FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

Eles formam um grupo de cerca de 18 milhões de pessoas no Brasil que deveriam estar só pensando em aproveitar a vida. Mas estão voltando ao mercado de trabalho -por pura questão de sobrevivência ou pelo simples prazer de continuar ativos, ainda mais agora que está crescendo a oferta de vagas para pessoas da terceira idade.
Os aposentados estão na mira de supermercados, locadoras de vídeo, restaurantes e grupos de saúde. Neste final de semana a Intermédica coloca anúncio em jornais para oferecer 12 vagas de recepcionista, com salário mensal de R$ 430. Quesitos básicos: aposentado e segundo grau completo.
A idéia da Intermédica de contratar aposentados é do final do ano passado. Desde então, já foram recrutados 65. Nos dias 4 e 11 de abril, a Intermédica publicou anúncios em jornais para oferecer mais sete vagas (recepcionista, auxiliar de enfermagem e secretária). Total de inscritos: 110.
"Os sete já estão trabalhando. O desempenho deles é muito bom, são pessoas mais estabilizadas", diz Latif Abrão Júnior, diretor-superintendente. A estratégia é os aposentados participarem com 5% dos 3.200 empregados do grupo.
Há dois meses, a rede de locação de vídeo Blockbuster, com 36 lojas na Grande São Paulo, decidiu contratar aposentados. Colocou cartazes nas lojas oferecendo vagas de atendentes. Centenas de currículos chegaram à empresa. Oito pessoas foram contratadas. Salário: cerca de R$ 250 por mês.
Marcelo Rosenhek, diretor comercial, diz que a idéia já é ter pelo menos um aposentado em cada loja -são 66 no Brasil.
A rede de farmácias Drogasil está no mesmo caminho. Seu programa de contratação de aposentados tem um ano. A empresa chegou à conclusão de que ter pelo menos um aposentado em cada loja é interessante e vale a pena.
Antonio Carlos de Freitas, diretor comercial da Drogasil, diz que os aposentados têm idades que variam de 50 a 60 anos -a idade média de funcionários da rede é de 20 a 25 anos. Para trabalhar de seis a oito horas por dia, eles recebem cerca de R$ 450 por mês.
A experiência do grupo Pão de Açúcar com aposentados começou em outubro de 97 (sete foram contratados como empacotadores).
"Esse projeto foi tão bem-sucedido que já incluímos na rotina da empresa a contratação de pessoas da terceira idade", afirma Maria Aparecida Fonseca, diretora de recursos humanos do Pão de Açúcar.
Márcio Pochmann, professor da Unicamp, diz que em 97 cerca de 5,3 milhões de aposentados e pensionistas faziam parte da PEA (População Economicamente Ativa), ou seja, estavam trabalhando ou procurando emprego. Esse número, acredita, deve ser maior hoje.


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