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Varejo tem melhor trimestre desde 2001
Comércio cresce 12% de janeiro a março na comparação com mesmo período de 2007, puxado pela expansão do crédito
Importados atendem à demanda maior; analista prevê desaceleração no segundo semestre por causa da alta nas taxas de juros
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
As vendas do comércio varejista, em volume, subiram 12%
nos primeiros três meses de
2008 na comparação com
2007, segundo o IBGE, o melhor desempenho trimestral de
toda a série da pesquisa, iniciada em 2001. Apesar da alta da
inflação dos alimentos, o comércio reagiu em março, e as
vendas cresceram 1,8% na comparação livre de influências sazonais com fevereiro -naquele
mês, houve retração de 0,7%.
Em relação a março de 2007, a
expansão foi de 11,4%.
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), o varejo "ainda é embalado
fortemente pelo crédito", cujos
prazos continuam dilatados,
apesar da alta dos juros futuros
(que servem de referência aos
financiamentos) e da taxa Selic.
Nem mesmo a perspectiva de
um arrocho da política monetária mais intenso e prolongado, diz Freitas, fez o crédito refluir. As vendas de móveis e eletrodomésticos lideraram o setor, com altas de 17,3% no trimestre e de 1,6% de fevereiro
para março.
Outro fator que influenciou o
resultado de março foi a Páscoa, segundo o IBGE. O feriado,
geralmente em abril, puxou as
vendas em super e hipermercados e lojas de alimentos. O setor
se recuperou do tombo de fevereiro (-2,8%) e cresceu 3,3% em
março. No trimestre, ficou
abaixo da média -alta de 8,5%.
"O resultado de fevereiro foi
influenciado pelo Carnaval.
Gasta-se um pouco mais no
Carnaval, e isso pode ter comprometido a receita das famílias no restante do mês. O comércio voltou ao seu ritmo normal em março", disse Nilo Lopes de Macedo, do IBGE.
Para Freitas, a Páscoa compensou a disparada dos preços
dos alimentos, que ainda não se
traduziu em desaquecimento
das vendas. O economista espera, porém, uma desaceleração
do comércio no segundo semestre, na esteira de novos aumentos da taxa de juro.
"O crédito ainda impulsiona
o comércio. As prestações ainda estão longas e cabem no bolso do consumidor. Mas vamos
ver uma desaceleração no segundo semestre, mas nada
muito intenso. O varejo deve
fechar o ano com alta de 7%."
Macedo diz que o desempenho no primeiro trimestre foi
"surpreendente", pois se esperava um avanço da inadimplência capaz de comprometer as
vendas. Mas o prognóstico, diz,
não se confirmou.
O técnico do IBGE evitou fazer projeções, mas destacou
que as obras do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
poderão ter efeito positivo no
comércio, ao ampliarem a geração de empregos e a renda.
Foram justamente esses fatores que alavancaram o comércio no primeiro trimestre,
segundo o diretor-executivo do
IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), Emerson Kapaz. Aliada ao crédito e à
confiança crescente do consumidor, diz, a expansão da massa
salarial determinou o bom desempenho do comércio no primeiro trimestre, período "sazonalmente mais fraco".
Para Kapaz, o descompasso
entre o desempenho da indústria -que já apontou desaceleração no primeiro trimestre- e
do comércio indica que parte
da vendas está sendo suprida
por importações. "O câmbio faz
o ajuste de preço. Se a indústria
nacional não for competitiva, o
comércio vende importados."
No primeiro trimestre, a produção industrial cresceu 6,3%,
contra os 7,9% registrados no
último trimestre de 2007.
Kapaz vê uma expansão de
10% das vendas do varejo no
ano -em 2007, foi de 9,7%.
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