São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010

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Siderúrgicas temem aumento nos custos

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo regime de reajuste dos preços do minério de ferro vai forçar as siderúrgicas a reverem o seu modelo de negócio e, no final, prejudicará os consumidores de aço, na avaliação de Lakshimi Mittal, presidente da ArcelorMittal, a maior fabricante do material no mundo.
"Estou muito preocupado com o impacto que o novo modelo terá em toda a cadeia. Essa ideia de rever os valores a cada três meses pode não ser adequada aos projetos de determinados clientes. Quem trabalha no setor de infraestrutura, por exemplo, está lidando com empreendimentos de longo prazo e não pode rever os seus custos trimestralmente", afirmou o executivo ontem, durante palestra no 21º Congresso Brasileiro do Aço. Outras indústrias que têm o aço como insumo são as de eletrodomésticos da linha branca, como geladeiras, e as montadoras de automóveis.
Antes, as negociações entre mineradoras e siderúrgicas sobre os preços aconteciam uma vez por ano, mas agora passarão a acontecer de três em três meses, como anunciado pelas maiores produtoras de ferro do planeta: Vale, BHP Billiton e Rio Tinto. "Os fornecedores estão contentes com essas alterações porque os preços têm subido ultimamente. Não sabemos, porém, quanto tempo o ciclo [de crescimento da demanda pelo minério, puxado pela China] vai durar ou quando será revertido", alertou Mittal.
No último acordo, fechado com siderúrgicas japonesas e sul-coreanas, mas considerado diretriz para os demais, as mineradoras conseguiram aumentar os preços em até 90%. Mittal também reclamou da maneira como os acertos têm sido feitos. "Como muitas associações de nível regional e global têm apontado, todas as companhias do ramo de aço sofrem os impactos do forte aumento dos preços do minério e da crescente concentração da oferta do ferro. Na visão dessas organizações, qualquer concentração adicional só pode ser ruim para a nossa indústria."
Para Flávio Azevedo, presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), entidade que reúne as siderúrgicas no país, todas essas modificações significarão uma alta de aproximadamente 20% nos custos de operação das empresas do setor. Então, uma das saídas nas quais as companhias têm investido cada vez mais é buscar ter as suas próprias unidades de mineração. Mittal afirmou que a empresa que dirige deve investir US$ 5 bilhões no Brasil até 2013, e um dos destaques no seu plano é ampliar a capacidade de extração de minério de ferro de 5 milhões de toneladas por ano para 15 milhões de toneladas por ano, de olho na meta de ser suficiente em até 75% do seu consumo.


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