São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Vaivém das commodities

MAURO ZAFALON - mzafalon@folhasp.com.br

ABAIXO DE R$ 2
Acendeu o sinal amarelo. O dólar abaixo de R$ 2 precisa ser avaliado com todo cuidado porque os produtores estão em um período de plena venda da produção de verão. A avaliação é de Ademar Silva Júnior, presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

VIA DE UMA MÃO SÓ
A nova queda do dólar ocorre em um momento de uma via de mão única para os produtores. Ou seja, a queda da moeda americana faz com que os produtos comercializados pelos produtores percam valor, mas não inibe a alta dos custos de produção. Essa alta ocorre devido à demanda mundial aquecida, mas também por reposição interna de margens por parte das indústrias, segundo Silva Júnior.

TUDO PARA DAR CERTO
Este ano tinha tudo para os agricultores conseguirem elevação de renda. A produtividade foi boa, a produção de grãos cresceu e os preços internacionais estão acima da média histórica. A renda, no entanto, não vai chegar ao bolso dos produtores. A avaliação é de Ricardo Cotta, superintendente técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

DINHEIRO NO RALO
Cotta diz que a reposição de margens por parte das poucas empresas que fornecem insumos ao setor e o "dinheiro que vai para o ralo" -devido aos problemas de infra-estrutura- agravam ainda mais a situação dos produtores, que vêm de um longo período de perdas.

DÓLAR ATRAPALHA
Esses problemas sempre existiram, mas os efeitos eram menores quando o dólar tinha cotação normal. Agora, com a taxa abaixo de R$ 2, os problemas ficam bem mais latentes, principalmente devido à elevação dos custos de produção. A moeda norte-americana desvalorizada deveria ser um bom momento para elevar a produtividade, o que não deverá ocorrer devido aos custos maiores.

CULPA DO GOVERNO?
Quanto ao dólar, Silva Júnior diz que o governo não entendeu, ainda, quanto esse mecanismo de real valorizado prejudica a agricultura, que precisa de uma política específica nessa área. Quanto à logística, Cotta diz que o governo não faz, e nem regulamenta, para que o setor privado faça.

PRODUÇÃO MAIOR
A produção mundial de trigo deve subir para 617 milhões de toneladas na safra 2007/8, volume 23 milhões acima do obtido na safra anterior. A União Européia atingirá 127 milhões de toneladas, com alta de 2%, e os países da antiga União Soviética, 92 milhões, com queda de 3%.

O PRIMEIRO PRIVADO
A agricultura familiar, após ganhar a confiança de empresas e até de redes de supermercados, começa a atrair também os bancos privados. O ABN Amro Real será o primeiro banco privado a participar de uma feira de agricultura familiar. A instituição vai estar na Agrifam 2007.


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