|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo estuda reduzir INSS para empregador
Propostas incluem limite para contribuição patronal e até criar faixa de isenção
Para compensar a perda de arrecadação, Cofins, que é cobrada sobre faturamento das empresas, teria sua alíquota aumentada
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Decidido a reduzir o custo
das empresas sobre a folha de
pessoal, o governo estuda limitar a contribuição patronal, de
20%, ao teto de R$ 2.894,28 dos
trabalhadores ou criar uma faixa de isenção para o recolhimento ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
As duas propostas em estudo
esbarram na elevada perda de
arrecadação, mas o governo já
trabalha com a ampliação da
medida para todas as empresas,
independentemente do setor
de atuação ou dos prejuízos
com a valorização cambial.
A idéia de limitar a parcela
patronal da contribuição previdenciária ao mesmo teto da
contribuição do empregado beneficiaria apenas as empresas.
Pelas regras atuais, a alíquota
de 20% incide sobre o valor total da folha de pagamentos. Assim, companhias que têm muitos funcionários recolhem proporcionalmente mais à Previdência que os setores intensivos em tecnologia.
A proposta do governo é fazer com que esses 20% sejam
calculados sobre o valor máximo de R$ 2.894,28, independentemente do salário de cada
trabalhador.
A outra alternativa, que poderia beneficiar empregador e
empregado, prevê a criação de
uma faixa de isenção da contribuição previdenciária, a exemplo do que existe hoje na tabela
do Imposto de Renda. O recolhimento das empresas, nesse
caso, também estaria limitado
ao teto do INSS.
As simulações feitas por técnicos do Ministério da Fazenda, às quais a Folha não teve
acesso, mostram que a perda
de receita com as propostas em
estudo é elevada.
Nos dois cenários, o governo
propõe que a perda de arrecadação seja compensada com a
alta da alíquota da Cofins, tributo que financia a seguridade
social. A Cofins é cobrada sobre
o faturamento das empresas e
não tem nenhuma relação com
o número de funcionários.
Dessa forma, o governo acredita que poderia incentivar novas contratações e, ao mesmo
tempo, reduzir os custos das
empresas que empregam mais
gente.
Ainda não há decisão sobre
qual mecanismo será usado para desonerar a folha de salários.
Em discussões internas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) mostrou preferência pela
proposta que limita a contribuição patronal ao teto de R$
2.894,28.
O principal empecilho tem
sido como garantir a arrecadação. Segundo técnicos que estão participando da discussão,
o governo não trabalha com a
hipótese de perder receita.
Ampliação
A desoneração da folha de
pagamentos vem sendo tratada
em público pelo ministro Mantega como uma medida específica para os setores econômicos
que têm sido mais afetados pela
desvalorização cambial. Ele já
citou as indústrias moveleira,
têxtil, calçadista e mais recentemente "parte de eletroeletrônicos, serviços etc.".
A Folha apurou que o governo já estuda uma desoneração
muito mais ampla, que valeria
para todas as empresas do país.
A avaliação feita é que seria
tecnicamente complicado controlar um mecanismo de isenção que valesse apenas para alguns setores, abrindo brechas
para sonegação.
Assim, as empresas afetadas
pela valorização do real diante
do dólar teriam o benefício da
desoneração da folha de pagamentos, mas não um tratamento diferenciado do governo.
Texto Anterior: Aposentados: INSS notifica hoje mais 73 mil para o censo Próximo Texto: Memória: Tema aparece como prioridade há quatro anos Índice
|