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País aceita imposição da UE, diz ministro
Stephanes diz que Brasil vai acatar limite de 300 fazendas com rebanho apto para exportação de carne bovina à Europa
Segundo ele, "muita gente falhou"; crítica abrange frigoríficos, certificadoras, propriedades rurais e o próprio governo federal
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARACAJU (MS)
O ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, disse ontem
que o Brasil vai aceitar o limite
imposto pela União Européia
de 300 propriedades rurais habilitadas a vender carne bovina
para o bloco.
Stephanes defendeu a "reabertura do diálogo" e disse que
o ideal era habilitar de 4.000 a
5.000 propriedades.
A exportação de carne brasileira à UE está sob embargo
desde o dia 1º. A suspensão das
compras ocorreu logo após o
Brasil encaminhar uma lista
com 2.681 propriedades rurais
habilitadas a vender bois rastreados do nascimento ao abate. A UE reagiu, exigindo uma
lista de, no máximo, 300.
Anteontem, em Bruxelas, em
uma nova tentativa de negociação, o secretário de Defesa
Agropecuária do Ministério da
Agricultura, Inácio Kroetz, entregou uma nova relação de fazendas, mas não houve acordo.
Em visita a uma feira agrícola
em Maracaju (MS), Stephanes
admitiu que a proposta não havia sido aceita. "Nós vamos ter
de aceitar as 300", disse, num
recuo em relação ao que havia
afirmado anteriormente.
Em reunião no Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo) no início
da semana, o ministro Reinhold Stephanes, disse que a
relação de propriedades em
conformidade com as exigências do UE deveria ficar ao menos entre 500 e 600 fazendas.
Em São Paulo, o ministro insistiu em que a lista mínima tivesse mais que o limite de 300
propriedades imposto pela UE.
"São necessárias de 3.000 a
5.000 fazendas para haver densidade para exportar", disse.
"Com 300, não se enche nem
um contêiner", afirmou, na
reunião com empresários.
Em Mato Grosso do Sul, o
ministro defendeu, porém, a
"reabertura do diálogo" e a "reconstrução" das relações com o
bloco econômico.
"O ideal, até mesmo para que
seja possível atender à demanda dos países da União Européia, é que tenhamos de 4.000 a
5.000 propriedades habilitadas", disse o ministro.
Para cumprir esse objetivo,
segundo Stephanes, será preciso remunerar melhor os produtores que cumprirem as normas da rastreabilidade.
"Os produtores terão de receber mais vantagens para
cumprir o que é exigido", disse.
Para o ministro, o país errou
principalmente ao fechar acordo em relação às normas de rastreamento do rebanho bovino
acatando todas as exigências
dos europeus.
"Podemos dizer que nossa
maior falha foi aceitar as regras
do jogo tal como nos foram colocadas pela União Européia.
Lá a rastreabilidade é fundamental, em razão da doença da
vaca louca, que é fatal. Não temos nenhuma doença fatal em
nosso rebanho. Então não haveria a necessidade do rigor que
houve", afirmou Stephanes.
Falhas
Reinhold Stephanes voltou
ontem a reconhecer que o Brasil descumpriu o acordo firmado com a União Européia sobre
o controle de origem do gado
abatido para produzir para exportação ao bloco econômico.
O ministro da Agricultura
negou, no entanto, que tenha
havido fraudes no sistema de
rastreamento brasileiro, o Sisbov, que conta com aproximadamente 10 mil propriedades
cadastradas para a exportação.
Segundo ele, o que houve foram "falhas", em razão do que
qualificou como "exigências
burocráticas". "Houve uma dificuldade normal em cumprir
25 exigências, sendo muitas delas burocráticas e desnecessárias. Não podemos chamar isso
de irregularidade", afirmou o
ministro.
"Nesse processo, muita gente
falhou, incluindo aí os frigoríficos, as certificadoras, as propriedades rurais e o próprio ministério", disse Stephanes.
Anteontem, após participar
de reunião na Comissão de
Agricultura do Senado, o ministro da Agricultura já havia
afirmado que a carne de bois
não-rastreados foi exportada.
"Tenho certeza que frigoríficos exportaram para a União
Européia animal rastreado e
não-rastreado. No decorrer
deste ano, esse fato foi verificado", disse, na reunião com parlamentares no Congresso.
Antes, em São Paulo, havia
dito ser "claro" que o veto contra o Brasil "é uma vitória dos
pecuaristas irlandeses".
Colaborou a Redação
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