São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Decisão sobre fazendas fica para o próximo mês

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

Após dois dias de reuniões em Bruxelas, representantes do Ministério da Agricultura e da União Européia não conseguiram chegar a uma conclusão sobre o número de propriedades que poderão ser certificadas para a venda de carne bovina para os países do bloco.
Com isso, uma decisão sobre o fim do bloqueio europeu ao produto brasileiro começará a ser discutida apenas em meados do próximo mês, após inspeção da UE no Brasil.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, os técnicos europeus visitarão "entre 30 e 35" fazendas para constatar como funciona o sistema de rastreabilidade dos animais.
A UE exige que os bois sejam rastreados desde o nascimento até o abate como garantia de segurança alimentar.
Apesar de o Ministério da Agricultura ter divulgado na véspera comunicado afirmando que uma nova lista de fazendas "em condições de atender às exigências da UE" deveria ser concluída ontem, Kroetz minimizou essa definição.
"Isso é uma especulação comercial que não nos diz respeito. O que nos interessa é que foi acordado como será feita essa inspeção, quais serão as ações e os critérios", disse Kroetz.
Pouco antes, a Comissão Européia também havia afirmado que uma nova lista de propriedades estava sendo preparada.
"Ainda não foi apresentada uma lista definitiva", disse a porta-voz Mireille Thom. Segundo ela, a visita dos inspetores europeus será "crítica".
Eles chegam ao Brasil no dia 25 e começam as visitas dois dias depois. As inspeções vão se prolongar até o dia 11.
Após esses procedimentos, representantes dos países-membros do bloco e autoridades do Brasil reúnem-se em Brasília no dia 14 de março para analisar as informações. Somente então a União Européia decidirá sobre a definição de uma lista de propriedades autorizadas a fazer exportações.
A UE suspendeu suas importações de carne bovina brasileira no primeiro dia de fevereiro, devido ao desacordo em torno do número de fazendas certificadas pelo governo como aptas para a venda, sob o sistema de rastreabilidade. Com base nos recursos declarados pelo governo brasileiro para fiscalizar as propriedades, a UE chegou à conclusão de que esse número não deveria ser maior que 300.
O Brasil, contudo, apresentou lista com 2.681 propriedades.

Confiança irlandesa
Um dos principais responsáveis pela pressão à carne brasileira na União Européia, o lobby dos produtores irlandeses continua confiante em que o bloqueio europeu à carne do Brasil será mantido.
"O próprio ministro da Agricultura admitiu no Parlamento que o Brasil exportou carne para a Europa fora dos padrões exigidos", disse Padraig Walshe, presidente da Associação de Fazendeiros da Irlanda.
"Eu acredito que vai haver uma reação [da Comissão Européia] a isso", afirmou.
Nas reuniões dos últimos dois dias a lista brasileira diminuiu para um número entre 500 e 600. "Nós entregamos centenas de relatórios individuais, comentamos esses relatórios, trocamos informações", disse Kroetz, que negou a existência de impasse em torno do número de fazendas.
"Isso não é relevante agora, porque essa amostragem é para saber como o Brasil desempenha suas ações de rastreabilidade. Na reunião [após a inspeção] é que nós vamos ter uma avaliação de quais são os critérios para inclusão de propriedades brasileiras na lista", disse.


Colaborou LUCIANA OTONI, da Sucursal de Brasília


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