São Paulo, Domingo, 16 de Maio de 1999
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DRAMA URBANO
Para Silvio santos

"Esta carta não é para o apresentador Silvio Santos, mas para o empresário. Neste momento, me vejo -ou a sociedade brasileira me tacha- como ser desprezível, pelo fato de ser oriundo da raça negra, morar na periferia e estar com uma idade onde toda a sociedade ou vocês, empresários, acham que todas as pessoas de nível deviam estar ocupando um alto cargo de chefia ou de gerência.
Mas, na realidade pobre (...), nós temos outra realidade de vida, onde temos que começar logo cedo quando garoto, por volta dos sete anos, a ter que conciliar trabalho ou subempregos, para ajudar nossas famílias, que normalmente vêm do interior para tentar a vida na grande cidade e que normalmente nossos pais não têm muita instrução e precisam da ajuda dos filhos.
(...) Por ter de correr logo cedo atrás do prejuízo, fui deixando de lado um pouco meus estudos, onde agora estou quase concluindo meus estudos o mercado não me oferece oportunidade para que eu me desenvolva, e com isso cria uma série de problemas, tanto familiares como sociais.
No familiar, se você não tem uma estrutura sólida no casamento, ele pode acabar em questão de dias, porque é como dizem: quando acaba o dinheiro, acaba o amor. Não sou machista, mas a sociedade brasileira está direcionada para que o homem conduza a família. É o padrão. É o costume.
No social, dizem que um homem sem trabalho é um homem sem moral.
Espero que esta carta chegue às mãos de todo o empresariado nacional."


João Luiz de Oliveira, 35 Está desempregado há seis anos. É filho de um pedreiro e de uma faxineira. Paulistano, casado, não tem filhos e cursa o quarto semestre da faculdade de processamento de dados. Sua mulher trabalha como analista de departamento pessoal e ganha R$ 1.500 por mês



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