São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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BOLSO VAZIO

Sindicato diz que reajuste aplicado é superior ao previsto pela Petrobras

Gasolina fica mais cara que o estimado em postos de SP

Rickey Rogers/Reuters
Funcionário ajusta placa indicando o preço dos combustíveis vendidos em posto de São Paulo


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sincopetro, sindicato que representa os donos de postos de combustíveis em São Paulo, afirmou ontem que o reajuste de preços dos combustíveis para o consumidor está sendo maior do que o estimado pela Petrobras.
A estatal anunciou anteontem aumento de 10,8% no preço da gasolina nas refinarias e de 10,6% no do diesel. A Petrobras estimou que, para o consumidor, as altas deveriam ser de 4,5% e 6,4%, respectivamente.
Ontem, o Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo) contestou essa expectativa, afirmando que as distribuidoras aplicaram reajustes que, no caso da gasolina, variaram de 6,05% a 7,6%.
"O reajuste repassado ao consumidor pelo posto será exatamente o cobrado das revendas pelas distribuidoras. O consumidor deve estar preparado para se deparar nas bombas com reajustes iguais aos que as distribuidoras passarem aos postos", declarou o presidente da entidade, José Alberto Paiva Gouveia.
Em nota distribuída à imprensa, ele afirma que "não é possível estimar que o aumento nas bombas será de 4%, 4,5% ou 5%. [...] A Petrobras terá que explicar como se aplica essa matemática".
Segundo Gouveia, o reajuste médio praticado pelas distribuidoras no caso do diesel variou ontem de 6,21% a 8,27%. "É importante deixar claro o quanto as distribuidoras estão repassando, para que o posto não passe por ladrão."
Alísio Vaz, diretor para defesa da concorrência do Sindicom (Sindicato Nacional da Empresa Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes), afirmou desconhecer o reajuste médio praticado pelas distribuidoras.
"É iniciativa de cada empresa quanto vai repassar. O que posso dizer como representante do sindicato é que o mercado é extremamente competitivo e que o consumidor pode ficar tranqüilo, porque quem der reajuste maior será punido porque venderá menos", disse.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobras afirmou que a estimativa de repasse na ponta é feita com base na experiência histórica dos últimos reajustes de preço de combustível.
Segundo a estatal, as distribuidoras estão pagando às refinarias reajustes que variam de 6,1% a 8,2%. Isso porque os tributos federais sobre combustíveis, como PIS/Cofins e Cide, são um valor fixo cobrado por litro dos produtos vendidos às distribuidoras, e não uma alíquota que sobe de acordo com o preço da Petrobras.

Frete em alta
A alta no preço do diesel deve ter como reflexo um aumento de 7% a 8% no frete, segundo estimativa da NTC (Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística).
"Além do aumento do diesel, precisamos repassar as altas nos preços de caminhões, de pneus e também o impacto do dissídio, que ocorreu em maio", afirmou o economista da entidade, Neuto Gonçalves dos Reis.
De acordo com Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, o impacto do reajuste do combustível deve ter efeito sobre os preços da indústria.
Segundo o economista, os IPCs (índices que mostram os preços no varejo) repassam, em geral, 70% da taxa registrada pelos IPAs (índices que mostram os preços no atacado). Neste ano, no entanto, o repasse fica bem abaixo desses 70%, disse o economista.


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