São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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IPI menor para material de construção é prorrogado

Benefício, que acabaria em junho, é estendido até o fim do ano; medida custará R$ 723 mi

Mantega diz que "afobação do comprador que não quer perder incentivo" elevou preços e levou governo a prorrogar o benefício

JANAINA LAGE
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem a prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor de material de construção até o fim do ano. O benefício deveria acabar em junho, mas, segundo Mantega, a demanda aquecida provocou uma afobação por parte dos compradores para adquirir produtos com custo mais baixo.
"Quando você vai fazer uma casa ou um apartamento, precisa de um certo tempo. A compra de material é espaçada no tempo. Com o prazo final em junho, está havendo uma concentração de pedidos que está elevando alguns preços por conta dessa afobação do comprador que não quer perder o incentivo", disse o ministro, que visitou ontem o estaleiro STX Brasil Offshore, em Niterói, onde participou de evento do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore.
A prorrogação do IPI vai custar R$ 723 milhões aos cofres públicos, segundo cálculos da Receita Federal.
De acordo com Mantega, a medida se justifica porque o setor de material de construção está mais ligado ao investimento do que ao consumo. A construção civil representa cerca de 40% do investimento no país. O ministro diz que a medida contribui para manter a taxa de investimento em nível elevado e que nenhum outro setor deverá contar com prorrogação da isenção de impostos.
O presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, afirmou que a prorrogação do benefício evita que as obras e o programa Minha Casa, Minha Vida pressionem os preços ou causem desabastecimento.
"Estávamos passando por um período de antecipação de compra, principalmente nos últimos 30 dias, e isso estava causando algum desconforto e até a previsão de falta de produtos nos próximos 60 dias."
Estudo apresentado pelo setor ao ministro estima que a redução total do IPI sobre material de construção resultaria em aumento de 1,34% do PIB e também em uma expansão de 1,27% no nível de emprego em um período de 24 meses.
Segundo dados da FGV, o Índice Nacional da Construção Civil saltou de 0,36% em fevereiro para 0,75% em março. Boa parte desse resultado, no entanto, está relacionada a aumento da mão de obra.
Em fevereiro, o faturamento total das vendas internas de material de construção cresceu 19,01% na comparação com igual período do ano anterior, segundo dados da Abramat (associação da indústria de material de construção).


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