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NOVA MUDANÇA
Impedir que as cotações da moeda dos EUA superasse R$ 1,32 levou a perda rápida de reservas
BC desiste do sistema de banda e libera dólar
da Sucursal de Brasília
O Banco Central suspendeu ontem suas intervenções no mercado
de câmbio, o que provocou nova
desvalorização do real em relação
ao dólar, a segunda num intervalo
de três dias. Em alguns momentos,
o real chegou a perder 14,84% de
seu valor.
O BC parou de vender dólares e,
assim, deixou de fixar limites para
a cotação da moeda norte-americana. Também extinguiu o sistema
de bandas cambiais, criado 48 horas antes, e anunciou que fixará
novas regras na próxima segunda.
O BC saiu do mercado de câmbio
sem prévio aviso. O mercado, que
começa a operar com maior força
às 9h, notou a ausência do BC. A
cotação da moeda norte-americana disparou e superou o teto da
banda cambial, fixado em R$ 1,32.
O sistema eletrônico de informações do BC deixou de informar as
oscilações da taxa de câmbio e sua
tela registrava apenas o fechamento de anteontem, quando a cotação
do dólar ficou em R$ 1,3194.
Às 10h56 o BC divulgou comunicado informando que não faria intervenções ontem no mercado de
câmbio.
O mesmo comunicado dizia
também que, na próxima segunda-feira, será anunciado um novo regime cambial e que o sistema de
bandas cambiais criado na terça-feira estava revogado.
Com o BC fora do mercado, a cotação do dólar subiu e, rapidamente, atingiu R$ 1,55, segundo registro do sistema eletrônico do banco. À tarde, o dólar recuou e passou a ser cotado em R$ 1,45.
A desvalorização do real foi causada pela extinção do regime de
bandas cambiais. Durante dois
dias houve uma faixa larga de flutuação da cotação do dólar. O BC
se comprometia a não deixar o dólar ficar acima do teto da banda
cambial, fixado em R$ 1,32, nem
abaixo do piso, definido em R$
1,20.
Quando o dólar ameaçava romper o teto da banda, o BC entrava
no mercado vendendo a moeda
norte-americana. Com essa estratégia, o BC segurou a cotação durante os dois dias de vigência da
banda larga e consumiu US$ 2,8 bilhões de suas reservas em moeda
estrangeira.
Como a continuidade da defesa
do teto da banda poderia consumir
ainda mais as reservas, o BC decidiu deixar de intervir no mercado
-isto é, não vendeu mais dólares
para conter a alta da moeda norte-americana.
Sem o BC vendendo dólares, a
cotação passou a ser definida pelo
próprio mercado, como o preço de
qualquer mercadoria. Quem tem a
moeda estrangeira pede seu preço
e quem precisa dela diz quanto está disposto a pagar.
Assim, a taxa de câmbio oscilou
durante todo o dia, segundo o sistema de informações do BC.
Na prática, funcionou ontem o
que os economistas chamam de
sistema de livre flutuação. Anteontem, o novo presidente do BC,
Francisco Lopes, negou que o BC
fosse adotar tal sistema. Segundo
ele, seriam usadas reservas e taxa
de juros para defender a moeda.
O sistema de banda larga foi criado na terça-feira passada, quando
a moeda brasileira sofreu uma desvalorização de 8,3% em relação do
dólar.
Antes, a cotação do dólar era
controlada por um sistema de minibandas, na qual a cotação do dólar flutuava em uma faixa mais estreita, com piso de R$ 1,1975 e teto
de R$ 1,2115.
(ALEX RIBEIRO)
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