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Indústria de máquinas apóia mudança no regime cambial
da Reportagem Local
Os fabricantes brasileiros de máquinas e equipamentos, duramente atingidos pela abertura comercial, pela política de juros altos e
pela antiga taxa de câmbio, respiraram aliviados após as mudanças
na cotação do real.
Com a desvalorização dos últimos dias, a expectativa era de aumento das exportações do setor logo após o período de turbulência
nos mercados.
O presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos), Luiz
Carlos Delben Leite, estima que as
exportações brasileiras poderão
crescer de 8% a 10% neste ano.
"Vamos ter uns três meses de dificuldades na obtenção de crédito
internacional, mas com a aprovação do ajuste fiscal a situação melhora", afirmou o empresário, que
também já foi presidente do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e secretário de Tecnologia de
São Paulo.
As indústrias brasileiras exportaram US$ 3,9 bilhões no ano passado, o mesmo valor obtido em 97. O
faturamento do setor no mercado
interno caiu cerca de 5%.
As indústrias de máquinas e
equipamentos também estão animadas com as perspectivas de futuras quedas nas importações de
produtos concorrentes, que vinham ganhando mercado desde o
início da década.
As importações de máquinas e
equipamentos no ano passado somaram US$ 8,7 bilhões. Em 97,
chegaram a US$ 8,9 bilhões.
As indústrias nacionais do setor,
por sua vez, dependem pouco de
matéria-prima importada.
Segundo estimativas do setor, o
peso da matéria-prima importada
no custo final dos produtos não
passa de 8%.
Omar Assaf, presidente da Apas
(Associação Paulista dos Supermercados): "A liberação do câmbio é uma medida acertada, com
ressalvas. É preciso que venha
acompanhada do controle do orçamento, do ajuste fiscal. Não
adianta achar que a ajuda do FMI e
a liberação do câmbio vão resolver
os problemas do país. As reformas
têm de ser implementadas para
dar suporte à mudança na política
cambial. Acho que, primeiramente, o governo deveria ter feito o
ajuste fiscal e, depois, ter mexido
no câmbio. O que não dá para esquecer é que a lição de casa principal ainda não foi feita: o controle
dos gastos públicos."
Antonio Carlos Borges, diretor-
executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo
(FCESP): "Câmbio flutuante é
uma medida acertada. Não podia
continuar como estava. Ou o país
passava a adotar a política cambial
da Argentina, com câmbio fixo, ou
partiria para flutuação livre. A definição de bandas acaba dando segurança para quem especula com
dólar. Agora o mercado vai se disciplinar pela oferta e pela procura
da moeda. Quem tiver endividado
em dólar vai ter problema, só que
ninguém pode se queixar do câmbio."
Eduardo Gianetti da Fonseca,
economista e colunista da Folha:
"A grande pergunta que surge agora é até onde vai a desvalorização.
No México, o peso chegou a cair
80%. Espero que não se repita o
mesmo aqui. Outra dúvida é como
o FMI vai agir daqui para a frente.
O Fundo foi derrotado pela desvalorização do real porque ficou claro que seu apoio não é nenhuma
garantia de segurança para os investidores privados."
Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda: "Hoje (ontem), o
mercado comprou a versão de que
a desvalorização pode resolver todos os problemas, mas isso não é
verdade e o risco ainda é grande. O
que o Banco Central fez hoje dificilmente um banco central sério
faria; deixou as instituições financeiras sem ter com quem falar."
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