São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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Agências mantêm a classificação do país

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A turbulência provocada pelo rebaixamento da recomendação do JP Morgan para títulos do Brasil é fruto da volatilidade da percepção dos mercados, e não de mudanças nos fundamentos da economia brasileira.
A visão parte das três agências que concedem "ratings" (notas de crédito): Fitch, Moody's e Standard & Poor's.
"Quando bancos como o JP Morgan rebaixam suas avaliações, não significa, necessariamente, que haja problemas estruturais. Não vemos nenhuma mudança significativa na economia brasileira", afirmou Roger Scher, diretor para dívida soberana da América Latina da Fitch, em Nova York.
Scher diz que o JP Morgan traz um termômetro de variações sutis nos humores do mercado. Mas essa temperatura, ressalta, mede variações de curto prazo.
Na avaliação do economista, "há mais de 50% de probabilidade de que o "rating" do Brasil permaneça inalterado pelos próximos dois anos". Há, contudo, algumas variáveis que poderiam forçar um rebaixamento da nota brasileira.
O alto grau de dependência externa para o financiamento da economia, a vulnerabilidade a choques externos -como uma eventual elevação da taxa básica de juros da economia americana- e pendências nas reformas estruturais são problemas. "Em 2003, o governo brasileiro promoveu avanços substanciais. Neste ano, sentimos uma maior lentidão na discussão das reformas. Mas isso ainda não afeta a nossa avaliação."
Para a Moody's, o prognóstico para o Brasil também aponta para a estabilidade.
Luiz Ernesto Martinez-Alas, vice-presidente de crédito da agência, afirma que a elevação da taxa básica de juros da economia americana já está incluída na série de componentes que a Moody's leva em consideração ao avaliar o Brasil. "A nosso ver, não há pressões que justifiquem um rebaixamento do "rating" do Brasil", declarou.
"Todos nós já sabemos que o Fed [banco central dos EUA] terá que elevar a taxa em algum momento. Não há nada de novo entre os emergentes."
Para Lisa Schineller, diretora da área de risco soberano para a América Latina da agência Standard & Poor's, o governo brasileiro tem mantido políticas fiscal e monetária prudentes.
Schineller, entretanto, afirma que o peso da relação dívida/PIB ainda é um fator de preocupação.
Apesar dessa fragilidade, a diretora da agência também afirma que não pretende fazer alterações da nota de crédito do Brasil ao longo deste ano.


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