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Conceição Tavares diz que política monetária de Lula é "imbecil"
DA SUCURSAL DO RIO
A economista Maria da Conceição Tavares classificou como "imbecil" a política de juros
do governo Lula.
Em entrevista à revista "Desafios do Desenvolvimento", do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão
vinculado ao governo, a economista afirma que o modelo de
desenvolvimento do país não
está completo. Segundo ela, o
Brasil não pode ter como meta
ser só um exportador de matérias-primas. Tavares é membro
do novo Conselho de Orientação do Ipea.
A economista afirma ainda
que a exportação de produtos
manufaturados hoje está relacionada à existência de contratos de longo prazo, que podem
não ser renovados caso o câmbio permaneça no nível atual.
Tavares responsabiliza os juros altos por esse cenário e diz
que representantes do governo,
como Lula, a ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff, e o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, estão cientes dos
efeitos provocados pelos juros.
A revista diz, após o expediente, que as opiniões emitidas são de responsabilidade dos
autores e que não exprimem
necessariamente o ponto de
vista do instituto.
Em dezembro, o Banco Central decidiu manter pela segunda vez seguida a taxa básica de
juros em 11,25% ao ano.
O BC justificou a decisão afirmando que o ritmo de crescimento da economia poderia
pressionar a inflação.
Para Tavares, no entanto, os
fatores que levaram o banco a
manter os juros no patamar
atual foram o fato de não saber
como o Fed (Federal Reserve, o
BC dos EUA) se comportaria e
não conhecer ainda a dimensão
exata da crise do crédito imobiliário de risco. Ela refuta a hipótese de que a preocupação com
a meta de inflação tenha sido o
fator responsável pela manutenção da Selic.
Segundo a economista, justamente em razão da situação no
mercado externo o país precisa
reduzir os juros para não ser
pego de surpresa e evitar os
efeitos de eventual variação
mais forte de moeda no mundo.
Dessa forma, seria possível, de
acordo com Tavares, fazer com
que o câmbio pare de se valorizar gradativamente.
A economista elogia o Fed e
afirma que o BC americano não
se restringe a atacar a inflação e
foca também no crescimento
econômico. "Tomara eu ter o
Fed como banco central. Eles
tratam direitinho das duas metas que eles têm, que são crescimento e inflação", disse.
Procurada, a economista informou que está em férias e que
não tem concedido entrevistas.
A exceção para o Ipea foi feita
por ser membro do Conselho
de Orientação do instituto. O
BC não quis se pronunciar.
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