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Chefe do Bird "sobrevive" após escândalo
Ao encerrar encontro, direção conjunta do FMI e Banco Mundial considera situação de Wolfowitz com "grande preocupação"
União Européia avalia que talvez seja melhor manter um Wolfowitz fragilizado no cargo do que esperar que os EUA indiquem outro
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, sobreviveu no cargo durante a
reunião conjunta do órgão com
o FMI (Fundo Monetário Internacional) encerrada ontem,
em Washington, e não há consenso até mesmo entre os europeus se ele deve ou não deixar o
posto.
Apesar de a direção conjunta
do FMI e Bird verem a situação
com "grande preocupação", a
União Européia avalia que talvez seja melhor manter um
Wolfowitz fragilizado no cargo
do que esperar que os EUA indiquem outro nome e fortaleça
outra vez o posto, segundo declarações atribuídas a ministros europeus.
Por um acordo tácito que já
dura anos, os europeus sempre
escolhem o diretor-gerente do
FMI , cargo ocupado hoje pelo
espanhol Rodrigo de Rato, enquanto os americanos nomeiam o chefe do Bird.
Como a Casa Branca já manifestou "total apoio" à manutenção de Wolfowitz no cargo, a
falta de consenso entre os europeus poderá vir a salvá-lo de
uma demissão.
O caso de Wolfowitz segue
sendo avaliado, porém, pelo comitê-executivo do Bird, composto por 24 países (inclusive o
Brasil), que pode tomar uma
decisão sobre seu futuro nos
próximos dias. A demissão dele, ex-arquiteto da invasão do
Iraque, não está descartada.
Ontem, ele foi submetido a
um novo constrangimento público devido a seu envolvimento direto na promoção salarial
de sua namorada, Shaha Riza,
ex-funcionária do Bird.
Namorada
Quando ele assumiu o Bird,
em 2005, seu relacionamento
com Riza tornou-se público e o
conselho de ética do banco recomendou a transferência da
funcionária para outro posto
fora da instituição, mas com o
salário ainda pago pelo Bird.
Antes da transferência, o
rendimento anual de Riza, de
U$ 136 mil, foi elevado a US$
180 mil e depois reajustado em
quase 8%.
Na entrevista de encerramento da reunião conjunta de
FMI e Bird, em que participaram Wolfowitz e Rato, quase
todas as perguntas foram dirigidas a Wolfowitz questionando se ele não deveria sair após o
escândalo.
Um dos participantes, que
entrou com um crachá de jornalista, chegou a ter o microfone arrancado de sua mão por
um segurança quando iniciou
longa crítica a Wolfowitz.
No comunicado final do Comitê de Desenvolvimento, o
FMI e o Bird afirmam que devem "assegurar que o banco
possa manter sua credibilidade
e reputação e seu quadro de
funcionários motivado". Ontem, ele disse que "o banco tem
um importante trabalho à frente e eu continuarei a fazê-lo".
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