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Decisão sobre fazendas fica para o próximo mês
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS
Após dois dias de reuniões
em Bruxelas, representantes
do Ministério da Agricultura e
da União Européia não conseguiram chegar a uma conclusão
sobre o número de propriedades que poderão ser certificadas para a venda de carne bovina para os países do bloco.
Com isso, uma decisão sobre
o fim do bloqueio europeu ao
produto brasileiro começará a
ser discutida apenas em meados do próximo mês, após inspeção da UE no Brasil.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio
Kroetz, os técnicos europeus
visitarão "entre 30 e 35" fazendas para constatar como funciona o sistema de rastreabilidade dos animais.
A UE exige que os bois sejam
rastreados desde o nascimento
até o abate como garantia de segurança alimentar.
Apesar de o Ministério da
Agricultura ter divulgado na
véspera comunicado afirmando que uma nova lista de fazendas "em condições de atender
às exigências da UE" deveria
ser concluída ontem, Kroetz
minimizou essa definição.
"Isso é uma especulação comercial que não nos diz respeito. O que nos interessa é que foi
acordado como será feita essa
inspeção, quais serão as ações e
os critérios", disse Kroetz.
Pouco antes, a Comissão Européia também havia afirmado
que uma nova lista de propriedades estava sendo preparada.
"Ainda não foi apresentada
uma lista definitiva", disse a
porta-voz Mireille Thom.
Segundo ela, a visita dos inspetores europeus será "crítica".
Eles chegam ao Brasil no dia 25
e começam as visitas dois dias
depois. As inspeções vão se prolongar até o dia 11.
Após esses procedimentos,
representantes dos países-membros do bloco e autoridades do Brasil reúnem-se em
Brasília no dia 14 de março para
analisar as informações. Somente então a União Européia
decidirá sobre a definição de
uma lista de propriedades autorizadas a fazer exportações.
A UE suspendeu suas importações de carne bovina brasileira no primeiro dia de fevereiro,
devido ao desacordo em torno
do número de fazendas certificadas pelo governo como aptas
para a venda, sob o sistema de
rastreabilidade. Com base nos
recursos declarados pelo governo brasileiro para fiscalizar
as propriedades, a UE chegou à
conclusão de que esse número
não deveria ser maior que 300.
O Brasil, contudo, apresentou
lista com 2.681 propriedades.
Confiança irlandesa
Um dos principais responsáveis pela pressão à carne brasileira na União Européia, o
lobby dos produtores irlandeses continua confiante em que
o bloqueio europeu à carne do
Brasil será mantido.
"O próprio ministro da Agricultura admitiu no Parlamento
que o Brasil exportou carne para a Europa fora dos padrões
exigidos", disse Padraig Walshe, presidente da Associação de
Fazendeiros da Irlanda.
"Eu acredito que vai haver
uma reação [da Comissão Européia] a isso", afirmou.
Nas reuniões dos últimos
dois dias a lista brasileira diminuiu para um número entre
500 e 600. "Nós entregamos
centenas de relatórios individuais, comentamos esses relatórios, trocamos informações",
disse Kroetz, que negou a existência de impasse em torno do
número de fazendas.
"Isso não é relevante agora,
porque essa amostragem é para
saber como o Brasil desempenha suas ações de rastreabilidade. Na reunião [após a inspeção] é que nós vamos ter uma
avaliação de quais são os critérios para inclusão de propriedades brasileiras na lista", disse.
Colaborou LUCIANA OTONI,
da Sucursal de Brasília
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