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Agências mantêm a classificação do país
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulência provocada pelo
rebaixamento da recomendação
do JP Morgan para títulos do Brasil é fruto da volatilidade da percepção dos mercados, e não de
mudanças nos fundamentos da
economia brasileira.
A visão parte das três agências
que concedem "ratings" (notas de
crédito): Fitch, Moody's e Standard & Poor's.
"Quando bancos como o JP
Morgan rebaixam suas avaliações, não significa, necessariamente, que haja problemas estruturais. Não vemos nenhuma mudança significativa na economia
brasileira", afirmou Roger Scher,
diretor para dívida soberana da
América Latina da Fitch, em Nova
York.
Scher diz que o JP Morgan traz
um termômetro de variações sutis nos humores do mercado. Mas
essa temperatura, ressalta, mede
variações de curto prazo.
Na avaliação do economista,
"há mais de 50% de probabilidade
de que o "rating" do Brasil permaneça inalterado pelos próximos
dois anos". Há, contudo, algumas
variáveis que poderiam forçar um
rebaixamento da nota brasileira.
O alto grau de dependência externa para o financiamento da
economia, a vulnerabilidade a
choques externos -como uma
eventual elevação da taxa básica
de juros da economia americana- e pendências nas reformas
estruturais são problemas. "Em
2003, o governo brasileiro promoveu avanços substanciais. Neste ano, sentimos uma maior lentidão na discussão das reformas.
Mas isso ainda não afeta a nossa
avaliação."
Para a Moody's, o prognóstico
para o Brasil também aponta para
a estabilidade.
Luiz Ernesto Martinez-Alas, vice-presidente de crédito da agência, afirma que a elevação da taxa
básica de juros da economia americana já está incluída na série de
componentes que a Moody's leva
em consideração ao avaliar o Brasil. "A nosso ver, não há pressões
que justifiquem um rebaixamento do "rating" do Brasil", declarou.
"Todos nós já sabemos que o
Fed [banco central dos EUA] terá
que elevar a taxa em algum momento. Não há nada de novo entre os emergentes."
Para Lisa Schineller, diretora da
área de risco soberano para a
América Latina da agência Standard & Poor's, o governo brasileiro tem mantido políticas fiscal e
monetária prudentes.
Schineller, entretanto, afirma
que o peso da relação dívida/PIB
ainda é um fator de preocupação.
Apesar dessa fragilidade, a diretora da agência também afirma
que não pretende fazer alterações
da nota de crédito do Brasil ao
longo deste ano.
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