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Siderúrgicas temem aumento nos custos
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo regime de reajuste
dos preços do minério de ferro
vai forçar as siderúrgicas a reverem o seu modelo de negócio
e, no final, prejudicará os consumidores de aço, na avaliação
de Lakshimi Mittal, presidente
da ArcelorMittal, a maior fabricante do material no mundo.
"Estou muito preocupado com
o impacto que o novo modelo
terá em toda a cadeia. Essa
ideia de rever os valores a cada
três meses pode não ser adequada aos projetos de determinados clientes. Quem trabalha
no setor de infraestrutura, por
exemplo, está lidando com empreendimentos de longo prazo
e não pode rever os seus custos
trimestralmente", afirmou o
executivo ontem, durante palestra no 21º Congresso Brasileiro do Aço. Outras indústrias
que têm o aço como insumo são
as de eletrodomésticos da linha
branca, como geladeiras, e as
montadoras de automóveis.
Antes, as negociações entre
mineradoras e siderúrgicas sobre os preços aconteciam uma
vez por ano, mas agora passarão a acontecer de três em três
meses, como anunciado pelas
maiores produtoras de ferro do
planeta: Vale, BHP Billiton e
Rio Tinto. "Os fornecedores estão contentes com essas alterações porque os preços têm subido ultimamente. Não sabemos, porém, quanto tempo o ciclo [de crescimento da demanda pelo minério, puxado pela
China] vai durar ou quando será revertido", alertou Mittal.
No último acordo, fechado
com siderúrgicas japonesas e
sul-coreanas, mas considerado
diretriz para os demais, as mineradoras conseguiram aumentar os preços em até 90%.
Mittal também reclamou da
maneira como os acertos têm
sido feitos. "Como muitas associações de nível regional e global têm apontado, todas as
companhias do ramo de aço sofrem os impactos do forte aumento dos preços do minério e
da crescente concentração da
oferta do ferro. Na visão dessas
organizações, qualquer concentração adicional só pode ser
ruim para a nossa indústria."
Para Flávio Azevedo, presidente do Instituto Aço Brasil
(IABr), entidade que reúne as
siderúrgicas no país, todas essas modificações significarão
uma alta de aproximadamente
20% nos custos de operação
das empresas do setor. Então,
uma das saídas nas quais as
companhias têm investido cada
vez mais é buscar ter as suas
próprias unidades de mineração. Mittal afirmou que a empresa que dirige deve investir
US$ 5 bilhões no Brasil até
2013, e um dos destaques no
seu plano é ampliar a capacidade de extração de minério de
ferro de 5 milhões de toneladas
por ano para 15 milhões de toneladas por ano, de olho na meta de ser suficiente em até 75%
do seu consumo.
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