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Nova "Sadia-Perdigão" evocará brasilidade
Estratégia de comunicação da Brasil Foods, que resultará da fusão, é explorar perfil exportador e apelar ao orgulho nacional
Anúncio da união, previsto para ontem, foi adiado por "questão de vírgulas" nas participações acionárias da nova empresa, diz executivo
MARIA CRISTINA FRIAS
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Brasil Foods, empresa resultante da fusão da Sadia com
a Perdigão, pretende usar as
melhores práticas de comunicação adotadas na criação da
InBev e do Itaú/Unibanco.
Do mesmo jeito que o ator
Antônio Fagundes anunciou
aos brasileiros o surgimento
"da maior cervejaria do mundo", com a fusão entre AmBev e
Interbrew, a atriz Marieta Severo foi convocada para mostrar como a nova companhia
será mais uma empresa nacional forte no exterior e para evocar o orgulho de ser brasileiro.
Do mesmo jeito que Roberto
Setúbal e Pedro Moreira Salles,
principais acionistas do Itaú e
do Unibanco, dividiram o palco
e responderam em conjunto às
perguntas sobre o novo banco,
Luiz Fernando Furlan e Nildemar Secches, presidentes do
conselho de Sadia e Perdigão, o
farão sobre a Brasil Foods.
Até mesmo Lequetreque, o
frango-mascote da Sadia, foi
chamado para abraçar o coração símbolo da Perdigão num
dos filmes, mostrando finalmente o enlace ensaiado e
ameaçado há anos, que criará a
empresa de R$ 22 bilhões de faturamento anual.
Com a estratégia de comunicação montada, filmes gravados e hotel para a conferência
de imprensa reservado para as
9h30 de ontem, o anúncio foi
adiado "por questão de vírgulas" nas participações acionárias, diz um executivo.
Isso porque a parte mais difícil do acordo é chegar a um consenso sobre a participação dos
atuais controladores na nova
empresa, que será diluída, mas
representará parte de uma
companhia maior. Assim, qualquer casa decimal significará
muita diferença financeira aos
acionistas.
De todo modo, o negócio é
dado como certo pelas duas
partes e está previsto para ser
anunciado na tarde da segunda-feira. Na avaliação dos executivos, todas as oscilações
possíveis dos papéis de Sadia e
Perdigão, por conta da fusão, já
aconteceram desde o anúncio
da retomada das negociações,
em abril. Assim, não deve haver
a preocupação em fazer o anúncio antes ou depois do fechamento do mercado.
Ontem, as ações da Perdigão
caíram 1,56%. As da Sadia com
direito a voto tiveram baixa de
1,59%, e as sem direito a voto,
de 4,53%. Após a fusão ser
aprovada pelo Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica), a ideia é converter os
papéis das duas empresas em
ações da Brasil Foods, negociadas no Novo Mercado.
Outra definição é que a sede
da nova companhia será em
Itajaí (SC). Nem em Videira,
onde a Perdigão começou, nem
em Concórdia, onde Attilio
Fontana fundou a Sadia.
O nome da empresa que surge com a união, Brasil Foods,
foi criado por Sadia e Perdigão
em 2001. Naquele ano, as duas
empresas de alimentos lançaram a BRF International
Foods, associação destinada à
exportação de frangos para Europa oriental, Ásia, Oriente
Médio e África.
Especialistas em marketing
estudam agora dois logotipos,
como BR Foods e BRF/Brasil
Foods- sendo Brasil grafado
em português, com "s".
Uma estratégia já definida é
que as empresas irão usar a
marca Sadia como avalista dos
produtos da empresa. Segundo
um executivo, é o mesmo artifício usado pela Nestlé, que adota a marca-mãe como garantia
de qualidade. Outro item considerado como benefício na fusão é o uso da eficiência do modelo de gestão da Perdigão na
Brasil Foods. A conta é que será
unida a eficiência da Perdigão
com a tradição da Sadia.
Além disso, não será necessário sequer usar apelos para
obter a aprovação da opinião
pública, como na criação da
AmBev, dizem os especialistas.
Enquanto a AmBev nasceu gigante apenas no mercado interno, a Brasil Foods já surge
como grande exportadora e
apela ao sentimento de orgulho
e brasilidade do consumidor.
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