São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Pastore diz que real forte eleva investimento produtivo no país

DOS ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

O economista e ex-presidente do Banco Central Afonso Celso Pastore criticou ontem quem afirma que um dólar abaixo de R$ 2 é um risco para a economia brasileira e disse que estudos mostram que o real valorizado incentiva o investimento produtivo no país.
"Não acho que devamos acender uma vela ao diabo porque o dólar ficou abaixo de R$ 2. Não haverá crise no país com o dólar nesse valor", disse Pastore no Fórum Nacional, evento promovido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso.
Pastore disse não concordar com a visão maniqueísta de que exportar é do bem e importar é "coisa do mal". Ele disse preferir destacar os efeitos positivos da valorização do real: "Barateia a importação de bens de capital, essenciais para você aumentar o investimento".
Segundo ele, estudos indicam que no Brasil o investimento cresce quando ocorre um processo de aumento das importações. "Quando o real está desvalorizado, a importação de bens de capital cai e isso se reflete pesadamente na formação de investimentos do país", afirmou.
O presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Fábio Barbosa, afirmou ontem que a queda do dólar abaixo de R$ 2 era "previsível" e que é decorrente, entre outros fatores, da perspectiva de o Brasil alcançar em breve o "investment grade" (recomendação para investimento dada por agências de risco americanas).
"Existe uma entrada grande de dólar e isso leva o preço da moeda americana para baixo. Era previsível, é apenas uma questão que R$ 2 é um número redondo e chama mais a atenção, mas é uma queda que já está estabelecida", afirmou.
Ele destacou que a desvalorização do dólar acontece não só apenas em relação ao real, mas também a outras moedas. "No Brasil há aumento de fluxo de capital, com a entrada de novos investidores, e o saldo comercial bastante positivo."
Barbosa, que é presidente do ABN Amro Real, declarou que o Banco Central não tem como política controlar o câmbio. "O BC tem uma política de constituição de reservas, o dólar está mais baixo e por isso ele tem aproveitado para comprar", disse o presidente da Febraban, que participou ontem do almoço de posse da nova presidência da Associação e Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro.
Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a queda do dólar, fruto da atração de capitais externos, não constitui problema ao setor produtivo.
"O país tem indicadores excelentes. Tem atraído muito capital e isso gera essa flutuação do dólar para baixo. Nós vamos encontrar o ponto de equilíbrio. Embora o câmbio tenha um efeito negativo para alguns segmentos, o setor produtivo se preparou muito. Tanto que as exportações vão bater perto de US$ 145 bilhões", disse o ministro, que participou ontem do 19º Fórum Nacional no Rio.


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