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Caminhões estão em falta nas revendas
Aquecimento da demanda estimulado por retomada da economia provoca espera de até quatro meses nas concessionárias
Para montadora, gargalo
foi causado por redução da capacidade produtiva na cadeia de fornecedores e será resolvido a curto prazo
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o aquecimento do mercado de caminhões, estimulado
pela retomada da atividade
econômica, aumentaram as filas de espera nas revendas no
Estado de São Paulo.
Hoje, para receber um caminhão, especialmente dos segmentos pesado e semipesado, o
comprador pode levar até quatro meses, dependendo do modelo, segundo concessionários.
A demanda por esses veículos é
alta em setores como construção civil e bens de capital e deve
se intensificar nos próximos
meses por conta da safra.
"A produção das montadoras
no ano passado foi bem menor
do que em 2008. Ocorre que o
mercado reagiu do nada, especialmente no segundo semestre. Até novembro, o tempo de
entrega ficava dentro de uma
semana ou dez dias, mas agora
leva até quatro meses para o caso de veículos mais específicos", disse Hélio Cardoso Santiago, vendedor da Vocal, concessionária da Volvo.
Segundo o gerente de vendas
da Volvo, Bernardo Fedalto, como os fornecedores reduziram
sua capacidade produtiva no
ano passado por conta da crise
global, a indústria leva mais
tempo para se reativar e voltar
a produzir de acordo com a demanda. "Por isso, pode haver
um prazo de entrega maior."
As filas existiam antes da crise, que interrompeu o gargalo.
No ano passado, foram produzidos no país 123.592 caminhões, queda de 26,1% ante
2008, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Em
dezembro ante o mesmo mês
do ano anterior, a produção
mais que dobrou, embora seja
baixa a base de comparação.
"Acredito que ao longo do primeiro trimestre as coisas se
normalizem e a dificuldade de
entrega para alguns produtos
seja superada", disse Fedalto.
Por enquanto, de acordo com
o vendedor Nilton Magalhães,
da Sadive, que comercializa caminhões da marca Mercedes-Benz, para alguns modelos de
veículos pesados a espera é de
três meses. "Tem que fazer
compra programada, porque
falta mercadoria."
Na Cofipe Veículos, da Iveco,
o cliente também espera 90
dias para levar um caminhão,
segundo o vendedor Aguinaldo
Larizza. "A demanda no final
do ano passado surpreendeu, e
as fábricas não estavam preparadas", afirmou. Eddie Novais,
da Tietê Veículos, concessionária da MAN Latin America,
concorda: "A procura está
grande. Vendemos 270 caminhões em dezembro".
Nível pré-crise
Para este ano, a expectativa é
que as vendas de caminhão pelo menos se igualem às de 2008,
que teve marca recorde, com o
licenciamento de 163.681 unidades, segundo Fedalto, da Volvo. "Eu, pessoalmente, acho
que podemos superar esse volume. Os sinais são positivos."
Para o presidente da MAN
Latin America, Roberto Cortes,
o aumento nos pedidos é "contínuo" nos últimos meses. Na
quinta, a MAN anunciou a contratação de 700 funcionários
neste ano para ativar o terceiro
turno da fábrica em Resende
(RJ) e aumentar a produção.
"O setor de caminhões é um
bom termômetro da economia.
Estamos vendo um bom momento para o setor", disse.
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