|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cresce o risco de colapso elétrico em SP
Estado reconhece sobrecarga do sistema, e ONS aponta em reunião extraordinária que SP precisa de 14 obras emergenciais
Atraso na definição das obras exigirá medidas para evitar problemas até 2010; consumidor bancará expansão e melhorias
Danilo Verpa/Folha Imagem
|
|
ÀS ESCURAS
Rua na região de Campos Elíseos (zona central de SP), que sofreu corte de energia ontem à noite em razão de rompimento de uma cruzeta, base de madeira que dá sustentação a fios elétricos nos postes; ficaram sem luz 2.600 imóveis, segundo a Eletropaulo
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ONS (Operador Nacional
do Sistema Elétrico) determinou a realização de 14 obras
emergenciais de transmissão
para reduzir o risco de um apagão em São Paulo.
A situação da infra-estrutura
em alguns regiões do Estado foi
considerada muito crítica pelo
ONS. O diagnóstico foi divulgado pela Secretaria de Saneamento e Energia do Estado e foi
apresentado numa reunião extraordinária em São Paulo na
última segunda-feira.
O encontro foi marcado depois de um desligamento ocorrido numa subestação próxima
à região da Berrini, na zona sul
da capital paulista. É uma das
áreas críticas em São Paulo.
Os incêndios de outras três
subestações das concessionárias privadas Bandeirante
Energia (distribuição de energia) e Cteep (Companhia de
Transmissão de Energia Elétrica Paulista), controlada pela estatal colombiana ISA, tornaram o assunto ainda mais urgente, embora suas causas ainda estejam sendo investigadas.
Na semana passada, a secretária de Saneamento e Energia
de São Paulo, Dilma Pena, declarou que o sistema de transmissão paulista está "sobrecarregado".
O ONS identificou problemas sérios em seis regiões:
Grande São Paulo, Campinas,
Bauru, São José do Rio Preto,
Vale do Paraíba e Baixada Santista. Entre as obras prioritárias, estão novas subestações e
novas linhas de transmissão
com maior capacidade.
O órgão gestor do sistema
elétrico nacional disse durante
o encontro que as 14 obras indicadas como prioridade absoluta já deveriam "estar em operação". Pior: segundo a secretaria,
nenhuma das obras deve ficar
pronta em menos de dois anos,
isso porque parte dos empreendimentos nem sequer tem
perspectiva de licitação.
Das 14 obras indicadas como
prioritárias, apenas seis entraram no leilão que a Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) irá organizar no dia 27
de junho. Essa situação preocupa o governo de São Paulo. Segundo o coordenador de energia da Secretaria de Energia de
São Paulo, Jean Negri, o governo paulista vai encaminhar um
ofício do Ministério de Minas e
Energia para liberação imediatas das oito obras não incluídas
no leilão.
Negri explica que o sistema
atualmente opera com baixíssimos níveis de "flexibilidade".
"O sistema tem um grau de criticidade alta por que não tem
flexibilidade", explicou Negri.
Emergências
Na reunião de segunda-feira,
ficou decidido um novo encontro para discutir quais medidas
operacionais serão adotadas
em São Paulo para que o sistema consiga cruzar os próximos
dois anos sem grandes sobressaltos. Serão medidas pontuais
de ordem técnica que serão determinadas pela Aneel (agência
reguladora do setor) e pelo
ONS. Segundo Negri, ainda não
há uma data definida para essa
nova reunião.
Além da Secretaria Estadual
de Energia, do ONS e da Aneel,
participaram do encontro a
agência reguladora do setor em
São Paulo (Arsesp), a Cteep e as
concessionárias de distribuição
de energia.
Segundo a Secretaria de
Energia, todas as obras apontadas como prioritárias pelo ONS
estavam previstas no planejamento do sistema elétrico. O
governo paulista avalia que há
um descompasso entre a necessidade de expansão do sistema
e o processo de liberação das
expansões. "Todas essas obras
já estavam previstas, mas há
um tempo longo entre a identificação do problema e a autorização para que seja executada.
O fato é que o processo não
acompanha o ritmo de crescimento da demanda. Há uma
descompasso aí", admite Negri.
O aumento da capacidade da
infra-estrutura será bancado
pela tarifa paga pelo consumidor aos vencedores dos leilões.
Demanda
O consumo de energia no Estado de São Paulo cresce entre
4% a 5% ao ano, diz a Secretaria
de Energia. "Esse crescimento
exige que sejam feitas obras. Há
uma pressão para que se aumente a geração de energia a
fim de assegurar volumes para
o aumento de consumo, mas as
redes de transmissão e distribuição também precisam crescer para suportar essa demanda", diz Negri.
A secretaria afirma que a infra-estrutura de transmissão
em São Paulo comporta hoje
uma capacidade de 20,45 mil
MW, 6.000 megawatts a mais
do que a potência instalada de
Itaipu. Só a Grande São Paulo
possui um sistema instalado
que suporta 8.500 MW. Além
de avaliar qual é a situação da
transmissão para tensões menores (abaixo dos 230 mil
volts), a secretaria quer também um diagnóstico da situação das áreas sob a responsabilidade das distribuidoras, que
fazem a energia chegar ao consumidor final.
A idéia é avaliar também as
subestações das distribuidoras.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frase Índice
|