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agrofolha
MS autoriza cana em área vetada pela União
Lei sancionada no Estado contraria decreto do presidente Lula que proíbe a expansão do cultivo na bacia do Alto Paraguai
Produção está vetada desde setembro de 2009 para preservar o Pantanal; relator da nova lei diz ser possível
o cultivo sem degradação
ANNA CAROLINA CARDOSO
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli
(PMDB), sancionou uma lei
que contraria as regras federais
para produção de cana-de-açúcar na bacia do Alto Paraguai. A
expansão do cultivo na região
está vetada desde setembro de
2009 por um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o governo federal, a
produção de cana na parte alta
do rio Paraguai pode contaminar o Pantanal. Já o governo estadual argumenta que o texto
federal foi baseado em critérios
políticos, e não técnicos.
O ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico) do Estado,
aprovado na Assembleia Legislativa no apagar das luzes de
2009, diz que parte da bacia poderá ter cultivo de cana se seguir critérios de proteção ambiental. De acordo com a coordenação do zoneamento, a área
em que a União barra o plantio
poderia receber pelo menos
mais cinco novas usinas.
Em 2005, o governo do Estado, então administrado por Zeca do PT, perdeu apoio político
para aprovar uma lei semelhante após um ambientalista
se matar ateando fogo ao corpo
em protesto contra as usinas.
Segundo o deputado estadual
Paulo Corrêa (PR), relator do
ZEE, é tecnicamente possível
plantar cana no Alto Paraguai
sem agredir o ambiente. A cultura, segundo ele, é menos problemática que soja e milho.
O superintendente de Cidades do Estado, Sérgio Yonamine, disse haver estudos que
comprovam não haver danos
em produzir na região.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a lei
estadual só beneficia poucos
empresários interessados em
produzir no Alto Paraguai.
"Agrotóxico lá de cima vai para o Pantanal. Além disso, isso
acarreta problemas internacionais, com propaganda negativa
para nosso etanol", afirmou.
Minc argumentou que, fora a
discussão sobre se a lei de MS é
ilegal ao afrontar o decreto de
Lula, a norma vai esbarrar em
embargos do Ibama e em falta
de crédito bancário, já que uma
resolução do CMN (Conselho
Monetário Nacional) veta financiamentos na região.
A União pode decidir a questão de vez se transformar em lei
um projeto enviado ao Congresso em setembro que veta
definitivamente a expansão da
cana no Alto Paraguai.
No vizinho Mato Grosso, a
proibição federal também recebe críticas do setor produtivo. A
Assembleia do Estado pode votar em março um zoneamento
que também flexibiliza o cultivo em áreas proibidas. "A planície alagada do Pantanal avança,
no máximo, 200 metros. A cana
é plantada no planalto, que está
a 600 metros. Não há razão técnica [para proibir]", disse Jorge
Santos, do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de MT.
Para Santos, o governo foi
motivado por razões ideológicas. "Precisavam mostrar alguma coisa em Copenhague."
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