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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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Dez dos maiores clubes são punidos por não trazer ao Brasil dinheiro de venda de jogadores ao exterior

Lei é driblada até na venda de jogadores

DA REPORTAGEM LOCAL

Generoso fornecedor de "pé-de-obra" para o mundo, o futebol brasileiro também tem sido um campo fértil em irregularidades no fechamento de transferências de atletas a clubes do exterior.
O Banco Central multou dez dos maiores clubes do país por não cumprirem lei que obriga o ingresso no país da importância referente às vendas (no caso, o passe dos jogadores). Entre as operações consideradas irregulares pelo BC, estão a venda do atacante Bebeto pelo Vasco ao La Coruña, do meia Ricardinho (hoje no São Paulo) pelo Paraná Clube para o Bordeaux, do volante Vampeta, do Vitória para o PSV, e a do goleiro Taffarel, cedido pelo Inter-RS ao Parma.
Bebeto foi vendido ao La Coruña em 1990 por US$ 2,5 milhões. O BC aplicou uma multa de US$ 1,35 milhão ao Vasco por não apresentar o fechamento de câmbio -ou seja, trazer os recursos referentes a esse valor para o país via mercado comercial de dólar.
Em sua defesa ao BC, o Vasco alegou que, pela transação, lhe caberiam 50% do passe e os demais 50% se referiam à parte de Bebeto e de seu empresário.
O clube apresentou um contrato de câmbio de US$ 1,15 milhão e afirma que recebeu o equivalente a US$ 100 mil em reais no Brasil.
Segundo Eurico Miranda, presidente do Vasco, no contrato firmado com o La Coruña estava previsto que Bebeto e o empresário receberiam no exterior. O BC não aceitou a alegação e multou o clube. O Vasco recorre na Justiça.
Segundo o BC, manda a lei que todo o dinheiro deveria ter ingressado no país em dólares e só depois seria convertido em reais, já que a venda de passe é como se fosse uma exportação de bens.
O mesmo ocorreu com o Vitória da Bahia: vendeu o volante Vampeta ao PSV por US$ 1,15 milhão. Deste valor, apenas US$ 660 milhões ingressaram no Brasil. O restante -US$ 150 mil referentes aos direitos do atleta e US$ 340 mil de Ricardo Alberto Fioca (promotor da venda)- teria sido pago no exterior.
A direção do Vitória sustenta que o estipulado era que os holandeses seriam os responsáveis pelo pagamento de Vampeta e do empresário. E que apresentou ao BC recibos dados pelo atleta e pelo argentino Fioca que comprovariam que o PSV cumpriu o acordo. O clube recorreu à Justiça.
Casos semelhantes motivaram multas aplicadas ao Paraná, pela venda de uma série de atletas entre 1993 e 1997, entre eles o meia Ricardinho, e ao Inter-RS na venda de Taffarel. Santos, Coritiba, Sport Recife e Corinthians também constam da lista de multados. (JOSÉ ALAN DIAS E ÉRICA FRAGA)


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