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Comércio exterior sofre com falta de pessoal na Secex
Secretaria de Comércio Exterior precisa ter o dobro dos funcionários atuais
De acordo com a Fiesp, a escassez de funcionários praticamente paralisa a concessão de licenças de importação para empresas
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio exterior brasileiro está ameaçado pela falta de
pessoal. A Secretaria de Comércio Exterior aguarda desde
o início do governo Lula a abertura de concurso para novos
analistas. O começo da TV digital no Brasil piorou a situação.
A Secex possui atualmente
220 funcionários e o ideal seria
o dobro disso em novos servidores para cuidar de licenças de
importação, operações de
"drawback" (quando se importa o insumo para depois exportar o produto com valor agregado), investigação comercial e
outros procedimentos burocráticos previstos na legislação
em vigor e tratados internacionais assinados pelo Brasil.
Segundo a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), a escassez de funcionários, aliada ao aumento de importações e exportações, praticamente paralisa a concessão
de licenças de importação e registros de exportação pedidos
por empresas à Secex.
A entidade afirma que o problema é causado principalmente pela transferência da secretaria do Rio para Brasília. O
prazo para essa mudança, diz a
federação, foi curto, entre setembro e novembro de 2007.
"Muitos funcionários eram
de carreira longa, de 20 a 30
anos, e uns 80% resolveram
não se mudar, já que estão estabelecidos no Rio", diz Roberto
Giannetti da Fonseca, diretor
de comércio exterior da Fiesp.
Em 2001, a Secex tinha 550
funcionários. Naquele ano, o
Brasil exportava US$ 58,2 bilhões e importava US$ 55,6 bilhões. Atualmente, são US$
160,6 bilhões e US$ 120,6 bilhões, respectivamente.
No início dos anos 2000, não
chegava a 100 mil o número de
licenças de importação pedidas
pelo mercado. No ano passado,
ultrapassaram 520 mil.
A licença é necessária quando o produto é controlado (como produtos radioativos e explosivos), sob regime de antidumping ou se tiver similaridade nacional, entre outros casos.
E quando o produto estiver sujeito a benefícios fiscais, motivo pelo qual as licenças cresceram tanto no ano passado.
Com o início das transmissões da TV digital em São Paulo, emissoras e repetidoras de
todo o país começaram a importar equipamentos, a grande
maioria com benefício fiscal
concedido pelo governo para
estimular a expansão da tecnologia.
Além da mudança para Brasília, empresários apontam como causa dos atrasos o fato de
funcionários da secretaria terem sido convidados para trabalhar em outros órgãos do governo. De acordo com eles, um
concurso público seria aberto
para preencher as vagas, mas
foi suspenso devido à não prorrogação da CPMF.
Procurado, o Ministério do
Desenvolvimento informou
que não recebeu um documento da Fiesp com reclamações.
Informou que segue os prazos
previstos na OMC (Organização Mundial do Comércio), de
60 dias úteis para a emissão da
licença de importação. O próprio ministério, até 2005, conseguia liberar as licenças em 48
horas. Hoje, são de 20 a 30 dias.
Mas o problema está na contagem de prazo. Se uma empresa decidir importar equipamentos para TV digital e der
entrada no pedido de licença de
importação hoje, o prazo começa a correr hoje. No caso de um
pequeno erro, o documento
volta para a empresa para correção. Se esta só entregar o processo um mês depois, será a
partir do recebimento que o
prazo volta a contar. Assim, é
possível encontrar alguns casos
com meses de duração.
Um outro problema são os
orçamentos públicos. Por restrições fiscais, a maioria dos
municípios só libera o orçamento nos últimos dias do ano,
vinculando o uso do dinheiro
ao dispêndio ainda naquele
ano. Por isso, é comum chegarem centenas de pedidos de licença de importação na última
semana do ano, com pedido de
emergência. E não são apenas
equipamentos, mas hemoderivados também, por exemplo.
Esses casos todos furam a fila.
O secretário de Comércio
Exterior, Welber Barral, reconhece a falta de pessoal suficiente para o trabalho do dia-a-dia. "A secretaria espera que o
concurso ocorra rapidamente
para suprir eventuais deficiências", afirmou.
Segundo a Folha apurou, na
última chamada de 21 funcionários de nível médio, apenas
oito atenderam. No concurso
de 2002, quatro economistas
não tomaram posse por terem
passado para cargos de maior
salário. Um administrador em
início de carreira no ministério
recebe R$ 1.300.
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