São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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Chefe do Bird "sobrevive" após escândalo

Ao encerrar encontro, direção conjunta do FMI e Banco Mundial considera situação de Wolfowitz com "grande preocupação"

União Européia avalia que talvez seja melhor manter um Wolfowitz fragilizado no cargo do que esperar que os EUA indiquem outro

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, sobreviveu no cargo durante a reunião conjunta do órgão com o FMI (Fundo Monetário Internacional) encerrada ontem, em Washington, e não há consenso até mesmo entre os europeus se ele deve ou não deixar o posto.
Apesar de a direção conjunta do FMI e Bird verem a situação com "grande preocupação", a União Européia avalia que talvez seja melhor manter um Wolfowitz fragilizado no cargo do que esperar que os EUA indiquem outro nome e fortaleça outra vez o posto, segundo declarações atribuídas a ministros europeus.
Por um acordo tácito que já dura anos, os europeus sempre escolhem o diretor-gerente do FMI , cargo ocupado hoje pelo espanhol Rodrigo de Rato, enquanto os americanos nomeiam o chefe do Bird.
Como a Casa Branca já manifestou "total apoio" à manutenção de Wolfowitz no cargo, a falta de consenso entre os europeus poderá vir a salvá-lo de uma demissão.
O caso de Wolfowitz segue sendo avaliado, porém, pelo comitê-executivo do Bird, composto por 24 países (inclusive o Brasil), que pode tomar uma decisão sobre seu futuro nos próximos dias. A demissão dele, ex-arquiteto da invasão do Iraque, não está descartada.
Ontem, ele foi submetido a um novo constrangimento público devido a seu envolvimento direto na promoção salarial de sua namorada, Shaha Riza, ex-funcionária do Bird.

Namorada
Quando ele assumiu o Bird, em 2005, seu relacionamento com Riza tornou-se público e o conselho de ética do banco recomendou a transferência da funcionária para outro posto fora da instituição, mas com o salário ainda pago pelo Bird.
Antes da transferência, o rendimento anual de Riza, de U$ 136 mil, foi elevado a US$ 180 mil e depois reajustado em quase 8%.
Na entrevista de encerramento da reunião conjunta de FMI e Bird, em que participaram Wolfowitz e Rato, quase todas as perguntas foram dirigidas a Wolfowitz questionando se ele não deveria sair após o escândalo.
Um dos participantes, que entrou com um crachá de jornalista, chegou a ter o microfone arrancado de sua mão por um segurança quando iniciou longa crítica a Wolfowitz.
No comunicado final do Comitê de Desenvolvimento, o FMI e o Bird afirmam que devem "assegurar que o banco possa manter sua credibilidade e reputação e seu quadro de funcionários motivado". Ontem, ele disse que "o banco tem um importante trabalho à frente e eu continuarei a fazê-lo".


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