São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Mantega diz que não haverá medida artificial no câmbio

Ministro reitera manutenção do regime de câmbio flutuante, apesar do dólar fraco

Segundo ele, empresas exportadoras também têm encontrado espaço no mercado interno para a ampliação de seus lucros


JULIANNA SOFIA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de a cotação do dólar ter fechado ontem abaixo de R$ 2, o governo manteve o discurso de que não vai alterar o regime de câmbio flutuante. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não "dá para fazer nenhuma medida artificial" nem se "meter em aventura". Durante entrevista coletiva pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também reforçou esse discurso.
"Não dá para fazer nenhuma medida artificial. O governo brasileiro não vai suprimir o regime de câmbio flutuante. A gente não vai se meter em aventura. Não vamos fixar câmbio, criar âncora cambial e outras coisas que fizeram no passado. Vamos continuar o regime", afirmou o ministro, pouco antes de o mercado fechar as operações do dia, com o dólar cotado a R$ 1,983.
O ministro destacou que as atuações do governo são diárias com a compra de dólares para as reservas internacionais, o que diminui a oferta da moeda americana no mercado.
Em outra frente, o Ministério da Fazenda prepara medidas compensatórias para desonerar a folha de pagamento das empresas exportadoras intensivas em mão-de-obra, mas que deve ser ampliada para outros setores. Mantega disse que as mudanças serão anunciadas em breve.
Ele também afirmou que há um fenômeno internacional verificado nos países emergentes que se encontram em situação econômica sólida. "Esses países oferecem condições favoráveis e isso atrai capital estrangeiro, investimentos e principalmente dólar. O dólar está se desvalorizando porque a economia americana não está crescendo adequadamente e essas outras economias oferecem condições melhores."
Mantega ainda destacou que no regime flutuante o dólar pode cair a R$ 1,99 em um dia e no dia seguinte chegar a R$ 2,03. "Eu quero lembrar que o dólar é flutuante. Caiu abaixo de R$ 2, mas ele pode voltar. Isso é o regime de câmbio flutuante", afirmou o ministro.
Para ele, o governo tem dado condições para que as empresas brasileiras que vêm sofrendo com o impacto do câmbio possam se defender de outras maneiras. Citou como exemplo a redução do custo financeiro e do custo tributário, além de uma maior oferta de infra-estrutura. "Tudo isso compensa o aumento do custo cambial."
O ministro ainda destacou que as empresas exportadoras também têm encontrado no mercado interno espaço para ampliarem seus lucros. "O lucro que ela não tem lá fora pode ter aqui dentro. Sabemos que o mercado consumidor brasileiro está crescendo a taxas chinesas. O que interessa é o saldo final", disse Mantega.
Ele declarou que as importações estão abertas e por isso vem crescendo a importação dos bens de capital sem similar nacional ou dos equipamentos que o mercado interno não tem conseguido suprir as encomendas. "Essas são as vicissitudes de um país que vai muito bem."

Estados
Mantega reafirmou que o governo estuda uma forma de flexibilizar o orçamento dos governos estaduais para permitir que eles possam ampliar seus investimentos.
"Isso não significa necessariamente aumento de endividamento. O que estamos estudando são outras medidas para que eles possam ter mais recursos, sem que isso implique violar a Lei de Responsabilidade Fiscal, comprometer as contas públicas e ameaçar a realização do superávit primário".
Entre as alternativas em estudo está o que o ministro chamou de "swap de dívida", o que possibilitaria os Estados trocar um tipo de dívida por outra.


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