% no ano, a taxa mais elevada desde 1981.
"Vários eventos contribuíram para o dia ser tão ruim. Há
dúvidas muito agudas para traçar os cenários mais prováveis
para os próximos meses, o que
faz com que os investidores
olhem mais atentamente para
os dados de curto prazo. Hoje
[ontem] o ambiente ficou ainda
mais adverso", afirma Roberto
Padovani, economista-chefe do
banco WestLB.
O índice FTSEurofirst 300,
das principais ações européias,
recuou 2,4% e foi a seu menor
nível desde outubro de 2006. A
Bolsa de Londres caiu 3,06%, e
a de Frankfurt, 2,14%.
A divulgação do CPI (índice
de preços ao consumidor americano) hoje tem tudo para mexer com o mercado novamente.
O CPI é mais relevante que o
índice ao produtor para as decisões de política monetária do
Fed (Federal Reserve, o banco
central dos EUA). Nos dias 29 e
30, os dirigentes do Fed irão se
reunir para definir como fica a
taxa de juros de referência
americana. A taxa, que está em
4,25% anuais, deve ser cortada,
como mostram as expectativas
do mercado, para 3,75%.
Os dados fracos do varejo ontem reforçaram a percepção de
analistas e investidores de que
o Fed tem de cortar a taxa em
0,50 ponto percentual para
conter o preocupante desaquecimento da economia.
Perda generalizada
A queda de ontem levou a
Bolsa paulista a descer abaixo
dos 60 mil pontos pela primeira vez no ano. O índice Ibovespa terminou a 59.907 pontos.
Nenhuma das 64 ações que
compõem o Ibovespa conseguiu escapar de terminar o pregão de ontem no vermelho.
A queda do petróleo no mercado internacional, que tem se
desvalorizado com o temor de
recessão nos EUA, puniu as
ações da Petrobras, que caíram
4,40% (PN) e 4,87% (ON).
Considerando as ações mais
líquidas da Bolsa, a Vale também sofreu perdas importantes. O papel PNA da empresa
caiu 3,23%, e o ON, 3,75%.
Pedro Paulo Silveira, economista da Gradual Corretora,
avalia que "o 1º trimestre, em
especial, vai ser bastante complicado para a Bolsa".
"A Bovespa tem uma participação muito grande de estrangeiros. Com a percepção do risco elevado de recessão na
maior economia do mundo, a
Bolsa acaba por sofrer junto
com o mercado mundial", afirma Silveira.
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