São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Dólar bate em R$ 1,734, e BC intervém duas vezes

Com atuação, moeda fecha em alta; juro futuro sobe

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central teve de atuar de forma mais intensa no mercado de câmbio para conter a depreciação do dólar. Duas intervenções durante o pregão de ontem foram necessárias para afastar a moeda de seu piso no dia, que foi de R$ 1,734. No encerramento, o dólar ficou em R$ 1,752 (alta de 0,17%).
Sem a atuação mais vigorosa da autoridade monetária, o dólar caminhava para cravar ontem seu sexto dia consecutivo de baixa. Segundo operadores de corretoras, o BC não realizava dois leilões de compra de moeda estrangeira desde 2007.
"Havia muito tempo o BC não atuava como hoje [ontem]. Mas houve uma operação extraordinária que resultou na entrada de um volume excessivo de moeda, para o qual não havia demanda suficiente. Sem a atuação do BC, a moeda caminharia para R$ 1,70", afirmou João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pionner.
Nas mesas das corretoras, comentou-se que foi um banco, de médio porte, que trouxe um volume expressivo de dólares para o mercado local, pois teria tido perdas com operações na BM&F, tendo de honrá-las.
Além da entrada de ontem, o mercado tem lidado com o crescente fluxo de capital externo para a Bolsa. Após o saldo das operações feitas pelos estrangeiros ter ficado positivo em R$ 3,15 bilhões em março -melhor resultado desde setembro passado-, mais R$ 1,3 bilhão líquido entrou na Bolsa nos primeiros dez dias do mês.
O dólar acumula desvalorização de 1,63% em abril.
Na Bovespa, os investidores preferiram ignorar o dia positivo no exterior e venderam ações. A Bolsa teve baixa de 0,72%, indo a 70.524 pontos.
Com a proximidade da reunião do Copom, muito aguardada por representar, provavelmente, o início do ciclo de elevações da taxa básica Selic, o mercado começa a se agitar. A expectativa predominante é que a Selic seja aumentada em 0,50 ou 0,75 ponto percentual. Mas já começam a aparecer defensores de uma elevação de um ponto nos juros, que estão hoje em 8,75% anuais.
No pregão da BM&F de ontem, a taxa projetada no contrato que vence no fim do ano foi de 10,66% para 10,71%.
A pressão dos preços, apontada na última divulgação do IPCA, tem fortalecido a percepção de que talvez seja necessário elevar a Selic para patamares acima do projetado hoje. Para a Bolsa, tal cenário não é animador. Quanto maior for a Selic, mais os investidores ficam tentados a trocar ações por aplicações que rendem juros.


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