São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Economia alemã afunda ainda mais o PIB europeu

País mais rico do bloco tem queda recorde, e região se contrai pelo 4º tri seguido

PIB francês encolhe desde o 2º tri de 2008, revela nova revisão oficial, na mais longa sequência negativa da economia em 60 anos

DA REDAÇÃO

Com a Alemanha encolhendo em ritmo recorde, a economia da zona do euro afundou ainda mais nos primeiros três meses deste ano, mostrando que a crise financeira global não perdeu força e continuou a afetar exportações e investimentos por todo o bloco.
O PIB do grupo de 16 países se retraiu em 2,5% no primeiro trimestre deste ano ante os três meses anteriores, queda ainda maior que a registrada nos últimos três meses de 2008 -que era o pior resultado já registrado pela região e que foi marcada pelo agravamento da crise, reflexo da quebra do banco americano Lehman Brothers.
O resultado europeu foi ainda pior que o do epicentro da crise, os EUA, que encolheram 1,6%, e mostra que a região está entre as que mais sofrem com os problemas da economia global. Várias analistas dizem que a economia europeia é muito dependente das exportações e que seus governantes foram lentos demais no aumento dos gastos para conter a crise.
Com a nova queda, são 12 meses consecutivos de retração da economia da zona do euro, que enfrenta a pior recessão desde o fim da Segunda Guerra. Alguns indicadores de abril (como confiança de consumidor e empresas) já começam a mostrar uma leve recuperação, que, no entanto, deve ser insuficiente para impedir que a retração neste ano seja expressiva -o FMI prevê que o PIB do bloco cairá 4,3%.
A retração do bloco foi puxada pela Alemanha, a principal economia da Europa, que se contraiu em 3,8%, a maior queda desde a reunificação, em 1990, e, levando em conta os dados da Alemanha Ocidental, o pior resultado desde 1970, que são os mais antigos que podem ser comparados.
Altamente dependente das exportações (que desabaram com os consumidores em todo o mundo freando seus gastos), o PIB alemão só não sofreu um tombo pior que o da Eslováquia e, se a queda continuar nesse ritmo, a maior economia europeia vai chegar no final do ano um quinto menor, revertendo os ganhos de uma década e meia de crescimento.
O governo da chanceler Angela Merkel prevê gastos de 82 bilhões para tentar tirar a economia da pior recessão em mais de 60 anos. Indicadores como pedidos industriais e confiança das empresas dão sinais de estabilização, mas a queda do PIB foi "dramaticamente pior que a esperada", disse Joerg Lueschow, analista do banco WestLB. "Nós só podemos esperar que a melhora na confiança não tenha sido uma miragem, mas um sinal de estabilização e recuperação."
Os problemas, porém, não ficaram restritos à Alemanha. A Itália, por exemplo, encolheu mais 2,4%, a maior retração desde que começou o atual levantamento, em 1980. Na França, a queda foi metade disso, mas o governo revisou os dados do ano passado, que agora mostram que a economia se retrai desde o segundo trimestre de 2008, a mais longa sequência negativa desde 1949 -a estimativa anterior apontava crescimento entre julho e setembro do ano passado.
E, apesar de alguns sinais de estabilidade no bloco, economistas afirmam que o crescimento só deve começar no ano que vem e que o desemprego vai continuar se expandindo. A taxa de desemprego no mês passado era de 8,9%, e a UE prevê que ela chegará a 11,5% no ano que vem. Em abril de 2008, estava em 7,3%.


Com o "Financial Times" e agências internacionais


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