São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Equipamentos furtados estavam em meio a material de escritório

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)

Os equipamentos de informática com dados secretos sobre a exploração de petróleo na costa brasileira, furtados entre 18 de janeiro e o último dia 1º, estavam guardados com móveis e materiais de escritório dentro de um contêiner enviado da bacia de Santos à cidade de Macaé, no litoral norte fluminense, a 188 km do Rio.
Não havia dentro do contêiner outros equipamentos valiosos, conforme a Folha apurou ontem na Delegacia da PF (Polícia Federal) em Macaé.
Tudo o que foi colocado pela Petrobras no contêiner estava em um gabinete de trabalho em uma sonda na bacia de Santos, relatou à PF no Rio, no dia 1º, o chefe do setor de investigações e sindicâncias da estatal, Fernando Luiz Lima Blanc.
O gabinete na bacia de Santos foi desativado. A estatal decidiu, então, transferi-lo para a bacia de Campos. Assim, quase tudo o que havia nele foi colocado dentro de um contêiner de pequeno porte, possivelmente com três metros de comprimento.
Na declaração à PF, Lima Blanc não esclarece as razões de os equipamentos de informática, com informações consideradas tão relevantes pela própria estatal, terem sido colocados dentro do contêiner.
A divulgação de que a origem do contêiner foi a bacia de Santos reforça a suspeita da PF de que o furto foi cometido por envolvidos em um esquema de espionagem. Na bacia, ficam as áreas onde a Petrobras recentemente descobriu campos vastos de petróleo e gás, entre eles o megacampo de Tupi.
O contêiner deixou a sonda da bacia de Campos em um rebocador, com destino ao porto do Rio, onde foi descarregado.
Apontada inicialmente como responsável pelo transporte do contêiner até o pátio da empresa Halliburton em Macaé, a transportadora Transmagno não havia recebido até ontem nenhum comunicado da PF e da Petrobras sobre o episódio.
A Transmagno não registrou no período episódios de violação de contêineres sob sua guarda. Ela sequer sabe ainda se foi mesmo a contratada para levar o contêiner do Rio a Macaé por terra. Considera possível, já que é uma das transportadoras que prestam serviços à americana Halliburton.
Ainda de acordo com a Transmagno, em nenhum momento o contêiner esteve em seu pátio de 25 mil m2 no Caju (zona norte do Rio). Ela disse que recolhe o contêiner no porto em carretas que seguem diretamente ao destino. No caso de não haver condução para o transporte imediato, a carga permanece estocada no porto.
Na sede da Halliburton em Macaé, funcionários orientavam o interessado sobre o assunto a procurar a diretoria no Rio. A empresa tem controle rígido de entrada, com seguranças, cancelas, roletas eletrônicas e cartões magnéticos. O terreno com os contêineres é cercado por muros de até 5 m.


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