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Mantega afirma que não há teto para reservas brasileiras
DO ENVIADO ESPECIAL
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) afirmou ontem em
Washington que não existe teto
para as reservas brasileiras e
reconheceu que o país hoje tem
uma política para "enxugar" o
excesso de dólares no mercado
a fim de conter uma valorização do real mais acentuada.
Segundo ele, o país poderá
continuar aumentando "indefinidamente" a quantidade de
dólares depositados no Banco
Central. "A maioria das economias que hoje sofrem com a valorização de sua moeda o fazem
porque estão indo bem no comércio internacional, porque
têm menos riscos. E têm aumentado suas reservas. Uma
das medidas (no caso brasileiro) é aumentar as reservas, enxugando os dólares excedentes
na economia", disse. "Existe
um custo, pois temos de traduzir isso em dívida pública, pois
precisamos enxugar os reais
que colocamos na economia."
Mantega disse que até quarta
passada, as reservas brasileiras
já somavam U$ 110 bilhões. "A
vantagem de ter reservas é que
torna o país seguro. Temos
mais reservas do que a dívida
pública brasileira. O país fica
isento de um ataque especulativo contra a moeda local."
Novamente sem dar mais detalhes, o ministro disse que o
governo prepara medidas de
desoneração na folha de salários de empresas intensivas em
mão-de-obra que hoje sofrem
com a concorrência de importados. "As medidas para desonerar a folha de pagamento estão sendo estudadas, mas não
vamos tomar nenhuma medida
atabalhoada, para que não haja
repercussões negativas. Assim
que tivermos amadurecido a
fórmula ideal de fazer a desoneração, nós anunciaremos."
Mantega cobrou "produtividade" e "redução de custos" dos
setores mais afetados pelo dólar barato e disse que o governo
tem de fazer a sua parte investindo em infra-estrutura. "Os
outros mecanismos para as empresas que hoje sofrem com a
valorização cambial são aumentar a produtividade e reduzir custos. Aí entra o tributário,
e já tomamos medidas para baixá-lo. O custo financeiro também está caindo", disse.
Ele minimizou o impacto do
juro alto na valorização do real.
Com a maior taxa de juro real
no mundo, o Brasil vem atraindo dólares de fora, o que deprecia ainda mais o dólar. "O juro
no Brasil já foi muito mais alto
do que hoje. O que temos hoje é
geração de muitos dólares na
economia brasileira através do
comércio. Claro que há operações no mercado futuro, nós sabemos. Mas a causa básica e
fundamental é o resultado comercial. Com US$ 45 bilhões
de resultado comercial, há uma
oferta muito maior do que a demanda." Mantega, que no passado criticou a política do BC
em relação aos juros, disse ontem que "não opina" mais se as
taxas são elevadas ou não.
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