São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Preço do gás em SP cai ainda neste mês

Redução, que não vai ser uniforme, passa a vigorar tanto para indústrias como para consumidores residenciais

Mesmo com a queda, preço do combustível em SP permanecerá como um dos mais caros do mundo; indústria quer mais cortes

Leonardo Wen - 2.abr.09/Folha Imagem
Fábrica de peças de cerâmica no polo de Cordeirópolis (SP)


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O preço do gás natural na área de concessão da Comgás vai cair para a indústria e para os consumidores residenciais. A mudança ocorrerá a partir do dia 31, quando a Arsesp (Agência Reguladora de Energia do Estado de São Paulo) anuncia a nova estrutura tarifária da Comgás, a maior distribuidora do país e que enfrenta agora a segunda revisão tarifária, processo repetido a cada cinco anos. Mesmo com a queda, o preço do combustível em São Paulo continuará a ser um dos mais altos do mundo.
Para as residências, a queda vai variar conforme o nível de consumo. Quem usa até 2 metros cúbicos por mês terá redução de 42%. Um consumidor médio, com demanda de 16 metros cúbicos por mês -equivalente ao consumo de um botijão de gás-, terá redução de 3,6% na tarifa final.
A redução será de ao menos entre 10% e 32,7% para a indústria que consome um volume de gás considerado pequeno, de até 50 mil metros cúbicos por mês. Acima disso, também haverá redução de tarifa, mas em menor proporção.
O cálculo preliminar foi apresentado ontem pela Arsesp, durante a última audiência pública para a revisão tarifária da Comgás. Os percentuais de queda são preliminares e deverão ser ainda maiores devido ao patamar de preço de gás natural da Petrobras com custo mais barato. A queda de preço da molécula ocorrerá na esteira da redução dos últimos meses do preço internacional do petróleo, algo que, para a tarifa do gás natural, apenas agora começa a ser refletido.
A indústria acha que a redução de preço do gás, na média de 15%, ainda é pouco diante da elevação do custo nos últimos meses, principalmente em relação ao reajustes extraordinários concedidos à Comgás no fim de 2008 -19% em média.
Sem condições de lutar com a Petrobras, dona do gás e responsável direta pelos custos do insumo, a indústria tentou influenciar na decisão da Arsesp sobre a definição da nova margem máxima que poderá ser praticada pela Comgás nos próximos cinco anos.
A Arsesp anunciou ontem redução de 8% da margem da distribuidora. Com isso, dentro da tarifa cheia do gás (o que inclui ainda o preço da molécula e os impostos), a margem que poderá ser recebida para a Comgás fazer a operação de distribuição e ainda remunerar seus acionistas será de US$ 4,05 por milhão de BTU.

"Tudo errado"
Os consumidores norte-americanos compram hoje, ao preço internacional, gás a pouco mais de US$ 3 por milhão de BTU. "Aqui, só a margem da distribuidora é US$ 4,05. Quer dizer, está tudo errado", afirmou Lucien Belmonte, diretor da Abividro, associação da indústria produtora de vidro.
Carlos Cavalcanti, diretor de energia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), apresentou dados que demonstram a possibilidade de reduzir em pelo menos 17% a margem da Comgás.
Zevi Kann, diretor de gás canalizado da Arsesp, afirmou que uma redução de 17% da margem da companhia significaria redução pequena na tarifa final da distribuidora para os consumidores industriais.
"Essa redução da margem significaria elevar a redução da tarifa de 2,4% para 5%. O problema do preço do gás para a indústria não está na margem da distribuidora, mas no preço do produto, que é algo que deve ser discutido com a Petrobras", afirmou Kann.


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