São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 2010

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Caminhões estão em falta nas revendas

Aquecimento da demanda estimulado por retomada da economia provoca espera de até quatro meses nas concessionárias

Para montadora, gargalo foi causado por redução da capacidade produtiva na cadeia de fornecedores e será resolvido a curto prazo


PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com o aquecimento do mercado de caminhões, estimulado pela retomada da atividade econômica, aumentaram as filas de espera nas revendas no Estado de São Paulo.
Hoje, para receber um caminhão, especialmente dos segmentos pesado e semipesado, o comprador pode levar até quatro meses, dependendo do modelo, segundo concessionários. A demanda por esses veículos é alta em setores como construção civil e bens de capital e deve se intensificar nos próximos meses por conta da safra.
"A produção das montadoras no ano passado foi bem menor do que em 2008. Ocorre que o mercado reagiu do nada, especialmente no segundo semestre. Até novembro, o tempo de entrega ficava dentro de uma semana ou dez dias, mas agora leva até quatro meses para o caso de veículos mais específicos", disse Hélio Cardoso Santiago, vendedor da Vocal, concessionária da Volvo.
Segundo o gerente de vendas da Volvo, Bernardo Fedalto, como os fornecedores reduziram sua capacidade produtiva no ano passado por conta da crise global, a indústria leva mais tempo para se reativar e voltar a produzir de acordo com a demanda. "Por isso, pode haver um prazo de entrega maior."
As filas existiam antes da crise, que interrompeu o gargalo. No ano passado, foram produzidos no país 123.592 caminhões, queda de 26,1% ante 2008, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Em dezembro ante o mesmo mês do ano anterior, a produção mais que dobrou, embora seja baixa a base de comparação. "Acredito que ao longo do primeiro trimestre as coisas se normalizem e a dificuldade de entrega para alguns produtos seja superada", disse Fedalto.
Por enquanto, de acordo com o vendedor Nilton Magalhães, da Sadive, que comercializa caminhões da marca Mercedes-Benz, para alguns modelos de veículos pesados a espera é de três meses. "Tem que fazer compra programada, porque falta mercadoria."
Na Cofipe Veículos, da Iveco, o cliente também espera 90 dias para levar um caminhão, segundo o vendedor Aguinaldo Larizza. "A demanda no final do ano passado surpreendeu, e as fábricas não estavam preparadas", afirmou. Eddie Novais, da Tietê Veículos, concessionária da MAN Latin America, concorda: "A procura está grande. Vendemos 270 caminhões em dezembro".

Nível pré-crise
Para este ano, a expectativa é que as vendas de caminhão pelo menos se igualem às de 2008, que teve marca recorde, com o licenciamento de 163.681 unidades, segundo Fedalto, da Volvo. "Eu, pessoalmente, acho que podemos superar esse volume. Os sinais são positivos."
Para o presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, o aumento nos pedidos é "contínuo" nos últimos meses. Na quinta, a MAN anunciou a contratação de 700 funcionários neste ano para ativar o terceiro turno da fábrica em Resende (RJ) e aumentar a produção.
"O setor de caminhões é um bom termômetro da economia. Estamos vendo um bom momento para o setor", disse.


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