São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Cresce o risco de colapso elétrico em SP

Estado reconhece sobrecarga do sistema, e ONS aponta em reunião extraordinária que SP precisa de 14 obras emergenciais

Atraso na definição das obras exigirá medidas para evitar problemas até 2010; consumidor bancará expansão e melhorias


Danilo Verpa/Folha Imagem
ÀS ESCURAS
Rua na região de Campos Elíseos (zona central de SP), que sofreu corte de energia ontem à noite em razão de rompimento de uma cruzeta, base de madeira que dá sustentação a fios elétricos nos postes; ficaram sem luz 2.600 imóveis, segundo a Eletropaulo


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determinou a realização de 14 obras emergenciais de transmissão para reduzir o risco de um apagão em São Paulo.
A situação da infra-estrutura em alguns regiões do Estado foi considerada muito crítica pelo ONS. O diagnóstico foi divulgado pela Secretaria de Saneamento e Energia do Estado e foi apresentado numa reunião extraordinária em São Paulo na última segunda-feira.
O encontro foi marcado depois de um desligamento ocorrido numa subestação próxima à região da Berrini, na zona sul da capital paulista. É uma das áreas críticas em São Paulo.
Os incêndios de outras três subestações das concessionárias privadas Bandeirante Energia (distribuição de energia) e Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), controlada pela estatal colombiana ISA, tornaram o assunto ainda mais urgente, embora suas causas ainda estejam sendo investigadas.
Na semana passada, a secretária de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Pena, declarou que o sistema de transmissão paulista está "sobrecarregado".
O ONS identificou problemas sérios em seis regiões: Grande São Paulo, Campinas, Bauru, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e Baixada Santista. Entre as obras prioritárias, estão novas subestações e novas linhas de transmissão com maior capacidade.
O órgão gestor do sistema elétrico nacional disse durante o encontro que as 14 obras indicadas como prioridade absoluta já deveriam "estar em operação". Pior: segundo a secretaria, nenhuma das obras deve ficar pronta em menos de dois anos, isso porque parte dos empreendimentos nem sequer tem perspectiva de licitação.
Das 14 obras indicadas como prioritárias, apenas seis entraram no leilão que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) irá organizar no dia 27 de junho. Essa situação preocupa o governo de São Paulo. Segundo o coordenador de energia da Secretaria de Energia de São Paulo, Jean Negri, o governo paulista vai encaminhar um ofício do Ministério de Minas e Energia para liberação imediatas das oito obras não incluídas no leilão.
Negri explica que o sistema atualmente opera com baixíssimos níveis de "flexibilidade". "O sistema tem um grau de criticidade alta por que não tem flexibilidade", explicou Negri.

Emergências
Na reunião de segunda-feira, ficou decidido um novo encontro para discutir quais medidas operacionais serão adotadas em São Paulo para que o sistema consiga cruzar os próximos dois anos sem grandes sobressaltos. Serão medidas pontuais de ordem técnica que serão determinadas pela Aneel (agência reguladora do setor) e pelo ONS. Segundo Negri, ainda não há uma data definida para essa nova reunião.
Além da Secretaria Estadual de Energia, do ONS e da Aneel, participaram do encontro a agência reguladora do setor em São Paulo (Arsesp), a Cteep e as concessionárias de distribuição de energia.
Segundo a Secretaria de Energia, todas as obras apontadas como prioritárias pelo ONS estavam previstas no planejamento do sistema elétrico. O governo paulista avalia que há um descompasso entre a necessidade de expansão do sistema e o processo de liberação das expansões. "Todas essas obras já estavam previstas, mas há um tempo longo entre a identificação do problema e a autorização para que seja executada. O fato é que o processo não acompanha o ritmo de crescimento da demanda. Há uma descompasso aí", admite Negri.
O aumento da capacidade da infra-estrutura será bancado pela tarifa paga pelo consumidor aos vencedores dos leilões.

Demanda
O consumo de energia no Estado de São Paulo cresce entre 4% a 5% ao ano, diz a Secretaria de Energia. "Esse crescimento exige que sejam feitas obras. Há uma pressão para que se aumente a geração de energia a fim de assegurar volumes para o aumento de consumo, mas as redes de transmissão e distribuição também precisam crescer para suportar essa demanda", diz Negri.
A secretaria afirma que a infra-estrutura de transmissão em São Paulo comporta hoje uma capacidade de 20,45 mil MW, 6.000 megawatts a mais do que a potência instalada de Itaipu. Só a Grande São Paulo possui um sistema instalado que suporta 8.500 MW. Além de avaliar qual é a situação da transmissão para tensões menores (abaixo dos 230 mil volts), a secretaria quer também um diagnóstico da situação das áreas sob a responsabilidade das distribuidoras, que fazem a energia chegar ao consumidor final.
A idéia é avaliar também as subestações das distribuidoras.


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