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Mantega diz que não haverá medida artificial no câmbio
Ministro reitera manutenção do regime de câmbio flutuante, apesar do dólar fraco
Segundo ele, empresas exportadoras também têm encontrado espaço no mercado interno para a ampliação de seus lucros
JULIANNA SOFIA
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de a cotação do dólar
ter fechado ontem abaixo de R$
2, o governo manteve o discurso de que não vai alterar o regime de câmbio flutuante. Segundo o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, não "dá para
fazer nenhuma medida artificial" nem se "meter em aventura". Durante entrevista coletiva
pela manhã, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva também
reforçou esse discurso.
"Não dá para fazer nenhuma
medida artificial. O governo
brasileiro não vai suprimir o regime de câmbio flutuante. A
gente não vai se meter em
aventura. Não vamos fixar
câmbio, criar âncora cambial e
outras coisas que fizeram no
passado. Vamos continuar o regime", afirmou o ministro, pouco antes de o mercado fechar as
operações do dia, com o dólar
cotado a R$ 1,983.
O ministro destacou que as
atuações do governo são diárias
com a compra de dólares para
as reservas internacionais, o
que diminui a oferta da moeda
americana no mercado.
Em outra frente, o Ministério da Fazenda prepara medidas compensatórias para desonerar a folha de pagamento das
empresas exportadoras intensivas em mão-de-obra, mas que
deve ser ampliada para outros
setores. Mantega disse que as
mudanças serão anunciadas
em breve.
Ele também afirmou que há
um fenômeno internacional
verificado nos países emergentes que se encontram em situação econômica sólida. "Esses
países oferecem condições favoráveis e isso atrai capital estrangeiro, investimentos e
principalmente dólar. O dólar
está se desvalorizando porque a
economia americana não está
crescendo adequadamente e
essas outras economias oferecem condições melhores."
Mantega ainda destacou que
no regime flutuante o dólar pode cair a R$ 1,99 em um dia e no
dia seguinte chegar a R$ 2,03.
"Eu quero lembrar que o dólar
é flutuante. Caiu abaixo de R$
2, mas ele pode voltar. Isso é o
regime de câmbio flutuante",
afirmou o ministro.
Para ele, o governo tem dado
condições para que as empresas brasileiras que vêm sofrendo com o impacto do câmbio
possam se defender de outras
maneiras. Citou como exemplo
a redução do custo financeiro e
do custo tributário, além de
uma maior oferta de infra-estrutura. "Tudo isso compensa o
aumento do custo cambial."
O ministro ainda destacou
que as empresas exportadoras
também têm encontrado no
mercado interno espaço para
ampliarem seus lucros. "O lucro que ela não tem lá fora pode
ter aqui dentro. Sabemos que o
mercado consumidor brasileiro está crescendo a taxas chinesas. O que interessa é o saldo final", disse Mantega.
Ele declarou que as importações estão abertas e por isso
vem crescendo a importação
dos bens de capital sem similar
nacional ou dos equipamentos
que o mercado interno não tem
conseguido suprir as encomendas. "Essas são as vicissitudes
de um país que vai muito bem."
Estados
Mantega reafirmou que o governo estuda uma forma de flexibilizar o orçamento dos governos estaduais para permitir
que eles possam ampliar seus
investimentos.
"Isso não significa necessariamente aumento de endividamento. O que estamos estudando são outras medidas para
que eles possam ter mais recursos, sem que isso implique violar a Lei de Responsabilidade
Fiscal, comprometer as contas
públicas e ameaçar a realização
do superávit primário".
Entre as alternativas em estudo está o que o ministro chamou de "swap de dívida", o que
possibilitaria os Estados trocar
um tipo de dívida por outra.
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