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Sky tenta impedir compra da TVA pela Telefônica
Empresa diz que negócio visa eliminar concorrente
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Sky Brasil, segunda maior
empresa de TV por assinatura
do país (1,6 milhão de assinantes), partiu para a ofensiva contra a aquisição da TVA (terceira
em TV paga, com 400 mil assinantes) pelo grupo Telefônica.
Anteontem, a empresa pediu
à Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) que recomende ao Cade (Conselho de
Administrativo de Defesa Econômica) a ""desconstituição integral" do negócio.
Em outubro de 2006, a Telefônica e o grupo Abril acertaram o negócio, que foi aprovado, do ponto de vista regulatório, pela Anatel, em outubro último. A tele comprou 100% das
operações de TV paga com
transmissão por rádio (MMDS)
e 19,9% do capital da TV a cabo
na cidade de São Paulo, já que a
legislação proíbe que empresas
telefônicas controlem redes de
TV a cabo dentro de sua área de
concessão de telefonia.
A Anatel ainda examina os
efeitos da aquisição sob o ponto
de vista da concorrência. Cabe
a ela instruir o Cade no processo e recomendar a aprovação
ou a rejeição do negócio.
A Sky quer que a agência reguladora conclua logo a análise
dos aspectos concorrenciais,
para que se inicie a discussão
no Cade. Ela sustenta que a Telefônica controla a política comercial e os ativos (redes de cabo e sistemas de rádio) da TVA,
embora tenha menos de 20%
do capital da da empresa Comercial Cabo TV de São Paulo,
operadora de TV a cabo da TVA
na capital paulista.
Para a Sky, o objetivo da tele,
ao adquirir a TVA, seria eliminar um concorrente, com potencial de expansão, em telefonia, internet e banda larga.
A Sky diz que, se a aquisição
for consumada, a Telefônica terá cinco plataformas de telecomunicações na capital paulista:
sua rede de cabos, a rede de cabos da TVA, dois sistemas de
TV paga via satélite e o sistema
MMDS (transmissão por radiofreqüência) da TVA.
Diz ainda que nenhum país
permite a concentração de tantas plataformas nas mãos de
uma tele que seja, ao mesmo
tempo, monopolista da telefonia fixa.
O documento cita estatísticas sobre o serviço de voz no
Estado de São Paulo, que dão
97% de participação (12,3 milhões de assinantes) para a Telefônica; 0,7% (89 mil) para o
Net Fonte, da Net Serviços, e
2,3% (289 mil assinantes) de
outras empresas autorizadas.
A Sky Brasil é controlada pelo DirecTV Group, da News
Corporation (de Rupert Murdoch), que tem 74% de seu capital, e pela Globo Comunicações, com 26%. Em 2007, a
News vendeu a DirecTV para a
Liberty Media, mas o negócio
ainda depende de aprovação
das autoridades dos EUA. A
Globo também é acionista da
Net Serviços, maior operadora
de TV paga do país, com 2,4 milhões de assinantes.
Outro lado
Ara Apkar Minassian, superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da Anatel,
disse à Folha que a análise concorrencial de uma operação
complexa, como a Telefônica/
TVA, leva de cinco a seis meses
para ser concluída, e não há como apressá-la. Para ele, não há
hipótese de sair antes de abril.
Para o executivo, nenhuma
aquisição desse porte é irreversível antes do exame pelo Cade,
que pode impor restrições para
autorizar o negócio -como no
caso da fusão da Sky com a DirecTV- e até vetar a operação.
""Até o julgamento pelo Cade,
nada está consumado."
Procuradas, Telefônica e
TVA não se manifestaram sobre a iniciativa da Sky.
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