São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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Estrangeiros tiram R$ 1,04 bi da Bovespa no começo de março

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros dez dias do mês não foram dos melhores para a Bolsa de Valores de São Paulo. No período, os investidores estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bovespa, no montante de R$ 1,04 bilhão.
Essa saída de capital externo da Bovespa é explicada pela deterioração das expectativas no mercado internacional. Na semana passada, analistas e investidores estrangeiros passaram a temer a possibilidade de as taxas de juros nas grandes economias subirem mais rapidamente do que o esperado. Isso fez com que muito dinheiro saísse de ativos (ações, títulos e moedas) de emergentes, como o Brasil.
Na semana passada, com os estrangeiros - que respondem por cerca de 35% de todos os negócios feitos na Bolsa- vendendo ações de forma acelerada, o Ibovespa, principal índice do mercado local, despencou 5,99%.
Mas, nesta semana, os ânimos se acalmaram e esse cenário começou a se inverter. Tanto que a Bovespa está com valorização acumulada de 3,67% na semana.
O estrago só não foi maior na semana passada porque os investidores locais mais compraram que venderam ações no período. Considerando o segmento de pessoa física, o balanço dos negócios feitos nos primeiros dez dias de março ficou positivo em R$ 552,3 milhões. No caso dos investidores institucionais (especialmente fundos de pensão), esse saldo ficou positivo em R$ 378,3 milhões.
Profissionais do mercado afirmam que os estrangeiros têm voltado a comprar mais ações brasileiras nos últimos dias, o que tem ajudado a dar fôlego ao mercado doméstico.
No acumulado do ano, o saldo dos negócios feitos com capital externo está positivo em R$ 1,013 bilhão. Em todo 2005, esse balanço foi positivo em R$ 5,86 bilhões.
Depois de operar em alta durante todo o pregão de ontem, o Ibovespa registrou valorização de 1,87%. Na máxima do dia, a Bolsa bateu nos 2,13% de alta.
Os números apresentados pelo "Livro Bege" -documento com dados econômicos americanos, feito pelo Fed, o banco central do país- foram bem recebidos no mercado internacional, impulsionando as principais Bolsas de Valores no fim da tarde de ontem.
O documento mostra que o mercado de trabalho está bom e isso faz com que os salários subam modestamente na maioria das regiões pesquisadas. Também diz que os preços ao consumidor estão subindo moderadamente, mesmo com o aumento dos preços de energia e a alta dos custos de matérias-primas.
A indicação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para concorrer à eleição presidencial pelo PSDB, também teve receptividade positiva no mercado.

Dólar baixo
Mais uma queda do dólar não foi suficiente para fazer com que o Banco Central voltasse a atuar no mercado futuro de câmbio. O dólar teve sua quinta queda consecutiva ontem, encerrando vendido a R$ 2,122 (baixa de 0,19%).
O BC comprou dólares somente no mercado à vista, diretamente dos bancos.
O mal-estar provocado pela elevação das taxas pagas pelos títulos do Tesouro dos EUA -que levou o dólar aos R$ 2,19 na semana passada- não atrapalhou o fluxo cambial brasileiro. Segundo o BC, esse fluxo estava positivo em US$ 3,39 bilhões neste mês, até o dia 10. Nesse cenário, de sobra de dólares, fica difícil de o real deixar de se apreciar.
Com o cenário externo mais calmo e a expectativa positiva em relação à ata do Copom, que será divulgada hoje, os juros futuros não encontraram resistência para recuar. A ata apresentará detalhes sobre os motivos que levaram o Copom a reduzir a taxa básica Selic de 17,25% para 16,5% na semana passada.
Os contratos DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociados encerraram projetando juros menores no pregão de ontem da BM&F. No DI que vence na virada do ano, a taxa projetada recuou de 15,10% na sexta para 14,95% ontem. No contrato que tem resgate no fim de 2007, a taxa caiu de 14,62% para 14,41% no período.


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