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Classe média não é afetada, diz Dilma
Para ministra, objetivo de tributação da poupança é evitar migração de grandes investimentos para a aplicação
Meirelles afirma que, se Congresso não aprovar o IR
sobre saldos da caderneta
acima de R$ 50 mil, queda
nos juros será limitada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) afirmou ontem que
a decisão de tributar os rendimentos da caderneta de poupança pelo IR não atinge a classe média. Segundo ela, quem
insiste nessa questão tenta "encobrir" o fato de que grandes
investimentos, "do montante
de R$ 1 bilhão", estavam se deslocando para a poupança.
"Então vamos bem botar os
pingos nos "is". Não é bem a
classe média, não [que será afetada]. O objetivo dessa medida
é impedir os volumes de investimento que estavam se deslocando para a poupança. Não vamos acreditar em conto de fada, né?", afirmou a ministra em
entrevista na Base Aérea, onde
foi se despedir do presidente
Lula, que viajou para o exterior.
Pela proposta do governo, a
tributação do rendimento das
cadernetas de poupança com
saldo acima de R$ 50 mil entrará em vigor, se aprovada pelo
Congresso Nacional, somente
em janeiro do próximo ano.
O objetivo da medida, cujo
impacto político preocupa deputados de partidos da base
aliada, é evitar a migração de
recursos dos fundos de investimento para a caderneta, que
passou a ter um rendimento
maior com a queda dos juros.
Segundo Dilma, esse movimento de migração de grandes
somas para a poupança não foi
identificado apenas pelo governo, mas também por analistas e
especialistas do mercado.
"O setor financeiro inteirinho tem conhecimento dele, os
analistas para que vocês pedem
opinião sabem disso, vários especialistas apontaram isso",
disse, acrescentando: "Não podemos distorcer essa questão
[de que a classe média foi atingida]. O que está sendo evitado
é que o que seja investimento,
ou inversão financeira, beneficie-se da condição de poupança". E ironizou: "Classe média
no Brasil que tenha acima de
R$ 50 mil, tira nós todos aqui".
A tributação da poupança foi
criticada pela oposição, que argumenta que a medida poderá
prejudicar a classe média. Além
disso, os partidos oposicionistas tentam associar a medida ao
confisco feito em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor.
Questionada se o governo
não adotou critérios mais
abrangentes nas mudanças na
poupança por temer repercussões eleitorais, Dilma, pré-candidata do PT às eleições de
2010, respondeu que o governo
foi "cauteloso como é em tudo".
A ministra confirmou que o
governo fará uma campanha
para "esclarecer as pessoas" sobre as novas regras da poupança, "para não ficar naquele diz
que diz". "Quanto mais esclarecida a população, melhor."
Meirelles
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse
ontem, no Rio, que, se o Congresso não aprovar a tributação
da caderneta, a abrangência da
política monetária será menor
e a possibilidade de queda da
taxa de juros ficará limitada.
"Não há dúvida que, se existem rendimentos mínimos para aplicações em determinados
instrumentos [financeiros, como a poupança], isso oferece limitadores para a queda continuada da taxa de juros no país."
Colaborou PEDRO SOARES, da Sucursal do Rio
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