São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

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Vendas da indústria sobem pelo 5º mês consecutivo

CNI prevê avanço de 5% na área industrial em 2008

LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As vendas industriais tiveram alta de 0,7% em novembro ante outubro já descontados os efeitos sazonais, configurando o quinto mês consecutivo de expansão, segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Na comparação com novembro de 2006, a elevação foi de 6,8%.
A ampliação do faturamento ocorreu simultaneamente à maior utilização da capacidade instalada, que em novembro atingiu o patamar recorde de 82,9%. Para este ano, a entidade prevê crescimento de 5% na área industrial.
A CNI não vê a evolução do uso do parque fabril como fator de preocupação em termos de pressão de preços e motivo para o Banco Central reforçar a política monetária porque considera que investimentos em curso irão se materializar a tempo de ampliar a capacidade das indústrias para atendimento da demanda.
Outro argumento apontado pela equipe de economistas da entidade é que a utilização da capacidade tende a diminuir entre janeiro e março. Uma das preocupações do BC ao suspender a queda na taxa básica de juros foi se os investimentos feitos elevariam a produção a tempo de atender um eventual aumento de consumo.
"O início de 2008 vai ser positivo. Alguns setores, como o de veículos e a indústria alimentícia, operam para atender reposição de estoques. Deve haver desaceleração do consumo em comparação ao fim do ano e novas fábricas devem entrar em operação. O cenário é de tranqüilidade, com menor uso da capacidade instalada no primeiro trimestre", analisa Paulo Mol, economista da CNI.
A divulgação de um novo recorde no uso da capacidade instalada do setor industrial ocorre dias antes da primeira reunião de 2008 para definição dos juros básicos pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. A reunião está marcada para a próxima semana, nos dias 22 e 23.
A avaliação da CNI de que o nível da capacidade instalada não representa ameaça ao controle de preços é respaldada pelo economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio), Carlos Thadeu de Freitas. Segundo ele, a fonte de pressão da inflação são os preços dos alimentos, e não os preços dos produtos industriais.
Essa não é a opinião da economista do Banco ABN Amro, Zeina Latif. Baseada em um estudo elaborado pelo ABN, de que os investimentos no Brasil levam em média um ano e meio para se materializarem, ela salienta que o Banco Central deveria redobrar a cautela na condução dos juros básicos. A recomendação de maior conservadorismo é feita com base na combinação de uso elevado do parque fabril e tendência de alta da inflação.


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