São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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Mantega afirma que não há teto para reservas brasileiras

DO ENVIADO ESPECIAL

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem em Washington que não existe teto para as reservas brasileiras e reconheceu que o país hoje tem uma política para "enxugar" o excesso de dólares no mercado a fim de conter uma valorização do real mais acentuada.
Segundo ele, o país poderá continuar aumentando "indefinidamente" a quantidade de dólares depositados no Banco Central. "A maioria das economias que hoje sofrem com a valorização de sua moeda o fazem porque estão indo bem no comércio internacional, porque têm menos riscos. E têm aumentado suas reservas. Uma das medidas (no caso brasileiro) é aumentar as reservas, enxugando os dólares excedentes na economia", disse. "Existe um custo, pois temos de traduzir isso em dívida pública, pois precisamos enxugar os reais que colocamos na economia."
Mantega disse que até quarta passada, as reservas brasileiras já somavam U$ 110 bilhões. "A vantagem de ter reservas é que torna o país seguro. Temos mais reservas do que a dívida pública brasileira. O país fica isento de um ataque especulativo contra a moeda local."
Novamente sem dar mais detalhes, o ministro disse que o governo prepara medidas de desoneração na folha de salários de empresas intensivas em mão-de-obra que hoje sofrem com a concorrência de importados. "As medidas para desonerar a folha de pagamento estão sendo estudadas, mas não vamos tomar nenhuma medida atabalhoada, para que não haja repercussões negativas. Assim que tivermos amadurecido a fórmula ideal de fazer a desoneração, nós anunciaremos."
Mantega cobrou "produtividade" e "redução de custos" dos setores mais afetados pelo dólar barato e disse que o governo tem de fazer a sua parte investindo em infra-estrutura. "Os outros mecanismos para as empresas que hoje sofrem com a valorização cambial são aumentar a produtividade e reduzir custos. Aí entra o tributário, e já tomamos medidas para baixá-lo. O custo financeiro também está caindo", disse.
Ele minimizou o impacto do juro alto na valorização do real. Com a maior taxa de juro real no mundo, o Brasil vem atraindo dólares de fora, o que deprecia ainda mais o dólar. "O juro no Brasil já foi muito mais alto do que hoje. O que temos hoje é geração de muitos dólares na economia brasileira através do comércio. Claro que há operações no mercado futuro, nós sabemos. Mas a causa básica e fundamental é o resultado comercial. Com US$ 45 bilhões de resultado comercial, há uma oferta muito maior do que a demanda." Mantega, que no passado criticou a política do BC em relação aos juros, disse ontem que "não opina" mais se as taxas são elevadas ou não.


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