São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Furto de dados da estatal não foi o primeiro

DA REUTERS

Desde a descoberta de uma reserva gigante na camada pré-sal no campo de Tupi, na bacia de Santos, a Petrobras tem sido alvo de uma prática muito comum no mundo do petróleo, mas até então pouco usada no Brasil: a espionagem industrial.
O furto de dados estratégicos da estatal brasileira que estavam sob responsabilidade da empresa americana Halliburton, com informações sobre a bacia de Santos, não foi o primeiro, segundo o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras e ex-engenheiro da área de Exploração e Produção da estatal, Fernando Siqueira.
"Isso [roubo] é reincidente, porque tenho notícias de que há um ano e meio vêm sendo roubados laptops na casa dos técnicos envolvidos nessa área. Houve assalto na casa de dois engenheiros e um geólogo e só levaram o laptop." Procurada, a Petrobras informou que não vai comentar as declarações.
Esse tipo de espionagem, lembrou Siqueira, é muito comum na indústria do petróleo há anos. Para ele, as suspeitas sobre o autor do roubo recaem em muitos agentes do setor. Ele só isentaria três companhias.
"Galp e Britsh Gas, por serem parceiras, e a OGX, do Eike Batista, que levou cinco gerentes de produção para trabalhar com ele, ou seja, já tem os arquivos vivos", disse.
Contemporâneo do atual diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, Siqueira lamentou que o roubo jogue 30 anos de pesquisa feita pela companhia, por um valor estimado em US$ 2 bilhões, em mãos desconhecidas.
"São informações que permitem saber a composição total do poço, saber qual a melhor localização para furar o novo poço. Dá a quem tiver esses dados informações bastante estratégicas para futura exploração e perfuração da área", afirmou.
Ele explicou que a Halliburton faz para a Petrobras um trabalho de perfilagem dos poços, ou seja, à medida que os poços vão sendo perfurados, a empresa pega amostras de rochas e traça um perfil do poço, "como se fosse um corte que vai mostrando o tipo de rocha que existe em cada camada".
O trabalho, na avaliação de Siqueira, leva cerca de dois meses. Depois de pronto, é entregue para os técnicos da Petrobras, que analisam e especificam a melhor estratégia para a produção.


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