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Pastore diz que real forte eleva investimento produtivo no país
DOS ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
O economista e ex-presidente do Banco Central Afonso
Celso Pastore criticou ontem
quem afirma que um dólar
abaixo de R$ 2 é um risco para a
economia brasileira e disse que
estudos mostram que o real valorizado incentiva o investimento produtivo no país.
"Não acho que devamos
acender uma vela ao diabo porque o dólar ficou abaixo de R$
2. Não haverá crise no país com
o dólar nesse valor", disse Pastore no Fórum Nacional, evento promovido pelo ex-ministro
João Paulo dos Reis Velloso.
Pastore disse não concordar
com a visão maniqueísta de que
exportar é do bem e importar é
"coisa do mal". Ele disse preferir destacar os efeitos positivos
da valorização do real: "Barateia a importação de bens de capital, essenciais para você aumentar o investimento".
Segundo ele, estudos indicam que no Brasil o investimento cresce quando ocorre
um processo de aumento das
importações. "Quando o real
está desvalorizado, a importação de bens de capital cai e isso
se reflete pesadamente na formação de investimentos do
país", afirmou.
O presidente da Febraban
(Federação Brasileira dos Bancos), Fábio Barbosa, afirmou
ontem que a queda do dólar
abaixo de R$ 2 era "previsível"
e que é decorrente, entre outros fatores, da perspectiva de o
Brasil alcançar em breve o "investment grade" (recomendação para investimento dada por
agências de risco americanas).
"Existe uma entrada grande
de dólar e isso leva o preço da
moeda americana para baixo.
Era previsível, é apenas uma
questão que R$ 2 é um número
redondo e chama mais a atenção, mas é uma queda que já está estabelecida", afirmou.
Ele destacou que a desvalorização do dólar acontece não só
apenas em relação ao real, mas
também a outras moedas. "No
Brasil há aumento de fluxo de
capital, com a entrada de novos
investidores, e o saldo comercial bastante positivo."
Barbosa, que é presidente do
ABN Amro Real, declarou que o
Banco Central não tem como
política controlar o câmbio. "O
BC tem uma política de constituição de reservas, o dólar está
mais baixo e por isso ele tem
aproveitado para comprar",
disse o presidente da Febraban,
que participou ontem do almoço de posse da nova presidência
da Associação e Sindicato dos
Bancos do Rio de Janeiro.
Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a queda do dólar, fruto da atração de
capitais externos, não constitui
problema ao setor produtivo.
"O país tem indicadores excelentes. Tem atraído muito
capital e isso gera essa flutuação do dólar para baixo. Nós vamos encontrar o ponto de equilíbrio. Embora o câmbio tenha
um efeito negativo para alguns
segmentos, o setor produtivo se
preparou muito. Tanto que as
exportações vão bater perto de
US$ 145 bilhões", disse o ministro, que participou ontem do
19º Fórum Nacional no Rio.
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