São Paulo, domingo, 16 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JOGO DE NÚMEROS

Governo quer pesquisa sobre emprego em todo país

Ministério do Trabalho diz que é preciso ampliar dados

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério do Trabalho considera que o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) é um indicador eficiente do mercado de trabalho. "O Caged tem um caráter censitário e atinge todos os municípios do Brasil", diz Remígio Todeschini, secretário de Políticas Públicas.
Mas admite que há a necessidade de uma pesquisa mais ampla, abrangendo "todas as regiões metropolitanas e boa parte do interior do país". O ministério estuda, em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a criação de um levantamento estatístico. O custo de uma PME (Pesquisa Mensal de Emprego) de âmbito nacional, por exemplo, foi estimado em aproximadamente R$ 11 milhões, de acordo com técnicos do instituto.
Para o secretário, o fato de não haver uma amostra fixa de empresas que prestam declarações mensais ao Caged não compromete o resultado do indicador. "A variação é insignificante e não compromete a qualidade estatística dos dados. Até mesmo porque o foco [o objetivo do Caged] é o saldo entre as admissões e os desligamentos." Cerca de 500 mil empresas prestam informações mensalmente ao Caged.
Para Todeschini, o Caged mostra as variações no emprego ao longo do ano, assim como os outros indicadores. "O Caged registra saldos negativos. Geralmente, o nível de emprego tende a ser negativo no final de cada ano. O Caged é o que mais capta os efeitos sazonais e conjunturais do mercado de trabalho", afirma.
Desde 1997, segundo informa o secretário, o preenchimento das informações é on-line. "Usa-se um sistema similar ao da declaração do Imposto de Renda. O fluxo de mão-de-obra [admissões e desligamentos] é influenciado pela conjuntura. A cobertura do Caged é resultado do ambiente econômico", diz Todeschini.
O secretário afirma que o estoque de empregos é da ordem de 23,5 milhões. O saldo de 347 mil postos criados de janeiro a março deste ano, segundo ele, foram "agregados ao estoque".
"Quando o estabelecimento presta informações ao Caged é porque ele reconhece que houve movimento. Se não declara, reconhece que não houve movimento", diz Todeschini.
De acordo com o secretário, o emprego formal está crescendo, mas não em ritmo suficiente para atender os que entram no mercado de trabalho. "No ano passado, houve a criação de 742 mil empregos formais no país. Mas 1,5 milhão de pessoas ingressou no mercado. A procura por uma oportunidade aumentou devido a queda na renda das famílias."
Angela Filgueiras Jorge, coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, diz que o Caged é um retrato do que acontece com o emprego no setor formal. "Para o que o indicador se propõe [mostrar o saldo entre contratações e demissões], ele cumpre."
(CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)


Texto Anterior: Luís Nassif: O olhar do embaixador
Próximo Texto: Geração do "milagre econômico" chega à fase da aposentadoria
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.