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Governo inicia privatização de aeroportos
Processo deve começar com unidade de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, que seria usada como "laboratório"
Construção conduzida pelo Batalhão de Engenharia do Exército deve custar
R$ 85 milhões; término da obra está previsto para 2010
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal deu ontem
o pontapé para a privatização
de aeroportos no país com a inclusão da unidade de São Gonçalo do Amarante, em Natal
(RN), no Programa Nacional de
Desestatização. Se levada a cabo, será a primeira privatização
federal desse tipo na história do
país.
De acordo com o decreto assinado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e publicado
ontem no "Diário Oficial" da
União, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) será responsável plena pela "execução
e pelo acompanhamento do
processo de desestatização da
infra-estrutura".
Também segundo o decreto,
caberá ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) "contratar
e coordenar os estudos técnicos", depois de ouvir a Infraero
(Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), responsável pela administração
dos 68 aeroportos federais do
país.
O BNDES deverá, ainda,
"prover o apoio técnico necessário à execução e ao acompanhamento do processo de desestatização da infra-estrutura" do aeroporto.
Ontem, o governo federal
ainda não tinha detalhes sobre
a privatização do aeroporto de
São Gonçalo do Amarante, a
cerca de 20 km de Natal (RN).
O aeroporto ainda não está
concluído, e as obras são conduzidas pelo Batalhão de Engenharia do Exército. A obra foi
repassada aos militares após
suspeitas de irregularidades.
O custo das obras está estimado em R$ 85 milhões. Devem ser concluídas no início de
2010, segundo informou a Infraero ontem.
Procurado pela Folha, o Ministério da Defesa indicou a Infraero como porta-voz sobre o
assunto, que informou que o
ministério é que seria responsável pelas decisões políticas.
O governo não informou, por
exemplo, o que exatamente será licitado, se a iniciativa privada cuidará de toda a operação
do terminal ou se haverá uma
PPP (Parceria Público-Privada). Há forte pressão política e
de empresas pela privatização.
Grupos europeus têm grande
interesse em investir na região,
que recebe milhares de turistas
do continente ao longo do ano
e se tornou a "porta de entrada" para europeus no país, com
os vôos mais curtos ligando o
Nordeste a Portugal.
Segundo a legislação, toda a
área dos aeroportos, incluindo
pistas de pouso, hangares e terminais de passageiros e de cargas, é de propriedade da União,
mas administrada pela Infraero. A empresa foi constituída
com esse fim e possui receita
própria, obtida com as taxas
cobradas de passageiros e de
companhias aéreas.
Segundo a Folha apurou, o
governo decidiu privatizar o
aeroporto de São Gonçalo do
Amarante como "laboratório".
Somente depois dos resultados
e percalços do processo de privatização é que serão decididas
novas privatizações.
Anteontem, os ministros
Nelson Jobim (Defesa) e Dilma
Rousseff (Casa Civil) tiveram
um encontro para discutir,
também, a abertura de capital
da Infraero. O lançamento de
ações da empresa na Bolsa de
Valores não deve superar 25%
de seu capital, na avaliação deles. Na área estadual já houve
privatização de aeroportos.
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