São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Governo inicia privatização de aeroportos

Processo deve começar com unidade de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, que seria usada como "laboratório"

Construção conduzida pelo Batalhão de Engenharia do Exército deve custar R$ 85 milhões; término da obra está previsto para 2010

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal deu ontem o pontapé para a privatização de aeroportos no país com a inclusão da unidade de São Gonçalo do Amarante, em Natal (RN), no Programa Nacional de Desestatização. Se levada a cabo, será a primeira privatização federal desse tipo na história do país.
De acordo com o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicado ontem no "Diário Oficial" da União, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) será responsável plena pela "execução e pelo acompanhamento do processo de desestatização da infra-estrutura".
Também segundo o decreto, caberá ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) "contratar e coordenar os estudos técnicos", depois de ouvir a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), responsável pela administração dos 68 aeroportos federais do país.
O BNDES deverá, ainda, "prover o apoio técnico necessário à execução e ao acompanhamento do processo de desestatização da infra-estrutura" do aeroporto.
Ontem, o governo federal ainda não tinha detalhes sobre a privatização do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, a cerca de 20 km de Natal (RN).
O aeroporto ainda não está concluído, e as obras são conduzidas pelo Batalhão de Engenharia do Exército. A obra foi repassada aos militares após suspeitas de irregularidades.
O custo das obras está estimado em R$ 85 milhões. Devem ser concluídas no início de 2010, segundo informou a Infraero ontem.
Procurado pela Folha, o Ministério da Defesa indicou a Infraero como porta-voz sobre o assunto, que informou que o ministério é que seria responsável pelas decisões políticas.
O governo não informou, por exemplo, o que exatamente será licitado, se a iniciativa privada cuidará de toda a operação do terminal ou se haverá uma PPP (Parceria Público-Privada). Há forte pressão política e de empresas pela privatização.
Grupos europeus têm grande interesse em investir na região, que recebe milhares de turistas do continente ao longo do ano e se tornou a "porta de entrada" para europeus no país, com os vôos mais curtos ligando o Nordeste a Portugal.
Segundo a legislação, toda a área dos aeroportos, incluindo pistas de pouso, hangares e terminais de passageiros e de cargas, é de propriedade da União, mas administrada pela Infraero. A empresa foi constituída com esse fim e possui receita própria, obtida com as taxas cobradas de passageiros e de companhias aéreas.
Segundo a Folha apurou, o governo decidiu privatizar o aeroporto de São Gonçalo do Amarante como "laboratório". Somente depois dos resultados e percalços do processo de privatização é que serão decididas novas privatizações.
Anteontem, os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil) tiveram um encontro para discutir, também, a abertura de capital da Infraero. O lançamento de ações da empresa na Bolsa de Valores não deve superar 25% de seu capital, na avaliação deles. Na área estadual já houve privatização de aeroportos.


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